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Uma audiência de instrução, marcada para as 14 horas desta segunda-feira, 6 de março, decidirá se o agressor do músico Neno, 55 anos, será julgado em um júri popular. Em novembro do ano passado, Neno, que é negro, foi brutalmente agredido por um homem armado de um cassetete e acompanhando de um cachorro bravo, após proferir ofensas racistas.

Nesta audiência serão ouvidas testemunhas da acusação e da defesa.

O caso foi revelado ao ter as imagens de câmeras de segurança divulgadas e provocarem revolta nas redes sociais. No vídeo, o músico Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno, passa pelo calçadão da rua Doutor Faivre quando Paulo Cezar Bezerra da Silva o aborda e começa o ataque. Neno é atingido na nuca, no rosto e nas pernas. O cão também ataca o músico.

Após o caso vir a público, Neno é entrevistado pelas TVs locais onde aparece machucado e com hematomas do rosto. Nas entrevista, ele afirma ter sido chamado de “macaco” e “negro sujo”. O agressor ainda teria dito que “morador de rua tem que apanhar”.

Testemunhais confirmam que o ataque foi racista. O agressor teria sido visto em dias anteriores xingando o músico, conforme relataram testemunhas do caso, que corre em segredo de justiça.

O caso foi registrado inicialmente no 12° Batalhão de Polícia Militar como lesão corporal e não como racismo ou injúria racial. Paulo Cezar Bezerra da Silva, que foi solto após prestar depoimento, teve a prisão preventiva decretada em 29 de novembro de 2022.

Segundo informações da Polícia Civil, as investigações estão sendo coordenadas pelo 1º Distrito Policial e que a denúncia de injúria racial será anexada ao inquérito. O advogado da vítima, José Carlos Portella Junior, disse, que vai pedir o indiciamento por tentativa de homicídio e injúria racial. O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONSEPIR) encaminhou requerimento à polícia pedindo a prisão do suspeito.

O caso, que pode ser levado a júri popular, trata de uma tentativa de homicídio combinada com a qualificadora de injúria racial.