Marca do X funciona como pedido de socorro (SEJUF)

Os assassinatos de mulheres estão em alta no Paraná. Segundo informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem, mais de 1,1 mil homicídios cuja vítima era do sexo feminino foram registrados nos últimos cinco anos, entre 2018 e 2022, sendo que o ano passado teve recorde de mortes. Mais de um terço dos registros, inclusive, diz respeito aos casos de feminicídio, um tipo de homicídio específico, praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero, fatores que também podem envolver violência sexual) ou em decorrência de violência doméstica.

Para fazer frente a essa situação, inclusive, o Paraná realiza neste final de semana uma mobilização inédita. No sábado acontece a 1ª Caminhada do Meio Dia, evento que faz parte da programação da Campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio, uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi). Ao todo, mais de 80 das 399 cidades paranaenses já aderiram ao movimento, sendo que os moradores destas cidades, somados, representam mais de 60% da população paranaense.

Em Curitiba, a caminhada acontece a partir das 11h30 na Praça Santos Andrade, com destino à Praça Osório. Outros municípios metropolitanos que já aderiram são Almirante Tamandaré, Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais. Inclusive, a ex-modelo e ativista no combate à violência contra as mulheres Luiza Brunet confirmou a participação na 1ª Caminhada do Meio-Dia na Capital, gravando um vídeo para convidar mais pessoas a fortalecerem o movimento. “A gente quer paz, muita paz, muito respeito e que possamos ter uma caminhada que nos dê dignidade perante a sociedade, nesse dia tão importante do combate ao feminicídio no Brasil e no Mundo”, afirma.

Estado registra o segundo maior aumento no assassinato de mulheres no Brasil, mostra Anuário
Apenas no ano de 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 256 mulheres foram vítimas de homicídio no Paraná. Entre todas as unidades da federação, apenas São Paulo (423 mulheres mortas), Bahia (406), Rio Grande do Sul (391) e Minas Gerais (309) tiveram mais mulheres asassinadas. O Paraná, no entanto, registrou o segundo maior aumento no número de mulheres mortas no país: +23,1% (passando de 208 registros em 2021 para 256 no ano passado), alta inferior apenas à verificada em Rondônia (+37,5%, passando de 64 mortes num ano para 88 no outro).

Considerando-se apenas os homicídios classificados como feminicídio, o Paraná somou 77 registros em 2022, com alta de 2,7% em relação ao ano anterior (que teve 75 feminicídios). Entre todas as unidades da federação e considerando-se o número absoluto de ocorrências, São Paulo (195), Minas Gerais (171), Rio de Janeiro (111), Rio Grande do Sul (110) e Bahia (107) concentram mais casos.

Chama a atenção, ainda, a proporção de feminicídios dentro do total de homicídios de mulheres no Paraná. Nos últimos cinco anos, um total de 1.126 mulheres foram assassinadas do Paraná. Dessas, 34% (ou 383 casos) foram vítimas de feminicídio, proporção que fica acima da média nacional. No Brasil, 20.304 mulheres foram mortas entre 2018 e 2022, com o registro de 6.697 feminicídios (33% do total de homicídios de mulheres).

Com 5% da população nacional, Estado concentra quase 10% dos casos de estupro contra mulheres no país
Segundo informações do Censo do IBGE, o Paraná possuía em 2022 um total de 11,44 milhões de habitantes, o equivalente a 5,6% da população brasileira. Com relação aos casos de estupro contra mulheres, no entanto, 9,2% das ocorrências são registradas por aqui.

Entre 2018 e 2022, um total de 26.800 mulheres foram estupradas no Paraná, considerando-se tanto os casos de estupro como os de estupro de vulnerável. No Brasil todo, nesse mesmo período, houve 291.504 registros, sendo que apenas São Paulo (com 55.876 casos) teve mais ocorrências que o Paraná no período analisado.

Além disso, os registros estão em alta nos últimos anos. Em 2020, por exemplo, houve 4.875 casos de estupro contra mulheres no Paraná. No ano seguinte, já foram anotados 5.504 casos pelas autoridades, número que subiu mais 6,6% no ano passado.

Em 2022, a taxa de ocorrência de estupros foi de 100,4 para cada 100 mil mulheres no Paraná, valor bastante acima da taxa nacional (de 63,2). No país, apenas Acre (159,7), Amapá (154,8), Mato Grosso do Sul (134,1), Rondônia (132,6), Tocantins (119,8), Santa Catarina (104,2) e Pará (100,6) possuem taxas de estupro de mulheres mais elevadas.

Recorrente
A cada 30 minutos, um caso de violência doméstica no estado

Ainda sobre a violência contra as mulheres, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública também traz dados sobre os casos de lesão corporal dolosa, a chamada violência doméstica. E mais uma vez os números são assombrosos: no Paraná, uma mulher é agredida a cada 30 minutos, em média.

Entre 2018 e 2022 houve um total de 85.714 casos de violência doméstica no estado, com 17.775 registros apenas em 2022 (redução de 2,4% na comparação com 2021, quando houve 18.202 ocorrências).

A taxa de incidência da violência doméstica no Paraná, inclusive, fica bem acima da média nacional. Em 2022, 237 de cada 100 mil mulheres no Brasil foram agredidas. No Paraná, 304 de cada 100 mil mulheres sofreram violência doméstica. Entre todas as unidades da federação, apenas Mato Grosso (631,6), Roraima (504,8), Rondônia (499,4), Santa Catarina (452,7),Acre (339,6), Rio Grande do Sul (325,9), Goiás (314,8) e Amapá (307,7) apresentam resultados piores.