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Mauro Fagundes na pista de dança do Clube Tradição: negócio familiar e tradicionalíssimo (Foto: Franklin de Freitas)

Não é só de sertanejo, pagode ou rock que vive a boêmia curitibana. E o Clube Tradição, localizado no bairro Boqueirão (Rua Zonardy Ribas, 686), é uma prova disso. Fundada há 26 anos, a casa oferece sete bailes por semana, sempre com música gaúcha. O público, por sua vez, reúne pessoas dos 18 aos 90 anos de idade. E na sexta e no sábado o bailão adentra a madrugada, estendendo-se até 4 horas da manhã.

De acordo com Mauro Fagundes, sócio-proprietário, o clube foi fundado por Edivar Bedin, seu sogro. Trata-se de um gaúcho que veio para Curitiba já com a intenção de trabalhar com casas de baile direcionadas à música gaúcha. Uma ideia que acabou ganhando mais força com a criação do Clube Tradição, que desde a sua fundação trabalha exclusivamente com o gauchesco.

“É um ramo que deu certo. É um ramo que a gente gosta de trabalhar porque somos gaúchos, porque gostamos da música gaúcha, porque gostamos da cultura gaúcha. E aqui juntamos um monte de gente que também gosta desses nossos gostos, né? E aí nos reunimos todo final de semana”

Mauro Fagundes, sócio-proprietário do Clube Tradição

Ao todo acontecem sete bailes semanalmente, que reúnem 2 mil pessoas por semana, em média. Na sexta e no sábado, o bailão começa às 22 horas e se estende até 4 horas da madrugada. No domingo, começa às 14 horas e vai até 23h30. E ainda há os bailões da melhor idade, que acontecem às quartas, sextas e sábados, das 13h30 às 17h30, e no domingo, das 14 às 19 horas.

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Fachada do Clube Tradição: já são 26 anos trabalhando exclusivamente com música gaúcha

“É um ambiente bem familiar”

O custo para entrar no Clube Tradição depende do artista que está tocando, sempre. “Cada evento é um evento”, explica Fagundes, citando que a maioria das bandas que se apresentam na casa são do Rio Grande do Sul. Grupos do próprio Paraná e de Santa Catarina também costumam marcar presença, contudo. “Mas tudo que vem aqui é música gaúcha”, esclarece.

O ambiente, por sua vez, é bastante familiar. “Sempre vem o pai, a mãe, o avô, a avô, o filho, a filha… Esse aí é o nosso perfil, é um ambiente bem familiar. Atendemos um público de 18 a 90 anos de idade, porque trabalhamos com baile de melhor idade”, ressalta o empresário, citando que gente de toda a Curitiba e Região Metropolitana procura a casa. “Quem gosta de música gaúcha, vem pra cá”.

Já quem nunca se arriscou num bailão de música gaúcha e quer se aventurar no ritmo, é só chegar no Clube Tradição. “Aqui tem muita gente com o dom de ensinar. Se você falar que não sabe dançar, alguém já te pega pelo braço, leva pro salão e ensina. E é um ritmo que o básico é fácil de aprender, é bonito e é fácil de aprender. Se a pessoa quiser participar do baile, é só vir. É só vir que, com certeza, já vai se enturmar, já vai aprender a dançar.”

Curitibanos estão “redescobrindo” a música gaúcha

Oriundo de uma família de músicos do Rio Grande do Sul, Mauro Fagundes conta que já se criou ouvindo música gaúcha. Seu pai, por exemplo, era gaiteiro. Um de seus irmãos também é gaiteiro e o outro, vocalista. E ele próprio, quando veio para Curitiba, foi para explorar a força que o gauchesco tinha na cidade, trabalhando como vocalista e baterista.

“Antigamente, a música gaúcha era muito forte. Tanto que, quando eu vim pra cá do Rio Grande do Sul, foi pra trabalhar com música gaúcha, que era um segmento muito forte aqui na região. Só que com a entrada do sertanejo, a música gaúcha deu uma caída, sabe? Uma caída considerável”, lamenta o músico e empresário.

Após um período de estagnação, no entanto, o gênero voltou a crescer, a ganhar mais espaço entre os curitibanos, num movimento de retomada. “Acontece que o pessoal se acostumou com o sertanejo e também viu que é legal a música gaúcha. Então tá numa crescente boa, graças a Deus. A gente está semanalmente, mês a mês, sempre com público novo, se renovando e crescendo. Pra nós está muito bom assim”, celebra Fagundes.

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A banda Os Serranos se apresenta: noite histórica e com casa cheia no Clube Tradição (Foto: Franklin de Freitas)

Um amor que nasceu no Clube Tradição

Além de oferecer um ambiente familiar, o Clube Tradição é também uma empresa familiar. Prova disso é que a casa noturna é tocada até hoje por Edivar Bedin e sua esposa, Ivani Rottini Bedin, com o auxílio da filha, Elaine Bedin Fagundes, e de seu marido, Mauro Fagundes.

Mauro e Elaine, inclusive, se conheceram no próprio clube, conta o marido. “O Clube existe há 26 anos e eu estou aqui, nessa função, há 11 anos. Mas frequento o Clube Tradição há 26 anos, desde o início da casa. Inclusive, conheci minha esposa aqui. Eu era músico, tocava aqui e conheci ela aqui, 15 anos atrás.”

Inicialmente, até pela diferença de idade (ela é 10 anos mais velho que ela), o que surgiu foi uma amizade. “Fomos amigos durante muito tempo, até certa idade, e depois começamos a namorar. E aí deu no que deu, estamos juntos até hoje, né? Graças a Deus. Já estamos casados há 14 anos e temos dois filhos”, celebra ele.