Livros raros, instrumentos e até um caixão: músico de Curitiba tem uma coleção inusitada

Paixão pelo colecionismo começou na infância e lista conta com vários objetos incomuns

Redação Bem Paraná
0cf caixao

Douglas e o item mais inusitado de sua coleção, um caixão: “Vai ver o Drácula está de mudança”, brinca (Franklin de Freitas)

O músico Douglas Voorhees, de 26 anos, nutre, desde a infância, o gosto por colecionar objetos inusitados. Muitos deles, no entanto, são antiguidades, como a primeira edição do livro ‘O Exorcista’, brinquedos, instrumentos e televisão dos idos de 1970.

A paixão por antiguidades iniciou na infância, quando o músico ia à casa dos parentes, no interior do Paraná, e se deparava com rádios e fitas.

Contudo, a lista de objetos colecionáveis ficou cada vez mais inusitada com o tempo. O apartamento de Voorhees parece comum à primeira vista. Mas, ao entrar em seu quarto, o cenário se transforma e logo pode-se deparar com o item mais incomum da coleção: um caixão.

O vocalista e guitarrista da banda Os Valletes é conhecido por suas coleções peculiares. Ele foi lembrado por uma amiga quando ela adquiriu um Galaxie, um carro da Ford dos anos 1970, que havia pertencido a um dono de funerária. Ao chegar em Curitiba, o veículo ainda tinha um caixão dentro.

Voorhees não hesitou em aceitar a oferta da amiga e rapidamente demonstrou interesse pelo caixão, que carinhosamente batizou de Zé, em homenagem ao icônico personagem Zé do Caixão.

O antigo dono do carro, que também era proprietário de funerária, revelou que o caixão era utilizado para transportar corpos. Douglas, por outro lado, acredita que o caixão nunca foi usado.

Ainda assim, isso não seria um problema para ele, já que não é supersticioso. Ele explica que aceitou o caixão sem grandes intenções, mas, com o tempo, acabou se afeiçoando à peça.

O caixão não é o único item inusitado da coleção de Douglas. Ele conta que durante um tempo colecionou animais empalhados. “Hoje eu não tenho mais eles. muita logística de ficar levando bicho [durante as mudanças]. Parece que pega pó também. Eu achei meio anti-higiênico com o tempo”, comenta sobre a então coleção.

(Foto: Rui Santos)

Um assassino de aluguel ou funcionário de funerária?

Voorhees está com o caixão há cinco anos. Durante esse tempo, ele já precisou mudar de residência pelo menos quatro vezes. E, quando chega com a mudança na nova casa, os vizinhos começam a especular sobre o caixão.

“Eles tentam descobrir com o que a gente tá metido. Se a gente é um assassino de aluguel, se a gente é uma pessoa que trabalha numa funerária, se a gente é muito esquisito, não sei. Elas acham que nós temos algum distúrbio. Mas é só um caixão”, comenta Voorhees.

Quando mudou-se para um condomínio de apartamentos no Cabral, o caixão foi o assunto principal no grupo de WhatsApp. Um morador enviou uma mensagem de texto: “Boa noite! Acabamos de ver uma pessoa carregando um caixão no bloco 1”. O vizinho respondeu: “Tomara que não seja Covid”. Com bom humor, uma moradora comenta: “Vai ver o Drácula está de mudança”.

Ao fazer as mudanças, o músico tenta esconder o caixão o máximo possível, para evitar especulações ou até mesmo que as pessoas olhem para ele faça o sinal da cruz – o que já aconteceu.

Mesmo com o trabalho de fazer o translado durante as mudanças, Voorhees não pensa em se desfazer de Zé. Ao contrário, ele almeja ter uma coleção de caixões de vários tamanhos e cores. Para o músico, os caixões não representam apenas a associação com a morte, ele aprecia os detalhes e acabamentos, como os relevos na madeira.

Quando perguntado sobre o futuro do caixão, Voorhees responde com serenidade. “Acho que ele não merece ser enterrado. Tem que continuar circulando. Se eu achar alguém, assim, que goste, eu deixo a minha coleção para essa pessoa”.