Richel de Aguiar, 36 anos: um livreiro nômade (Valquir Aureliano)

Quem participa das feiras que acontecem por Curitiba  ou costuma passar por algumas das principais praças curitibanas, como a Praça Osório, possivelmente já se deparou com uma bicicleta repleta de livros passeando pela cidade. Quem a pedala é Richel de Aguiar, 36, um catarinense que há um ano mora na capital paranaense e resolveu fazer da literatura o seu sustento, criando um sebo sobre rodas.

NOMADE DE LIVROS FAZ EXPOSIÇÃO EM BICICLETA

Todos os dias ele, que mora no Centro, carrega cerca de 100 livros por Curitiba, levando as obras em duas caixas decoradas, que ficam na parte da frente e de trás da magrela. Durante os trajetos, faz paradas em diversas feiras e praças, expondo e oferecendo os livros aos curitibanos na tentativa de não só conseguir clientes, mas principalmente conquistar e formar leitores.

“É um projeto meio romântico, nadar contra a maré, né? Vender livro… Poxa, quase ninguém mais se importa com livro, o que é uma pena. Mas eu queria isso, compartilhar conhecimento, aprender, me relacionar. E é o que eu estou fazendo, é o que eu sinto que estou fazendo”, comenta Richel. “É algo que tem potencial de transformação, de formação pras pessoas. É fazer as pessoas pensarem diferente e isso é muito importante. A literatura traz referências para que as pessoas pensem por outras perspectivas”, emenda.

Nascido em Joinville, o ‘livreiro nômade’ conta que decidiu começar a trabalhar com livro durante a pandemia, quando se mudou para o sudoeste do Paraná e foi viver com a família (a esposa, Dani, e o filho Pedro, hoje com 13 anos) em contato com a natureza, produzindo orgânicos. Nesse período, começou a ler mais e viu florescer a vontade de compartilhar esse gosto pelas letras com as outras pessoas.

Ao chegar em Curitiba, trabalhou por algum tempo num sebo ‘tradicional’, para adquirir experiência, e logo começou a desenvolver seu próprio negócio. Inicialmente, saía pela cidade com uma mochila carregada de livros, abordando as pessoas na rua para oferecer literatura. Como viu que a forma de abordagem e o modelo de negócio não eram os ideais, há cerca de nove meses acabou criando o formato atual do projeto.

“Comecei com uma caixinha pequena, que cabia uns vinte livros. Depois fiz outra caisa, maior, que cabiam cinquenta livros e agora já ando com duas caixas grandes repletas de obras. Agora já estou consolidado, a gente vive disso. Não tem luxo nenhum, mas pagamos nossas contas, pagamos o aluguel e damos uma ou outra voltinha de vez em quando”, conta ele.

Para acompanhar mais sobre o trabalho da Livros Nômades ou mesmo fazer alguma encomenda, basta seguir o sebo sobre rodas no Instagram (@livros_nomades), onde também é possível encontrar o contato (WhatsApp) de Richel e sua esposa. Todos os dias ele está pedalando pela cidade, tendo alguns pontos onde já é conhecido e costuma aparecer com frequência: a Feira do Largo da Ordem, no domingo de tarde; a Feira Livre da Praça 29 de Março, no domingo de manhã; o Passeio Público, aos sábados; e a Praça da Ucrânia, na noite de sexta-feira.