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Dani Luz e sua filha, Camila: mãe começou o negócio para a filha poder fazer ginástica e hoje a jovem é a estilista do ateliê (Foto: Franklin de Freitas)

Um ateliê que fica na Grande Curitiba veste as principais atletas da ginástica brasileira. Trata-se do Ateliê Dani Luz, localizado em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que foi responsável, por exemplo, pela confecção do collant que a ginasta Babi Domingos vestiu na apresentação com arco na Olimpíada de Paris. Na ocasião, a atleta curitibana se apresentou com uma peça que trazia as cores do Brasil e um bordado de leão.

No entanto, além das peças em si (sempre únicas e chamativas), o ateliê também chama atenção por sua história. Uma trajetória que teve início quase que por acaso, cerca de 14 anos trás, quando a criadora da empresa, Daniele da Luz, sequer sabia costurar. Na época sua filha, chamada Camila, tinha apenas sete anos de idade e começava a se dedicar à ginástica.

“Quando ela entrou na ginástica, eu precisei sair do trabalho para ela poder treinar. Só que a ginástica é um esporte caro e eu tinha deixado o emprego. Então decidi fazer o collant da minha filha, para ela poder competir. São peças que custam acima de mil reais, já desde aquela época. Aí eu acabei fazendo a dela para economizar e ela poder treinar”, recorda a mãe.

Antes disso, curiosamente, Dani nunca havia costurado nada ou trabalhado como costureira. Sua experiência era na modelagem. “Eu sabia fazer modelo e entregar o molde para a costureira fazer”, conta ela, que havia trabalhado anteriormente numa loja de confecção de moda praia e fitness.

Ainda assim, as peças que confeccionou para Camila fizeram sucesso. Tanto sucesso que a técnica de sua filha na época lhe deu uma ideia: começar a fazer os collants para as atletas de Curitiba e região metropolitana, numa época em que não haviam muitos profissionais especializados nessa área da ginástico no meio da moda.

Demanda crescente e clientes em todo o Brasil

Tudo começou na sala da própria casa onde Dani e sua família viviam, com ela usando o acerto na saída de seu antigo emprego para comprar duas máquinas de costura. Pouco tempo depois, a costureira Patrícia, que até hoje trabalha na empresa, foi contratada para ajudar na produção. Mais tarde, a empresa saiu da sala de uma casa para uma garagem, até que uma casa mesmo foi alugada para servir como ateliê. Até que há dois anos a empresa chegou o seu atual espaço, um imóvel com 180 m².

“Eu falo que virei empreendedora por um caso. Porque comecei a fazer as peças não pensando em transformar isso num negócio, mas para atender a minha filha mesmo. E hoje a gente já está com mais ou menos 14 anos dentro desse ramo e produzimos uma média de 200 a 300 peças por ano, com demanda crescente todo ano e clientes em todo o Brasil, basicamente”, comenta a fundadora do Ateliê Dani Luz. “Hoje a gente está com a maioria das meninas que já são pré-seleção ou seleção.”

Mãe e filha trabalhando juntas no ateliê: ‘Comecei isso para ela’

Quando a mãe começou a montar o negócio, sua filha Camila tinha sete anos de idade. Hoje, está com 20. E não seguiu em frente na carreira como ginasta, uma trajetória interrompida quando a jovem tinha 14 anos de idade, por conta de uma lesão no joelho.

Só que a menina, além do esporte, sempre nutriu outra paixão: o desenho. E foi isso o que, mais tarde, acabou a levando para o ramo da moda, formando-se designer de moda.

“Quando chegou na idade de decidir a faculdade, ela até foi fazer um estágio como treinadora, queria estar dentro da ginástica no ginásio mesmo. Aí ela deu treino por três meses e falou ‘não, acho que o que eu gosto mesmo é de criar, de desenhar. E hoje está aí”, recorda a mãe, orgulhosa. Hoje, Camila é a estilista do ateliê – foi ela, por exemplo, quem fez os desenhos do já referido collant que Babi Domingos vestiu na França.

“O motivo da minha vida de estar nesse ramo é minha filha, e hoje ela está comigo de parceira. Eu comecei isso aqui para ela”, diz Dani, explicando que Camila é quem mais escuta as técnicas na hora de pensar as peças que serão produzidas. “E a nossa designer, eu descobri há pouco que ela tem um QI um pouquinho mais elevado e nível 1 de autismo. Por isso acho que sai umas coisas fora da casinha, totalmente diferentes.”

O processo para criação de um collant de ginástica

E como funciona, afinal, o processo para a criação de um collant de ginástica?

Normalmente, explica Dani Luz, começa com a técnica escolhendo a música que a ginastica utilizará na rotina de competição, em sua apresentação. Em seguida, então, o ateliê é informado sobre a escolha e toda a equipe começa a pesquisar referências sobre aquela canção e sua época, para poder desenvolver a peça.

“É um figurino que tem que contar uma história junto com a música, então tem todo um trabalho. Hoje a parte do artístico conta muito na ginástica. A peça tem que estar compondo toda a história junto. Não é só um figurino, tem todo um porque ali por trás”, explica a empreendedora.

Os itens utilizados em cada collant, por outro lado, variam muito, porque cada peça é exclusiva e será criada conforme a música selecionada para fazer parte da apresentação ginástica. Dependendo do que precisa, desenvolvemos o material, tingimos, damos nosso jeito aqui. Mas geralmente se usa pluma, paetê, muito cristal, bastante tecidos holográficos, tecidos com brilho. É uma variedade que às vezes depende muito da peça em específico. Mas é sempre uns 3Ds ali no feltro, sempre fazendo armação, engomando”.