Manifestação na Praça Santos Andrade, nesta quinta-feira (24/8): luta pelas vidas negras (Foto: Franklin de Freitas)

Curitiba participou nesta quinta-feira (24 de agosto) da Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras, com manifestação realizada no final da tarde na Praça Santos Andrade, no Centro. O movimento, que ocorreu em diversas cidades brasileiras, é uma reação aos episódios mais recentes de violência policial e assassinatos de pessoas negras, tendo sido convocado após uma série de chacinas entre julho e agosto, com pelo menos 62 mortes na Bahia, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Além disso, os protestos também lembram do assassinato da liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico, que foi executada a tiros na última semana, e destacam o aniversário de morte do abolicionista e advogado Luiz Gama, morto em 1882.

Em manifesto divulgado pelas entidades que participam do ato no Paraná, foi destacado o aumento no encarceramento de pessoas negras no estado (mesmo com decréscimo considerável da população carcerária) e o aumento no número de mortes em confrontos policiais, que saltaram de 247 em 2015 para 488 em 2022 (um aumento de 98%). Embora a população negra corresponda a 28% da população paranaense, eles foram vítimas em 48% dos casos de morte em “confronto policial” no estado.

O documento traz ainda reivindicações ao Estado e às instituições paranaenses. Entre as demandas está a desmilitarização da Polícia Militar, o uso obrigatório de câmeras nos uniformes policiais, a abertura de um canal de diálogo permanente entre os movimentos negros e a Secretaria de Segurança Pública, a inclusão da obrigatoriedade de marcadores de raça/cor, gênero, orientação sexual e religiosidade em todos os registros oficiais do Estado do Paraná, a criação de delegacias especializadas em crimes raciais e intolerância religiosa e a estruturação do SOS Racismo, para garantir acolhimento e orientação jurídica às vítimas.

“Através deste manifesto queremos ressaltar o nosso direito à vida. O direito à vida que nos foi presenteado e está sendo tirado. O racismo no Brasil impacta as vidas negras, tirando a nossa humanidade. Portanto, nossos tambores continuarão sendo tocadas, nossas caixas de som permanecerão vibrando e a nossa voz ecoando cada vez mais alto!”, declaram ainda os ativistas no manifesto.