Groot agora está na OAB (Foto: Mario Akira)

Em 2018, uma obra de arte na forma de um “homem planta” foi instalada em um jardinete no Ahú. A obra, que ficava “sentada” em um banco da praça, ficou famosa e era chamada de “Groot”, uma referência à personagem dos filmes “Guardiões das Galáxias”.

Também porque era parte de uma campanha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), “Guardiões dos Jardinetes”, que adotou jardinetes no entorno da sede da OAB.

Mas nos últimos tempos,”Groot” desapareceu do banco da praça. Quer saber para onde ele foi?

E assim é Curitiba. Com seus 330 anos cheios de histórias, a cidade guarda — ou muitas vezes esconde — belezas e atrativos. No dia a dia circulando pela cidade, nem nos damos conta do que ela quer nos contar.

Aqui, elencamos 12 pontos que podem passar despercebidos ou aparentemente escondidos, mas estão cheios de histórias da cidade. Além de Groot, tem a homenagem que a cidade presta à sua miss de 1929, uma cachoeira urbana na Vista Alegre, o mirante no setor histórico, um avião que tem história na Segunda Guerra, a capelinha de mais de 120 anos. São muitas histórias que você confere abaixo.

Aproveite e faça a sua lista também.

Onde foi parar Groot?

Groot agora descansa na OAB (Foto: Mario Akira)

Em 2018, no Dia do Meio Ambiente, uma obra de arte na forma de um “homem planta”, foi colocada sentada em um banco de um jardinete no Ahú, ali atraia a atenção de quem passava, e era chamada de Groot, em referência à personagem dos filmes “Guardiões da Galáxia”.

O Bem Paraná já falou de Groot em outra matéria. Relembre aqui

A obra, do artista plástico Tony Reis, no entanto, não está mais no local. Ou seja, não está escondida, mas desaparecida. A pegunta é, onde foi parar Groot?

A obra foi colocada no jardinete no dia 5 de junho de 2018, como parte da revitalização da Praça Erailto Thile, próximo da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que adotou o logradouro. Como a obra sofria constantes vandalizações, ela foi levada para dentro do terreno da OAB, a cerca de 100 metros do seu local de origem.

Guardiões dos Jardinetes (Foto: Mario Akira)

A obra continua em um banco de praça, sentada, é feita de argamassa embora pareça ter sido talhada em madeira. Groot não está escondido, e agora repousa e observa tranquilo quem passa ao seu redor.

Uma cachoeira urbana

Cachoeira da Vista Alegre (Foto: Franklin de Freitas)

A cachoeira do Parque Vista Alegre é formada pelo córrego da Vista Alegre, afluente do Rio Barigui (que mais adiante abastece o lago do mais famoso parque de Curitiba). A cachoeira, apesar de parecer escondida, é bem conhecida pelos moradores da região, mas perde em fama para a cachoeira do Parque Tanguá.

A grande diferença é que se trata de uma cachoeira que despenca entre rochas. Já a do Tanguá é artificial. Mas além da cachoeira, o parque tem uma grande riqueza de flora e fauna. Cerca de 70% da sua área é de matas, com destaque para as araucárias.

O Parque Vista Alegre tem entrada pela R. Cel. João Maria Sobrinho, 88 – Vista Alegre. A visitação é gratuita e o horário de funcionamento, segundo o site da Prefeitura de Curitiba, é das 8 às 20 horas.

A “injustiçada Vênus curitibana”

A escultura de Didi (Foto: Mario Akira)

Uma praça próxima ao Memorial Árabe, na região do Centro Cívico, homenageia Marie Delfine Caillet, conhecida como Didi Caillet. Didi foi a primeira Miss Paraná e em 1929 disputou o Miss Brasil, ficando em segundo lugar, no ano em que a coroa foi para a Miss Rio de Janeiro (na época Distrito Federal).

Acontece que, segundo jornais da época, Didi era a favorita, a mais bela, mais inteligente e formosa entre as candidatas, e que acabaria injustiçada no concurso. Menos mal. Na sua volta para casa foi recepcionada por 30 mil pessoas em delírio com o feito na Capital Federal.

Quer saber mais sobre a disputa do Miss Brasil 1929, veja aqui.

Mas Didi era mais. Poeta (é dela a primeira gravação em disco de poemas declamados de que se tem notícia no País), se transformou imediatemente em musa para os curitibanos.

Em 2015, foi tema do livro biográfico e documentário, “Didi Caillet, A Musa dos Paranistas”, de Paulo Koehler.

Reprodução

Na praça Didi Caillet (na Rua Heitor Stockler de França com a Rua Barão de Antonina) um busto em granito faz homenagem à musa. A obra é da escultora argentina radicada em Curitiba, Maria Inês di Bella. Antes, um busto de bronze de Didi estava no local, mas foi roubada. Um novo foi feito recentemente, também em bronze, e está no acervo do Museu Paranista, no Parque São Lourenço.

Veja mais sobre o busto de bronze de Didi e outras personalidades

Um mirante escondido dá vista para a história

Vista privilegiada para o Centro Histórico (Foto: Cido Marques)

Caminhando pelo setor histórico de Curitiba com seu casario antigo mas não muito alto, é difícil imaginar um local que sirva de mirante para observar a região. Mas ele existe. É o Mirante Marumbi, no Memorial de Curitiba, no coração do Centro Histórico da cidade.

O local foi tema de uma matéria da Prefeitura de Curitiba em abril deste ano, despertando curiosidade sobre a cidade e seu visual e das suas coisas escondidas.

Veja a matéria aqui

Para chegar ao Mirante Marumbi, o visitante deve seguir até o terceiro andar do Memorial de Curitiba e subir um pequeno lance de escadas, que leva a um terraço a céu aberto.

O topo oferece uma vista de quase 360 graus do Centro Histórico.

“A arquitetura do Mirante Marumbi proporciona enquadramentos propositais, especialmente do lado esquerdo. Uma espécie de moldura coloca em perspectiva as torres das igrejas Presbiteriana e do Rosário, que, no fim das tardes de outono, ficam iluminadas pela luz dourada do pôr-do-sol”, diz a matéria da Prefeitura.

O primeiro jato a voar nos céus do Brasil

O Gloster na porta do Cindacta II (Foto: Mario Akira)

Saindo do Centro de Curitiba, muitos já devem ter visto a aeronave que fica exposta em frente ao Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II), na Avenida Erasto Gaertner, no Bacacheri.

Mas, você sabia que a aeronave em questão, um Gloster Meteor F-8, de fabricação inglesa, foi a primeira aeronave à jato a voar nos céus do Brasil? Seu voo inaugural foi em 22 demaio de 1953, como diz a placa ao seu lado, e foi desativado em 22 de abril de 1974.

O modelo Gloster foi o primeiro jato de combate da Royal Air Force (RAF), a força aérea britânica, e que chegou a lutar na Segunda Guerra Mundial.

O Brasil adquiriu 60 destas aeronaves. Como curiosidade, a compra teria sido feita com a troca de 15 mil toneladas de algodão, ao custo de 4 milhões de libras esterlinas na época.

Uma capelinha de mais de 100 anos era a UPA de antigamente

122 anos de história (Foto: Mario Akira)

Já que estamos no Bacacheri, não custa dar uma esticada até o bairro Santa Cândida. Ali, uma construção datada de 1901 é um símbolo religioso para a comunidade.

A Capelina ou oratório de São Roque, localizada na esquina das ruas Theodoro Makiolka com Maria Noêmia dos Santos, era alvo frequente de vandalismo. Foi reformada pela Prefeitura em 2019, e hoje é cuidada pela comunidade.

A capelinha São Roque, marca a imigração polonesa no Santa Cândida. No dia da inauguração da revitalização, o prefeito Rafael Greca esteve presente, e disse que a Capelinha era a UPA do início do século 20.

“Aqui era a Upa de 1901. Todos os doentes, os aflitos, os sem médicos, os sem dinheiro, os sem remédios vinham aqui confiar e pedir a divina proteção”, disse Greca na época.

Veja mais sobre a revitalização aqui

Sinuosa e bucólica Theodoro Makiolka

Linda, sinuosa e histórica (Foto: Mario Akira)

Aproveitando que estamos na Rua Theodoro Makiolka, vale aqui uma rápida passagem. A via, sinuosa, tem um traçado muito antigo e provavelmente foi usada por tropeiros em séculos passados, uma ligação entre o Litoral e o Primeiro Planalto.

Percorrer os mais de 4 quilômetros da rua é como estar em outro lugar, e não Curitiba. Acostumados com o trânsito da Avenida Visconde de Guarapuava, é difícil imaginar uma via tão bucólica, como se o motorista estivésse no campo ou numa cidadezinha do interior.

A rua é ladeada por propriedades que se assemelham a chácaras, dando-lhe charme. Árvores mais frondosas também se erguem na região preservada. Mas, atenção! O movimento não é intenso, mas existe, e como a rua é estreita e praticamente feita de curvas, merece maior atenção. Cuidado com a velocidade, há radares de 40 km/h de olho nos apressados.

A Theodoro Makiolka liga o Santa Cândida ao Barreirinha, terminando na Avenida Anita Garibaldi.

Curitiba tinha ponto de parada para trem

Como era… (Foto: Fábio Decolin/SMCS)

Quase sem querer, acabamos fazendo um roteiro ligeiro por pontos da zona norte de Curitiba. E, já que percorremos a Theodoro Makiolka até a Anita Garibaldi, porque não procurar o histórico Estribo Ahú? O pórtico marcava o ponto de parada de trem de passageiros que fazia a ligação Curitiba-Rio Branco do Sul até meados do século passado.

Agora em reconstrução (Foto: Mario Akira)

O Estribo Ahú fica situado na passagem de nível sobre a via férrea na ligação da Avenida Anita Garibaldi com a Rua Flávio Dalegrave, no Boa Vista.

Por muitos anos, a estação permaneceu como ponto de referência na região, servindo como parada de ônibus nos últimos tempos, embora ficasse exatamente na linha férrea.

A construção era histórica, mas com o passar dos anos acabou se deteriorando. No ano passado a comunidade até chegou a fazer um protesto, isolando o seu acesso pelo perigo que ela representava, especialmente para as crianças.

A construção antiga foi retirada, e uma nova está em construção, com novo piso, estrutura em concreto, corrimões e até uma escada nova. Pelo projeto da Prefeitura, apesar das mudanças de material, a forma original será preservada.

Tem um pomar ao longo da linha férrea

Tempo de ameixas (Foto: Mario Akira)

A linha férrea que corta Curitiba cria polêmica há anos por causa da competição com o trânsito. Mas, nem tudo é caos. Em vários pontos da estrada de ferro foram criados faixas arborizadas que a transformam em um corredor verde, local apropriado para o lazer e onde também passam ciclovias.

E, em bairros como o Alto da XV e Cabral, árvores frutíferas foram plantadas, como um grande pomar aberto a todos. Dependendo da estação do ano, tem goiaba, amora, ameixa, pitanga. Nesta semana, por exemplo, são as ameixas que começam a amadurecer. Em breve vai ter amora.

Um rio para chamar de seu

Rio Belém, ao passar pelo Centro Cívico (Foto: Mario Akira)

Tem um rio que corta a cidade do Cachoeira ao Boqueirão, e é considerado genuinamente curitibano. Isso porque nasce e morre dentro dos limites da cidade. O Rio Belém, que tem nascente no bairro Cachoeira, na zona norte de Curitiba, corta o centro e vai ter foz nas cavas do Boqueirão, na zona sul.

Na parte central ele aparece canalizado, como no Centro Cívico. Em outras, corre por baixo dos prédios e ruas. Mas, com claro problemas de despejo de esgoto irregular, é um curso d’água muito poluído… pobre curitibano.

Escondido como uma pequena gruta

Pequeno oratório (Foto: Mario Akira)

Se você costuma andar pelas ruas e bairros da Capital, já deve ter visto uma ou outra coisa muito curiosa e peculiar. No Cristo Rei, uma pequena abertura em um muro próximo da calçada na Rua do Herval, virou uma pequena gruta usada como oratório ou santuário.

Criado por algum morador da região, a pequena gruta tem uma imagem religiosa, e chegou a ser batizada por um tempo como Santuário de Nossa Senhora do Cristo Rei. Com pintura nova, a inscrição que dava nome foi apagada.

Aponte os seus locais escondidos

Aqui elencamos 12 lugares ou coisas que ficam mais ou menos escondidos, e que podem até serem apontadas como secretos. Mas, poderiam ser 20, 30, 100… Curitiba, pela idade e pelo tamanho, tem muitos lugares escondidos sem falar em histórias… aponte um lugar que você conhece, quem sabe não cheguemos a 1.000. Afinal, a cidade esconde histórias só para serem descobertas.