Turismo de aventura está em alta no Paraná, mas visitantes devem ficar atentos para não virar problema

Na Serra da Baitaca, opção para quem quer iniciar nos morros e trilhas, número de visitantes subiu quase 20%. Falta de informação e educação, no entanto, vem preocupando

Rodolfo Luis Kowalski
anhangava

Movimento num domingo no Anhangava, um dos morros na Serra da Baitaca: ecoturismo e turismo de aventura em alta no Paraná (Foto: Franklin de Freitas)

A busca por contato com a natureza está em alta. Prova disso é que a procura por atividades relacionadas ao ecoturismo e ao turismo de aventura aumentou consideravelmente neste ano, com dados do Instituto Água e Terra (IAT) apontando um número crescente de visitantes nos parques estaduais. E a Serra da Baitaca, localizada em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), é um ótimo exemplo. Uma ótima opção para aqueles que querem iniciar nos morros e trilhas, a Unidade de Conservação (UC) viu o número de visitantes subir quase 20% neste ano. Só que apesar da saudável curiosidade, a falta de informação e educação vem gerando transtornos – aos próprios visitantes e ao meio ambiente.

De acordo com a bióloga do IAT Marina Rampim, que é chefe do Parque Estadual Serra da Baitaca e do Parque Estadual Pico Paraná, a procura pelo ecoturismo e o turismo de aventura é algo que vem crescendo não só no Brasil, mas em vários locais do mundo. “E aqui no Paraná não é diferente”, afirma ela. “Atualmente o número de visitantes vem crescendo muito nos parques, e um deles no Parque Estadual da Serra da Baitaca”, emenda.

A Serra da Baitaca é onde ficam os morros Anhangava (principal campo escola de escalada do Paraná), Samambaia e Pão de Loth, além de trecho do Caminho do Itupava. Em 2024, entre janeiro e agosto, o parque recebeu 54.943 visitantes, o equivalente a 226 pessoas por dia. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando 46.264 pessoas estiveram na região (191 por dia), houve alta de 18,8% na procura. Ainda em 2023, ao longo de todo o ano, foram registrados 63.693 visitantes.

“É importante a gente ressaltar que esse crescente número de visitações vem causando até alguns problemas para a Unidade, porque as pessoas precisam se adaptar. Muita gente procura esse tipo de atividade, mas não procura se informar antes. Então a gente vem tendo muito problema com isso: a pessoa chega aqui na Unidade e não sabe o regramento, o que pode e o que não pode. Uma Unidade de Conservação, um Parque Estadual, é um lugar diferente de outros lugares que o turista visita. Então são outras regras, outras orientações”, diz Marina Rampim, chefe do Parque Estadual da Serra da Baitaca

“Tem tido muita falta de respeito para com o ambiente”

A primeira dica que Marina Rampim dá aos visitantes é para que procurem se informar antes de se dirigir a qualquer Unidade de Conservação. “As pessoas podem procurar se informar por uma página oficial, ler todas as orientações, acompanhar as redes sociais, como o Instagram, porque a gente sempre atualiza tudo o que acontece no parque por lá. Por exemplo, entrar no site do IAT [www.iat.pr.gov.br], ler as orientações sobre o Parque Estadual que será visitado e se informar sobre as proibições”, orienta.

O guia de montanha e integrante do Corpo de Socorro em Montanha (CosmoMarumbi), Lineu César Filho, segue na mesma linha e reforça que a primeira coisa é buscar informação. “Tem tido muita falta de respeito para com o ambiente também. Primeiro, a pessoa precisa buscar informação sobre o lugar que ela vai visitar. É buscar na internet, hoje a gente tem muita informação disponível. Saber o que é aquele lugar, se é um parque, se é uma propriedade particular, do que se trata. Ver as outras pessoas que foram lá, o que elas relataram sobre aquilo. Então, com base nisso, a pessoa pode começar a se preparar”, afirma.

O fundamental, explica ainda ele, é sempre pensar no mínimo impacto. “A gente quer vir fazer a visitação, quer estar no lugar, e a gente não precisa causar mais impacto do que o necessário para aquela atividade que a gente está fazendo.”

E o que significa causar o mínimo impacto? Em suma, é respeitar os animais e as plantas. Não cortar a vegetação, não deixar lixo para trás e não abrir áreas de clareira. “Esse respeito com a natureza é o que deve nortear o início da atividade. Você vai estar acessando um lugar muito sagrado, muito especial. A gente tem o privilégio de estar acessando esses lugares e assim esperamos que eles permaneçam, preservados, para que as outras gerações também tenham esse mesmo privilégio”, destaca Lineu.

A indumentária certa para o ambiente certo

Além de estar bem informadas e respeitar o lugar que será visitado, as pessoas também devem estar atentas a outras questões antes de se aventurar. “Da mesma forma que a gente não vai para a praia como se estivesse vestido para ir a uma festa ou com uma roupa de frio, na montanha é a mesma coisa”, ressalta o guia Lineu.

A primeira coisa é ter um calçado adequado, confortável e que tenha boa aderência. De preferência uma bota, que dá mais estabilidade no tornozelo. O mais comum é usar calça comprida, para proteger a canela de arranhões e se precaver de mudanças de temperatura, além de levar uma jaqueta impermeável e uma mochila adequada, que ofereça conforto, estabilidade e durabilidade, para carregar todo o equipamento e insumos necessários.

Ter uma lanterna também é sempre fundamental. E o celular não serve como lanterna, mas sim como um backup para emergência (além de poder ser utilizado para navegação e comunicação). Proteção contra o Sol, como um chapéu, boné e/ou óculos escuro e protetor solar, também são itens que não podem ser esquecidos.

Finalmente (mas não menos importante), também é necessário ter um reservatório de água condizente com o tanto de água que há disponível no caminho. “Se a gente precisa beber dois litros e meio de água e não temos fontes de água boas no caminho, temos que carregar toda essa água. Um isotônico ajuda muito, porque só o consumo de água muitas vezes não é suficiente para garantir a hidratação”, orienta ainda Lineu.

Opção de turismo de aventura: como acessar a Serra da Baitaca

O Parque Estadual Serra da Baitaca fica em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No local ficam os morros do Anhangava, Samambaia e Pão de Loth, ótimas opções para quem quer iniciar nesse tipo de aventura. Além disso, o acesso à Unidade de Conservação é fácil e pode ser feito de carro ou até de ônibus. Há funcionários 24 horas para recepção e cadastro de visitantes.

De carro, partindo do trevo do Atuba, em Curitiba, siga pela BR-116, sentido São Paulo, até o trevo de Quatro Barras à direita, seguindo as placas que indicam Borda do Campo e Morro do Anhangava. Chegando ao centro da cidade há uma praça (referência Avenida das Pedreiras), siga o trecho asfaltado até o trailer do IAT à direita, na Rua Izahir Lago.

Por ônibus, é possível pegar a linha Guadalupe – Quatro Barras no terminal do Guadalupe (no Centro de Curitiba), descer no terminal de Quatro Barras e embarcar no circular até a Borda do Campo, descendo no ponto final, bem próximo do trailer do IAT.