Comunidade israelita realiza ato em Curitiba em memória das vítimas do Holocausto; confira as fotos

Ato na capital paranaense marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Redação Bem Paraná
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Ato em Curitiba marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (Foto: Cassiano Rosário)

A Confederação Israelita do Brasil (CONIB), a Federação Israelita do Paraná e o Museu do Holocausto de Curitiba realizaram na manhã deste domingo (28 de Janeiro), no Centro Israelita do Paraná, um Ato Solene pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, celebrado ontem (27 de janeiro).

O evento, restrito a convidados, teve como tema “Vozes contra a Intolerância: Reflexões sobre racismo, antissemitismo, discurso de ódio e o Holocausto”. O encontro contou com a presença da sobrevivente do Holocausto Ariella Segre, do presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, do presidente do Museu do Holocausto, Miguel Krigsner, além de autoridades civis, religiosas e comunitárias, que prestaram tributo aos seis milhões de judeus que perderam a vida durante este trágico capítulo da história com o acendimento simbólico de seis velas.

Simultaneamente ao Ato, também foi possível visitara exposição “Nossa Luta: A perseguição aos negros durante o Holocausto”. Composto por 23 painéis, 5 vitrines e 5 totens com conteúdos audiovisuais inéditos, o projeto apresenta um panorama histórico da discriminação e perseguição nazista aos afro-alemães, com biografia de vítimas e objetos originais da época. O objetivo é aproximar os visitantes de uma discussão contemporânea sobre racismo.

Além disso, o evento também marcou o lançamento do Projeto de Combate ao Antissemitismo e ao Discurso de Ódio, da Conib. O órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica no país busca atuar na linha de frente no combate à intolerância, que escalou no Brasil e no mundo após o ataque de 7 de outubro do ano passado. O projeto inédito tem como primeira entrega uma plataforma educativa de conscientização, letramento e monitoramento sobre o antissemitismo e o discurso de ódio no Brasil.

Data criada pela ONU

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou em 2005 uma resolução instituindo 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data é uma homenagem aos seis milhões de judeus e às outras vítimas da exterminação nazista. A resolução rejeita qualquer questionamento de que o Holocausto foi um evento histórico, enfatiza o dever dos Estados-membros de educar futuras gerações sobre os horrores do genocídio e condena todas as manifestações de intolerância ou violência baseadas em origem étnica ou crença.

Lei estadual

O dia 27 de janeiro é marcado por celebrações mundiais em homenagens às vítimas do Holocausto. Nesta data, há 79 anos, eram libertados do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau os sobreviventes da barbárie nazista. No Paraná não é diferente e a Assembleia Legislativa, através da Lei 15.829/2008, incluiu o Dia em Memória das Vítimas do Holocausto no Calendário Oficial do Estado do Paraná.

A iniciativa do deputado Nelson Justus (União) recebeu o apoio de todos os parlamentares. O objetivo é duplo: servir como uma data anual de homenagem aos seis milhões de judeus mortos no Holocausto e de milhões de outras vítimas do regime nazista e promover a educação sobre o Holocausto. A data foi instaurada inicialmente pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2005.

“O nosso projeto foi aprovado em 2008 por unanimidade para mostrar que a memória da dor nos educa. Nós temos o dever de passar adiante, para todas a gerações, o que foi o Holocausto, o malefício, o que significou a morte de seis milhões de judeus, que foram perseguimos e massacrados”, justificou Nelson Justus.

“E um estado como o Paraná, que mostra preocupação e reconhecimento com a dignidade humana, faz com que perpetuemos a memória deste povo tão sofrido que é o povo judaico. Nós temos o dever de mostrar a todos, principalmente aos negativistas, que acham que não aconteceu. Hoje assistimos pela televisão a guerra naquele país. Por isso, é muito importante essa lei para que possamos cultuar a memória de um povo que nós temos muito orgulho”, reforçou o deputado.

Museu

O Brasil é lar da segunda maior comunidade judaica da América Latina e décima maior do mundo, tendo acolhido diversas famílias que fugiram dos horrores do Holocausto. Não há um número exato de judeus sobreviventes no Brasil, mas a estimativa é de que sejam 25 mil pessoas. E a capital paranaenses é uma referência por abrigar o primeiro espaço dedicado à memória das vítimas. O Museu do Holocausto de Curitiba foi criado em 2011 e reúne objetos e depoimentos de pessoas que sofreram com o genocídio promovido pelo regime nazista alemão.

“Trabalhamos de forma personificada. O holocausto não é a história de milhões de pessoas. É, sim, milhões de histórias diferentes, com vidas e sonhos. Ao invés de pilhas de sapatos de vítimas, temos um sapato e contamos a vida do dono dele. A partir desses objetos contamos essas histórias. O objetivo é justamente criar essa empatia o mais rápido possível, mostrar que não são só números. Não temos dimensão do que significa seis milhões de judeus mortos. A partir dessa conexão, criamos outras conexões com as coisas que acontecem hoje com a gente” explicou o coordenador geral do Museu, Carlos Reiss, em entrevista ao programa Arte & Cultura na Assembleia, da TV Assembleia.

O espaço está fechado desde 20 de dezembro para uma grande reforma da parte externa, além de serviços de manutenção e acessibilidade. A reabertura está prevista para fevereiro.

Agendamento

As visitas ao Museu do Holocausto podem ser agendadas através do site https://www.museudoholocausto.org.br/. O museu fica na rua Cel. Agostinho Macedo, 248, no bairro Bom Retiro, em Curitiba. O espaço funciona na segunda, terça e quarta, das 8h30 às 11h30 e das 14h30 às 17h30; já na sexta o horário é das 8h30 às 11h30; por fim, no domingo, o horário é das 9h às 12.