Carnaval: desfile das escolas de samba de Curitiba deve ter o dobro de público neste ano

Entre grupo especial e grupo de acesso, desfile na avenida terá uma escola a mais do que em 2020 e ainda há a expectativa de um público maior do que há três anos

Rodolfo Luis Kowalski

Ensaio da escola de samba Imperatriz da Liberdade, ontem, em Curitiba (Fotos: Valquir Aureliano)

Curitiba também tem samba no pé. E quem for pra avenida, verá. É que no próximo sábado (18) e domingo (19) acontecem os tradicionais desfiles carnavalescos na Rua Marechal Deodoro e a expectativa para a folia é grande. Após dois anos sem Carnaval no formato tradicional (por conta da pandemia de Covid-19), a capital paranaense investiu forte para a festividade em 2023. Não à toa, a expectativa (alimentada pelo bom público registrado nos eventos de pré-carnaval na cidade) é de que o público nos desfiles seja o dobro do registrado em 2020.

Para este ano, por exemplo, cada uma das cinco escolas de samba do grupo especial, que desfila no sábado, recebeu até R$ 100 mil, valor que as instituições só podem utilizar para o desfile, a apresentação em si e nada além disso, explica Paulo Roberto, presidente da Acadêmicos da Realeza. As escolas do Grupo de Acesso, por sua vez, receberam até R$ 62,5 mil, sendo que há uma novata na folia curitibana: até 2020 eram três escolas no Grupo e agora serão quatro.

Além do reforço financeiro e da evolução no número de escolas que desfilarão no carnaval curitibano, as próprias escolas também sentem uma movimentação diferente em seus ensaios.

“Durante a pandemia as pessoas ficaram muito reclusas, descobriram novas formas de lazer, de se divertir. Mas quando as escolas de samba abriram as portas, percebemos que, além dos antigos, tem uma galera nova querendo participar disso, da cultura”, comenta o presidente da Acadêmicos da Realeza. “Em de ficar só online, nas redes sociais, essas pessoas querem contato e a escola de samba é um exercício muito bacana de ser feito, porque talvez seja o ambiente mais plural da sociedade, no sentido de absorver num mesmo local o desembargador, o advogado, o médico, a diarista e o catador. Esse é o grande orgulho das escolas de samba”, exalta o carnavalesco.



Com o interesse crescente do curitibano pelo carnaval, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) estima um público expressivo na avenida. Na semana passada, inclusive, já teve início a montagem arquibancadas, portais, travas de iluminação e equipamentos de som na Rua Marechal Deodoro, que voltará a ser a “avenida curitibana do samba” no próximo fim de semana.

“Depois da pandemia não teve carnaval e está todo mundo muito doido, muito louco de vontade de ver o carnaval de rua, que é muito bonito, de alto nível [em Curitiba]”, destaca Edson Bueno, diretor de Ação Cultural da FCC. “Tenho a mais absoluta certeza que o carnaval deste ano vai ter o dobro de adesão da cidade. Isso por baixo, se não for mais. É uma expectativa, mas é também uma certeza. O carnaval de Curitiba é muito bonito, empolgante. Vale a pena viver esse momento”, convida ainda ele.

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Ensaio da escola de samba Imperatriz da Liberdade nesta terça-feira (14 de fevereiro), em Curitiba. Imagens: Valquir Aureliano

Programação

“Vale muito a pena investir na cultura popular”, diz diretor de Ação Cultural da FCC
Segundo Edson Bueno, que é diretor de Ação Cultural da FCC, Curitiba faz um ‘investimento poderoso’ no carnaval da cidade. “É um evento social, envolve toda a sociedade curitibana, os bairros da cidade. Durante o desfile os bairros vem pro Centro e vale muito a pena investir na cultura popular, uma cultura de base, de alma. A prefeitura tem orgulho de participar e de investir nisso. É cultura de verdade”, ressalta o diretor.

Não se trata, entretanto, de um investimento sem retorno. É que qualquer evento cultural movimenta não só a cidade, mas também a economia criativa, fazendo girar a roda da economia curitibana. “As escolas de samba, por exemplo, compram pano, contratam costureiras, aderecistas… Só ali já tem um movimento econômico enorme. Com os carnavais na rua, movimenta a economia, o comércio. Todo grande evento cultural também é um grande evento de economia criativa e traz benefícios pra cidade do ponto de vista econômico. Todo investimento num evento dessa natureza acaba retornando na forma de economia criativa”, aponta Buena.

Afoxé vai abrir o desfile de carnaval na Capital dos paranaenses
No dia 18 de fevereiro (sábado), às 18 horas, pouco antes das escolas de samba levarem a alegria para avenida no carnaval curitibano, o Grupo Afoxé Curitiba fará a abertura da folia, seguindo uma tradição que também ocorre em outras cidades, como Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

O Afoxé Omo Irê Ajô nasceu no dia 10 de Maio de 2017 em Curitiba, encabeçado e liderado por Sacerdotes e autoridades do Candomblé, Umbanda, Omoloko, Ifá e demais religiões de matriz africana. Sua finalidade é abençoar e limpar os foliões e a avenida, para que ocorra tudo bem, sem incidentes e acidentes.

O Afoxé perpetua antigas tradições do povo negro e das religiões de matriz africana, com os toques de atabaque, Agogô, Xequerê, canto, dança e atos litúrgicos secretos, levando a todos a alegria. Neste ano, inclusive, serão homenageados 32 sacerdotes que fizeram a passagem para o Orun (“Céu”), nos dois últimos anos, durante a pandemia, e também os sacerdotes que iniciaram a tradição do Afoxé, em Curitiba na década de 70. A estimativa é que participem do desfile cerca de 500 pessoas – quase o dobro do último desfile, que teve 286 participantes.