Em algumas casas de Curitiba, as noites literalmente são mais quentes. Especialmente nas terças, quartas, sextas e sábados quando solteiros, solteiras e casais, impulsionados por seus desejos e fantasias mais secretos, buscam a satisfação nas casas de swing, ao melhor estilo romano, em encontros dignos de fazer o deus Baco se orgulhar – e outros deuses e tantas outras pessoas ruborizar.

Na Cidade Modelo, a libertinagem não é coisa recente, diferentemente do que muitos devem pensar sobre a acatada Capital paranaense. Segundo Maurício Natel de Camargo, dono da Desiree Swing Club, a mais antiga casa de swing da região sul do Brasil, esse universo repleto de prazeres existe há pelo menos 30 anos. Quando inauguramos a Desiree, 17 anos atrás, a primeira casa de swing do Brasil, que é de São Paulo, já tinha oito anos. Mas o movimento swing é bem anterior a isso, então vai aí uns 30 anos, afirma o empresário.

De fato, o movimento swing já é bem antigo. A data de seu surgimento é incerto, mas sua popularização começou a acontecer nos anos 1960, nos Estados Unidos, principalmente após o surgimento de métodos contraceptivos mais eficazes. A época era de contestação dos valores morais, amor livre… Décadas depois, a diversão virou negócio, ajudando casais cujos relacionamentos caíram na mesmice a encontrar uma forma de apimentar as coisas.

Em Curitiba, existem pelo menos três clubes de swing: além do Desiree, há a Vênus e a Liberty House. A estrutura das casas é parecida: pista de dança, bar, cabines (pequenos quartos, as vezes com gelosia para que os casais possam brincar sendo vistos e pequenos orifícios chamados glory holes para permitir uma interação erótica) e os camões (camas coletivas), onde casais trocam carícias e se conhecem de uma maneira íntima. Não se pode esquecer também as famosas dark room, salas totalmente escuras onde ninguém é de ninguém – e você também nem vai saber quem é quem, já que não conseguirá ver nada.

Para quem é novato, as casas também possuem uma recepção padrão. Além dos sites, que são bastante informativos, as pessoas também recebem as primeiras orientações pelo telefone. Quando chegam à casa, mais orientações sobre como se portar, o que pode e o que não pode fazer. A base é o respeito: vale tudo, mas desde que o (a) outro (a) esteja de acordo. Pode se divertir bastante, pode realizar suas fantasias, mas não pode em momento algum desrespeitar alguém. A regra principal é o respeito. Abordagens são livres, bem vindas, mas sem desrespeito, explica Maurício.

A aventura desta reportagem, inclusive, começou pelo Desiree. Era quarta-feira, dia em que a casa recebe solteiros, solteiras e casais (assim como na sexta-feira, enquanto no sábado a festa é apenas para os casais). Antes de chegar ao local, fui alertado por um amigo que já havia frequentado a casa: Tem que beber antes de ir lá. Aquilo é outro mundo. Se você estiver sóbrio, vai ficar louco.

Antes da meia-noite, as casas de swing parecem uma boate normal (além do Desiree, a reportagem visitou também o Vênus). Algumas pessoas tomam drinks no bar, comem petiscos, outras se divertem na pista de dança. Quanto mais se adentra a madrugada, porém, mais quentes as coisas vão ficando, até ferver – ao ponto de as pessoas transarem na própria pista de dança ou nos sofás ao redor, sem nenhum tipo de inibição (ali, todos são cúmplices. O que acontece ali, morre ali).

A.L., um rapaz solteiro de 20 e tantos anos, conta que frequenta a Desiree há dois anos. Eu venho uma vez por mês, uma vez a cada dois meses. Não venho mais porque senão vicia. Para você ter noção, teve uma noite que consegui transar com seis mulheres diferentes, e eram todas lindas, gaba-se.

O mais curioso, porém, é a historia que um casal que frequenta a Vênus conta. Em geral, é o homem quem tem mais a curiosidade e quem toma a iniciativa de ir (ao clube de swing). Contudo, a mulher é quem costuma se soltar primeiro. Aqui ela se descobre, volta a se sentir desejada. Maurício confirma a história. As vezes o cara vem preparado para que a mulher dele não goste, fique atormentando de cinco em cinco minutos para ir embora. Mas chega aqui e acontece o contrário, ela se encontra na casa e fica muito mais a vontade que ele, conta.


Regras básicas do swing

– Proibido qualquer tipo de aparelho eletrônico que possa registrar alguma cena dentro da casa (câmeras, celulares)

– O respeito é a base de tudo. Seja gentil e nunca faça nada que não foi combinado. O não vale pra colocar limites

– Combine previamente com seu (sua) parceiro (a) o que vocês podem ou não fazer

– Faça apenas o que for da sua vontade e só avance o sinal se a outra pessoa disser sim

– Não perturbe o sexo alheio. Colabore para que todos se divirtam

– No swing, camisinha é mais importante do que roupa

– Não vale ciúmes. Se sua companhia encontrar alguém, procure aproveite para encontrar alguém que queira brincar também

– Sigilo total. No swing, todos são cúmplices. O que acontece ali morre ali.