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Doenças respiratórias preocupam mais nesta época do ano: frio (Tony Winston/Agência Brasil)

Casos de coqueluche, pneumonia e gripe disparam no Paraná. O número de pacientes cresce junto com a chegada do Inverno, que começou em 20 de junho. A chegada da estação mais fria do ano é motivo de atenção para as doenças respiratórias, uma vez que as temperaturas mais baixas favorecem a circulação de vírus causadores de infecções como gripes, resfriados, pneumonia, Covid-19 e coqueluche.

E os números dessas doenças evidenciam a importância de redobrar os cuidados nesta época em que as ocorrências costumam aumentar.

Entre janeiro e a primeira quinzena de junho deste ano, por exemplo, foram confirmados 24 casos de coqueluche no Paraná, o que representa um aumento de 500% em relação ao mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2023, inclusive, haviam sido confirmados 17 casos da doença. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Já com relação aos casos de gripe (influenza) e pneumonia, a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa-PR) aponta que de janeiro a abril deste ano um total de 9.950 pessoas foram internadas para tratamento, uma média de 82 internamentos por dia, com 1.521 óbitos. Em 2023 a média diária de internações foi maior (91 no quatro primeiros meses do ano), mas o número de mortes (1.145) ficou bem abaixo da mortalidade atual.

Além disso, em todo o ano de 2023 foram contabilizados 3.694 internamentos e 4.409 óbitos pelas doenças. De acordo com o Ministério da Saúde, além dos casos de gripe e resfriados, nesta época do ano também são mais comuns os casos de sinusite e o agravamento de outros problemas, como rinite alérgica, asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Além da vacinação, algumas medidas podem prevenir essas doenças, tais como: higienização das mãos; evitar ambientes fechados e sem ventilação; proteger a boca ao tossir; beber bastante água; evitar o uso de cigarro; manter a alimentação balanceada e saudável; prática regular de atividade física.

Apesar de os sintomas variarem entre cada doença, no geral, tosse (podendo ter secreção ou não), congestão nasal e coriza são sintomas comuns. Essas manifestações também podem ser acompanhadas de febre e é importante ressaltar que todos os sintomas devem ser avaliados por um profissional de saúde, principalmente nos casos de febre alta, falta de ar e dor no peito.

“Uma pessoa com coqueluche pode infectar entre 12 e 17 outras pessoas”

Segundo o bioquímico e responsável técnico do LANAC – Laboratório de Análises Clínicas, Marcos Kozlowski, a coqueluche, também conhecida como “tosse comprida”, é uma doença infecciosa respiratória aguda e altamente contagiosa. “Estima-se que uma pessoa com coqueluche pode infectar entre 12 e 17 outras pessoas. A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto do doente por meio de gotículas eliminadas ao tossir, espirrar ou até mesmo ao falar. Em alguns casos, a transmissão pode ocorrer através de objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes”, explica.

O diagnóstico precoce, explica o especialista, é fundamental, embora possa ser complicado devido à semelhança dos sintomas iniciais com outras doenças respiratória. “O período de incubação do bacilo, ou seja, o intervalo de tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas, é, em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 4 a 21 dias e, em casos raros, chegar até 42 dias, sendo a tosse seca persistente um forte indicativo da doença”, afirma.

A principal forma de detecção é o exame PCR, mas também os exames sorológicos como o IgM e o IgG se fazem necessários, bem como hemogramas e raios-x de tórias podem ser realizados para avaliar o estado geral do paciente e descartar outras condições que possam estar causando sintomas semelhantes.

Já a melhor forma de prevenção continua sendo a vacinação, comenta a enfermeira Kátia Oliveira, da Clínica Vacinne. “A vacinação é a nossa melhor defesa contra a coqueluche e outras doenças infecciosas. A vacina protege não só o indivíduo, mas também garante uma proteção coletiva e combate à transmissão. Além disso, quando há um número expressivo de vacinados, o vírus encontra dificuldades para circular. Por isso, é fundamental imunizar o máximo de pessoas possível”, afirma ela, explicando que várias vacinas oferecem proteção contra a doença, como a vacina DTPa, vacina dTpa, vacina dTpa-VIP, vacina pentavalente acelular e vacina hexavalente.

Como proceder: atenção à “etiqueta respiratória” e quando procurar um médico

As doenças respiratórias, aponta a Sesa-PR, podem ser prevenidas com vacina, muita hidratação e cuidado em manter ambientes arejados. Inclusive, a “etiqueta respiratória” recomenda a utilização de máscaras cirúrgicas, em caso de coriza ou tosse, higienização das mãos com água e sabonete ao longo do dia, além de cobrir boca e nariz com um lenço de papel ao tossir ou espirrar – fazendo o descarte do material imediatamente após o uso.

Além disso, em caso de suspeita da doença o usuário do SUS deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa, onde será avaliado pelas equipes. Caso haja a necessidade de um tratamento intensivo, o paciente poderá ser encaminhado para uma unidade de referência.

Um levantamento da Divisão de Saúde da Família da Sesa mostra que em 2023 houve 227.988 atendimentos da Atenção Básica à Saúde (APS) para pneumonia e gripes. Em 2024, até maio foram realizados 84.639 atendimentos.

A chefe da divisão, Rosiane Aparecida da Silva, ressalta que a atenção deve ser redobrada em relação ao grupo de maior risco como idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. “Alguns dos principais sintomas da doença são tosse, dor de garganta, dor de cabeça, mal-estar e dor no corpo, secreção nasal excessiva e febre. Alguns casos podem evoluir para complicações como pneumonia, portanto, o cuidado com a saúde e prevenção são essenciais”, diz.

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