A maioria dos curitibanos não sabe ou não repara, mas o céu da Capital é certamente de um colorido mais intenso do que em outros lugares. É que diferentemente do que muitos imaginam o ambiente urbano também pode comportar uma variada riqueza de aves. E Curitiba, conhecida como a capital ecológica, conta atualmente com mais de 400 espécies de pássaros a colorir e alegrar o céu, segundo aponta o livro Aves de Curitiba, cuja segunda edição foi publicada no final de 2014.

Na obra, que reúne o trabalho de 18 ornitólogos da Capital e conta com um levantamento de informações desde o século passado, buscando informações e registros de aves de Curitiba em museus de história natural da Europa, juntando a compilações contemporâneas, consta a presença de 389 espécies nativas, 7 introduzidas e já aclimatadas, além de 24 exóticas de ocorrência acidental ou que ainda não se estabeleceram.

De acordo com o ornitólogo Pedro Scherer Neto, de 68 anos, essa capacidade de o ambiente urbano comportar uma variada riqueza de aves tem relação com uma série de fatores, como a conectividade da paisagem, grau de conservação das áreas naturais, cobertura vegetal, elementos da arborização urbana, disponibilidade de alimento e de locais para nidificação (construção de ninhos).

Curitiba tem uma política de áreas verdes que se inicia antes da gestão Lerner (seu primeiro mandato foi entre os anos de 1971 e 1974). E essa quantidade de parques, bosques, jardinetes e a própria localização da cidade fizeram com que permanecessem muitos remanescentes, explica o especialista.

Entre os pássaros já estabelecidos na Capital, alguns são considerados bastante comuns e fáceis de se encontrar, como o quero-quero. Outros exemplos são o joão-de-barro, que costuma chamar a atenção pelos ninhos de barro, o sábia e seu canto característico, canarinhos, beija-flor, bem-te-vi, tucano de bico verde, periquito verde e três espécies de pombas — avoante, zenaida e branca.


Postura da população ajuda na preservação

Segundo o ornitólogo Pedro Scherer Neto e a bióloga Nancy Benevicius, além das questões relacionadas ao ambiente, à presença do verde na cidade, outro fator muito importante para a Capital contar com uma avifauna tão rica é justamente a postura da população, que tem se mostrado cada vez mais consciente sobre o seu papel e a importância de não tentar capturar esses animais.

É notável que mudou a visão das pessoas, que estão mais conscientes. Hoje já preferem pôr frutas em algum lugar e ver o bicho livre do que por na gaiola, afirma Nancy. O ornitólogo, por sua vez, ressalta a importância de se respeitar a liberdade desses animais. A primeira coisa a se fazer é não tentar capturar essas aves, ter atitudes que façam mal às espécies, comenta.


Rápida

Bons locais para observar
Se você é um apaixonado por aves e deseja observar esses animais, há uma série de bons locais para a observação na Capital, como a região do Zoológico e do Parque Náutico do Iguaçu (no Boqueirão), o Passeio Público e o Bosque do Papa, entre outros.

Em locais não muito distantes de Curitiba, porém, há também ótimos locais para o avistamente, como as matas de araucárias nos arredores da cidade, acessíveis por estradas rurais e por onde há gralhas-azuis, a Estrada da Graciosa, que permite a visualização de aves do planalto e de pássaros da Mata Atlântica, além da Serra de São Luiz do Purunã, no caminho para Ponta Grossa.