HORTA COMUNITARIA
Produção de hortaliças na Grande Curitiba (Foto: Franklin de Freitas)

Os dias de frio com geada que a Grande Curitiba registrou não devem impactar tão expressivamente o preço das hortaliças e dos legumes. Ao menos é isso o que espera a Ceasa (Central de Abastecimento) de Curitiba, apontando que, ao menos por ora, não há evidências de que a ‘friaca’ curitibana tenha afetado a produção na RMC (Região Metropolitana de Curitiba). Isso ocorre porque as geadas registradas até aqui não foram tão fortes, além de outros fatores como o fato de legumes costumarem vir de outros estados para abastecer a Capital e de haver uma super oferta de hortaliças no mercado.

De acordo com Evandro Pilati, técnico em comercialização das Centrais de Abastecimento do Paraná S.A. (Ceasa), a Grande Curitiba já havia registrado há pouco menos de um mês geada e o impacto no comércio não foi tão grande.

“Não temos quase produção de legumes na Região Metropolitana de Curitiba. [A geada] afetou mais abobrinha, vagem, pepino japonês… São produtos que já estavam com o preço elevado e isso deve continuar. Mas não por conta da geada, e sim do clima seco”, explica o especialista. “E legumes em geral, quase 100% vem de fora: de São Paulo, alguma coisa do Espírito Santo, do nosso Litoral – principalmente Morretes e Antonina – e um pouco da Bahia. Essas regiões não foram afetadas”, emenda ainda ele.

Hortaliças e cotação diária de preços

Com relação às hortaliças, Pilati explica ser necessário esperar mais um pouco para se fazer uma avaliação mais precisa. Os primeiros sinais, no entanto, são positivos. Ou seja: a produção não foi afetada até o momento pelas geadas e não deve haver uma alteração brusca de preços. “Vamos ver a partir de amanhã [terça-feira] e quarta se as produções de alface, couve-flor e brócolis foram afetadas. Mas acredito que não, porque não foi uma geada tão forte. Mas só amanhã vamos realmente saber o resultado e lá por quarta-feira teremos uma previsão mais certeira”, antecipa Pilati.

Nesta segunda-feira (26), comenta ainda o especialista, a cotação diária de preços da Ceasa não teve quase alteração. “Com exceção da vagem, abobrinha e pepino, permaneceu estável ou até em queda”.

Super oferta

Ainda conforme Evandro Pilati, o mercado está convivendo também com uma super oferta de hortaliças, o que ajuda a segurar os preços mesmo com a ocorrência de geadas. Como exemplo, ele cita o caso do tomate, que perdeu muito valor nos últimos tempos.

“Alguns produtos, como o tomate, o preço despencou. Um monte de produtor de São Paulo, Goiás e Minas Gerais cortando, porque não compensa colher”, afirma Pilati. Isso estaria ocorrendo, inclusive, porque o tomate, nos últimos anos, chegou a registrar expressivas elevações de preço, o que tornou a cultura muito rentável. “Aí, por coincidência ou não, o preço da soja e milho caiu muito e produtores menores começaram a mudar de ramo, ir pra verdura, e aumentou muito o plantio de tomate. O mercado não absorve tudo, acabou tendo superprodução”, relata.

No Paraná, chuva e geada atrapalham produção de milho e trigo

Divulgado nesta semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA) aponta que a ocorrência de chuvas e geadas entre os dias 1º e 21 de agosto pode ter impactado as produções de milho e trigo no Paraná. A publicação aponta as condições agroclimáticas e de imagens de satélite atualizadas dos cultivos de verão/inverno da safra 2023/2024.

Com relação ao milho, o levantamento destaca que as precipitações registradas nas três primeiras semanas do mês paralisaram as operações de colheita em algumas regiões. Mas não afetaram a qualidade do grão.

Quanto ao trigo, as lavouras se encontram em diversos estágios de desenvolvimento e uma pequena parcela foi colhida. A falta de chuvas em algumas regiões (especialmente na metade norte do estado) e a ocorrência de geadas, no entanto, pode ter impactado algumas lavouras em desenvolvimento vegetativo e floração. Por outro lado, a maioria das áreas cultivadas na metade sul do Paraná estão com o índice de vegetação acima da média. Isso ocorre graças às condições favoráveis durante o desenvolvimento das lavouras.