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Áreas preservadas pela Copel são refúgio para reprodução de grandes mamíferos ameaçados (Foto: Copel)

A Serra do Mar paranaense abriga uma variedade de grandes mamíferos, incluindo espécies vulneráveis, que estão sendo monitoradas por especialistas com o uso de câmeras acionadas pelo movimento dos animais. Os equipamentos instalados em áreas preservadas pela Copel já registraram a presença de 24 espécies, entre elas o gato-macarajá, a anta e a queixada, que constam nas listas oficiais de animais em risco de extinção

“Os grandes mamíferos são particularmente sensíveis à perda de habitat e sofrem os efeitos diretos e indiretos das ações humanas, sendo as primeiras a desaparecer dos ecossistemas mais impactados”, explica a bióloga da Copel, Vanessa Barreto da Silva. “Por isso, elas são consideradas espécies-chave para avaliar o estado de conservação de uma área e orientar ações estratégicas de recuperação e proteção”, diz ela.

Os vídeos do ciclo mais recente de monitoramento mostram fêmeas com filhotes e indivíduos jovens – um indicativo importante para a análise dos pesquisadores. “Isso demonstra que as espécies usam a área como refúgio para reprodução e que as populações desses animais estão se mantendo”, explica a bióloga da Copel.

Balanço

Desde que se iniciou o trabalho da Rede nas áreas da Companhia, foram registradas 24 espécies de mamíferos, incluindo as espécies-alvo do Programa, como a anta (Tapirus terrestris), a queixada (Tayassu pecari), a onça-parda (Puma concolor), ao menos duas espécies de veados (Mazama sp.), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), cateto (Pecari tajacu), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e diferentes espécies de gatos do mato (gato-mourisco, gato-do-mato-pequeno, gato-maracajá e jaguatirica). Além destas, outros menores, como tatus, pacas, cutias, gambás, iraras, serelepes também foram registrados.

As espécies que mais apareceram nas câmeras de monitoramento foram a anta (35 registros), a queixada (32 registros), o veado-mateiro-pequeno (39 registros), a cutia (22 registros) e o gambá-de-orelha-preta (22 registros).

Chama ainda a atenção dos pesquisadores a quantidade de registros de cães domésticos nessas áreas (foram 28 registros), o que pode indicar atividades de caça ou extração de outros recursos florestais, como o palmito. A pressão das atividades humanas, especialmente da caça, no entorno desses remanescentes florestais é um fator negativo para a conservação de grandes mamíferos.

Indicativo positivo

O registro de espécies classificadas como ameaçadas de extinção é um ótimo indicativo da relevância que esses remanescentes florestais representam para a conservação da biodiversidade. Dentre os animais ameaçados encontrados nas áreas da Copel estão a anta e a queixada, ambas na categoria “Criticamente em perigo” na Lista da Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Paraná, e na categoria “Vulnerável” nas listas Nacional (MMA) e Internacional (IUCN).

O gato-macarajá (Leopardus wiedii) é classificado como “em perigo” na lista estadual do Paraná, “vulnerável” na lista Nacional (MMA) e “quase ameaçado” na lista Internacional (IUCN). Além dessas, também foram registradas nas áreas da Copel as seguintes espécies classificadas como vulneráveis à extinção, de acordo com as três listas analisadas (PR, MMA e IUCN): a paca, o gato-mourisco, o gato-do-mato-pequeno, a jaguatirica, o puma e o veado-mateiro.

O programa Grandes Mamíferos

O Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar foi idealizado por pesquisadores do Instituto Manacá e do Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC, combinando mais de 20 anos de experiência de atuação em pesquisa e conservação da Mata Atlântica.

Em parceria com instituições ambientais e de pesquisa público-privadas, empresas e comunidade local, promove uma agenda territorial integrada às ações de proteção e manejo, monitorando a vida selvagem em 1,7 milhão de hectares de floresta na Serra do Mar nos estados do Paraná e São Paulo. Essa região, inserida na Grande Reserva Mata Atlântica, é um dos últimos refúgios viáveis para a manutenção de populações de grandes mamíferos, pois eles dependem de grandes áreas preservadas para sobreviverem.

O principal objetivo desse programa é melhorar o status de conservação dos grandes mamíferos ameaçados de extinção no maior remanescente de Mata Atlântica, evitando a perda de biodiversidade e potencializando a restauração de ecossistemas. Por meio da ciência, tecnologia e inovação, produz indicadores de biodiversidade para subsidiar tomadores de decisão e criar soluções para contribuir na persistência das espécies e no bem-estar humano.

O monitoramento é feito por meio de armadilhas fotográficas (câmeras traps), que são acionadas automaticamente quando algum animal passa à sua frente. As câmeras ficam cerca de 60 dias em campo e, após esse período, são coletadas e as imagens registradas e analisadas por especialistas. Os resultados obtidos com esses monitoramentos podem subsidiar a elaboração de estratégias de proteção e recuperação das populações de grandes mamíferos.