HAMMON DUTRA
O curitibano Hammon Dutra: depois de três anos de batalha, jovem conseguiu bolsa na mais inovadora universidade do mundo (Foto: Franklin de Freitas)

Um aluno de Curitiba, oriundo de uma família humilde, ingressará em breve numa das mais prestigiadas universidades do mundo. Hammon Vieira Dutra, que tem 20 anos de idade, foi aprovado no começo de março na americana Minerva University, considerada a mais inovadora do mundo. Na próxima sexta-feira viaja para os Estados Unidos, iniciando os estudos em São Francisco. Depois, dará uma volta ao mundo estudando na instituição, passando por países como Taiwan, Coreia do Sul, Argentina e Alemanha.

A conquista veio após três anos de muito estudo e algumas importantes vitórias (no Torneio Brasileiro de Debates de Ensino Médio de 2023, por exemplo) e premiações (nas Simulações da ONU de Harvard e Yale, inclusive) obtidas pelo jovem. Tudo isso é importante para enriquecer seu currículo extracurricular, algo fundamental para quem deseja estudar fora do país. Isso, é claro, para além das ótimas notas que Hammon obteve ao longo de toda a sua vida acadêmica – tanto que seu GDA (Grade Point Average, algo como média de pontos das notas) é 9.

“Foram três anos tentando, me preparando. No primeiro, acabei obtendo uma aprovação [na Lehigh University], mas não veio, infelizmente, com a bolsa que eu precisava. Venho de família humilde, então precisava de uma bolsa bem grande. Mas agora veio a aprovação numa universidade ainda melhor, que tem bem mais a minha cara”, comemora o curitibano, que já inicia as aulas na próxima semana.

Estudando e viajando pelo mundo

Um detalhe curioso, inclusive, é que ao longo dos anos de estudo na Minerva o jovem curitibano rodará pelo mundo. No primeiro ano, ficará em São Francisco. No segundo, poderá escolher para Hyderabad, na Índia, ou então para Taipei, no Taiwan. “Eu provavelmente vou pra Taiwan, porque eu quero justamente me inteirar um pouco mais nessa área de tecnologia”, afirma ele.

Depois, passará seis meses na Coreia do Sul (em Seoul) e, na sequência, terá mais um período em Buenos Aires, na Argentina, e outro em Berlim, na Alemanha. Depois, volta para São Francisco, pra concluir sua formação. “Então você está interagindo com estudantes do mundo inteiro, na universidade mais inovadora do mundo, mais difícil de entrar do mundo, e também explorando o mundo ao longo disso tudo, pra que tu tenha essa imersão global”, explica o jovem.

HAMMON DUTRA
Hammon com sua irmã, Halytza, e a mãe, Andreia (Foto: Franklin de Freitas)

Uma história de amor: “Eu sacrifiquei tudo pela educação dele”

Desde pequeno, contra Andreia Vieira, mãe de Hammon, o jovem curitibano era extremamente esforçado e focado. Diante disso, ela decidiu investir da melhor formação possível na educação do filho. “Eu sacrifiquei tudo que você pode imaginar. Eu não tinha nada: não tinha carro do ano, não tinha Disney, não tinha nada que uma família normal costuma ter. Abdiquei de tudo para investir na educação deles [de Hammon e sua irmã, Halytza], esse para mim é o maior patrimônio”, comenta, ela.

Hammon, por outro lado, sempre retribuiu aos esforços da mãe com uma dedicação fora do comum. Algo que foi notado desde cedo, quando o jovem ainda estudava na Escola Pernalonga, e também mais tarde, quando ele ganhou uma bolsa de estudos no Dom Bosco, onde estudou da terceira série até o terceirão.

Isso até que ele descobriu as Simulações da ONU, onde estudantes participam de eventos como se fossem diplomatas. E tudo ocorreu por causa de uma professora sua de Geografia, Morena Abdala. “A professora dele foi um olheiro, que nem no futebol. Você pega alguém que olha um jogador e diz ‘esse cara aqui eu vou levar para o Barcelona’. Foi o olheiro, alguém que viu nele um potencial. E ela viu, ficou medindo ele e realmente ele fez jus”, exalta a mãe.

Foi a partir dessa experiência com as simulações, inclusive, que ele acabou tendo a oportunidade de participar de eventos em universidades como a de Harvard e a de Yale, duas das mais prestigiadas do mundo. E foi ali, também, que decidiu que cursaria o ensino superior no estrangeiro.

O caminho até a aprovação

Ainda no segundo ano do ensino médio, Hammon já foi aprovado no vestibular para cursar Direito na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Chegou a iniciar o curso, mas logo desistiu da graduação para focar no sonho de estudar no estrangeiro. Desde então, foram três anos se preparando.

Para tentar ingressar numa universidade americana, ele precisou fazer redações diversas, mandar o histórico acadêmico e também fazer o SAT, uma espécie de ENEM dos Estados Unidos. No caso da Minerva University, especificamente, ele também fez desafios em seis áreas diferentes do conhecimento e, além disso, também era necessário informar à universidade seis accomplishments ou realizações.

“Esses accomplishments podem ser uma conquista numa olimpíada que tu teve, coisas extracurriculares às quais tu se dedicou… Ou seja, alguma coisa que te orgulha. Pode ser, por exemplo, cuidar d irmão mais novo. E eles valorizam tudo isso, independente de ser ou não de cunho acadêmico”, relata Hammon.

Entre as realizações, o jovem colocou as mais de 5 mil horas de aula de inglês que deu nos últimos cinco anos, na Magicenter (uma escola online), e um projeto chamado Mindshift, que é uma empresa que ele próprio fundou e que oferece mentoria para estudantes do país inteiro. As Simulações da ONU da qual participou e uma conquista recente no debate competitivo, um esporte novo no Brasil e que é uma espécie de xadrez argumentativo, também foram listadas.

“Saiba que é possível, que você pode fazer absolutamente o que você quiser, desde que você faça aquilo com muita, muita, muita excelência. Se você quer, por exemplo, ser cientista, tenta fazer uma pesquisa com os recursos que você tem em casa. Se quer ser jornalista, começa a fazer entrevistas logo cedo. Mas sempre tem que ser algo que é totalmente inovador, para que as universidades te valorizem nisso e consigam investir em ti”

Hammon Vieira Dutra, o mais novo estudante da Minerva University

Irmã vai “no embalo” e também se prepara para estudar fora do país

Halytza Vieira Dutra, de 18 anos, acabou embarcando no mesmo barco do irmão Hammon e também já se prepara para tentar conquistar uma bolsa e estudar fora do país. Além de estudar por conta própria, ela também está participando de uma mentoria. “E se Deus quiser também vou estar indo pra faculdade em agosto do ano que vem”, diz ela.

Apaixonada por ciência política e economia, ela já sabe que seguirá para a área das ciências humanas (enquanto o irmão deseja ir para a área da matemática e da programação). E aproveita que Hammon já sabe “o caminho das pedras” para chegar mais facilmente ao seu objetivo. “Ele está abrindo as portas para mim, com certeza. Porque ele foi quebrando a cabeça antes para descobrir tudo o que precisava, documentação, coisas da escola, as questões extracurriculares. Então o meu caminho está sendo mais fácil, porque ele foi quebrando a cabeça para descobrir e eu acabei só pegando o embalo”, finaliza a jovem.