Chegou Agorinha é mais do que nome de loja, é a certeza de que a “lembrança de cozinha afetiva fresquinha” está bem próxima do prazer da boa mesa. E a proposta para lá de sentimental, tem sido o objetivo do dia a dia do casal Leonardo Cássio e Bruna Silva, desde 2020, quando vieram de Manaus, na região Norte, para Curitiba, na região Sul. A fórmula que uniu saudade com prazer e que está dando certo. Ao prestar atenção ao sotaque e no linguajar, o nome não podia ser diferente. Chegou, chegando, e hoje, eles se sentem “paranaenses de coração com a alma e o gostinho do Norte”.
Na loja montada em São José dos Pinhais, na região metropolitana, eles recebem da terrinha, semanalmente, salgados e doces, para o gosto do freguês. São cheiros, cores e sabores em pencas de produtos como peixes amazônicos, de pimenta de cheiro, de açaí, de feijão de corda, de xarope de guaraná, tucumã e cupuaçu.
E a história de amor, vem de longe. Os mais de quatro mil quilômetros virou desejo de vida e trabalho do casal amazonense, em 2011. Uma visita, a organizaçao da cidade, a educação do povo e o clima muito agradável, perto do calor forte da região Norte, foi o convite para um dia, quem sabe, virem de mala e esperança. Demorou quase uma década, mas retornaram com o desejo de empreender.
Na bagagem, apenas três sacos de farinhas típicas da região.
Curitiba recebeu mais de 30 mil migrantes do Norte
Os sacos nem deram para o cheiro; duraram uma semana. E veio a surpresa de que tinha muita gente por aqui que sentia falta do paladar do Norte do país. No Censo de 2010, o que identificou as migrações, Curitiba tinha quase 30 mil pessoas vindas para o Sul em busca de oportunidades. No primeiro momento, Leo e Bruna tiveram que conciliar a mercearia com os empregos, mas no ano passado valeu dar um basta e seguir carreira solo em um negócio que era muito mais do que dinheiro.
O casal gosta muito de tambaqui assado, moqueca de pirarucu e X-Cabuquinho, um sanduíche peculiar no Amazonas, com produtos exclusivos da regiáo. Aqui não tinha, e a Bruna tinha muitas saudades das comidas de casa. A farinha nos peixes e o gosto característico de frutas e temperos, acabavam vindo nas muitas malas da família quando os vinham visitar.
O aperto de sentir o “gosto de casa” era tanto que procuravam lugares que pudessem vender algo que remetesse às lembranças, e no primeiro aniversário da Bruna conseguiram encontrar um restautante que fazia banda de tambaqui. Foi o sucesso. “Estava eu, meu cunhado e a Bruna, desesperados para comer um peixe. Quando chegou a encomenda, deixamos a Bruna experimentar tudo sozinha”, lembra o Léo, dando risada.
Negócios: farinhas são o carro-chefe da Chegou Agorinha
E as farinhas, o pontapé inicial do negócio, continuam sendo o carro-chefe da Chegou Agorinha. Uma delas, a Uarini Ovinha tem selo geográfico, e de sabor peculiar. A Uarini faz menção da cidade de origem, no Amazonas, e Ovinha lembra a ova do peixe, uma pequena bolinha comestível. A farinha é indispensável na mesa dos amazonenses quando o prato principal é peixe frito, assado ou cozido.Tem que ter farinha, oxi!!
E não é somente a comercialização que interessa o casal, mas ensinar o que significa cada produto e as delícias que podem ser feitas com eles. Nas redes sociais, Leo costuma publicar vídeos mostrando o que está chegando e as receitas que podem ser feitas. “Pergunto se o cliente tem um pouquinho de tempo e vou apresentando os produtos. É uma festa de cheiro, de cor, de gosto”
E, o casal vem se expandindo. E para isso, precisou aprender muito. Sobre rede social – sáo quase 16 mil seguidores da Chegou Agorinha – sobre gestão e precificação. Não foi muito difícil porque antes de assumir a loja exclusivamente, vinha de um emprego na área comercial da área da construção civil. A Bruna faz parte da gestão de uma empresa de logística frigorificada. Está em processo de transição para a família seguir juntas nos negócios. Atualmente, o casal atende municipios da região metropolitana de Curitiba, cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. “Tem muita gente descendo de lá para a região Sul. Curitiba, inclusive, é assunto nas páginas dos jornais de Manaus”. Chegou agorinha vem lembrar que o país é vasto e tem muita tradição e cultura para compartilhar.
