neno
Reprodução

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) negou recurso da defesa e agressor do músico negro Odivaldo Carlos da Silva, o Neno, Paulo Cezar Bezerra da Silva vai mesmo a júri popular em Curitiba. A decisão é do dia 19 de julho. A data do julgamento deve ser marcada nos próximos meses. Bezerra será julgado por tentativa de homicídio triplamente qualificado, sendo apontada como uma das motivações para as agressões o preconceito racial. Ele atacou Neno em calçada da rua Doutor Faivre em 22 de novembro de 2022.

Leia mais

Agressor causou ferimentos graves no músico negro

O caso foi revelado ao ter as imagens de câmeras de segurança divulgadas e provocarem revolta nas redes sociais. No vídeo, o músico Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno, passa pelo calçadão da rua Doutor Faivre quando o agressor Paulo Cezar Bezerra da Silva o aborda e começa o ataque. Na agressão registrada em Curitiba, o músico negro Neno é atingido na nuca, no rosto e nas pernas. O cão também ataca o músico.

Intolerância racial

De acordo com a 2ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida, que assina a denúncia criminal, na data do ocorrido, na Rua Doutor Faivre, no centro da capital, sem qualquer motivação além da intolerância racial, o réu desferiu diversos golpes com um cassetete contra a vítima e ofendeu a sua dignidade, proferindo palavras ofensivas contra sua raça e sua cor – ele teria dito “Ei, negro! Macaco! Morador de rua tem que morrer!”. Além das agressões físicas e ofensas verbais, ele teria incitado seu cão a atacar o músico. Em seguida, ainda nas proximidades de onde o crime foi praticado, o denunciado teria tido atitude semelhante em relação à outra vítima – um homem que vivia em situação de rua.

O réu, que está preso preventivamente, será julgado pelo Tribunal do Júri pelo crime de injúria racial e pelas duas tentativas de homicídio, sendo apontadas como qualificadoras o motivo torpe, o uso de meio cruel e a utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima.

Agressão deixou ferimentos graves em músico negro de Curitiba

O músico sofreu ferimentos no rosto, levou cinco pontos, fraturou o maxilar, quebrou um dente, e ficou com marcas de mordidas de cachorro nos braços e nas costas.

Testemunhais confirmam que o ataque foi racista. O agressor do músico negro teria sido visto em dias anteriores xingando o músico, conforme relataram testemunhas do caso, que corre em segredo de justiça.

Paulo Cezar Bezerra da Silva, que foi solto após prestar depoimento, teve a prisão preventiva decretada em 29 de novembro de 2022 e segue preso.

O que disse o agressor

Em depoimento à polícia, Paulo Cezar disse que os comerciantes que pagavam pelos serviços dele como segurança não pediam que ele usasse o cassetete, e que a ferramenta foi adotada por ele por iniciativa própria.