Morador de Curitiba, Engenheiro Verde já plantou mais de 2 mil árvores desde 2008

Depois de ajudar a criar uma 'Linha Verde' na ciclovia entre a Rodoviária e o bairro Boa Vista, Napoleão Chiamulera luta para recuperar mata ciliar de um córrego no Cabral

Rodolfo Luis Kowalski
NAPOLEAO CHIAMULERA ATIVISTA AMBIENTAL

Napoleão Chiamulera, o Engenheiro Verde: 2,5 mil árvores plantadas em Curitiba desde 2008 (Foto: Franklin de Freitas)

“Um plantador de árvores tentando salvar o planeta.” É assim que Napoleão Chiamulera, mais conhecido como Engenheiro Verde, se apresenta em suas redes sociais. Morador do bairro Cabral, uma região nobre de Curitiba, ele trabalha desde 2008 no plantio de árvores diversas pela cidade. Primeiro, plantou mais de mil mudas ao longo da ferrovia e da ciclovia que cruza os bairros Cristo Rei, Alto da XV, Hugo Lange e Bacacheri, criando o que ele chama de uma “linha verde” de cinco quilômetros. Agora, dedica-se à recuperação da mata ciliar de um córrego ao lado do Jardinete Felipe Nievola, no bairro onde vive.

Ao longo de 16 anos de dedicação apaixonada à natureza, o Engenheiro Verde estima ter plantado cerca de 2,5 mil árvores de 75 espécies diferentes pela cidade, enriquecendo o verde de Curitiba com o plantio de exemplares nativos, como araucária, pinheiro, imbuia, caliandra, embiruçu, canela-sassafrá e canela-fogo.

“Só planto árvore nativa da Mata Atlântica e espécies típicas do Primeiro Planalto. Eu planto tudo com muito critério: faço cova funda, uso adubo orgânico e coloco pouco adubo mineral, que eu não gosto. Mas eu planto com critério, sempre plantando a árvore certa no lugar certo. E existem quatro tipos de árvore, basicamente: árvores de sombra, de sol, de lugar seco e de lugar úmido. Então você tem que tentar fazer o plantio mais ou menos dentro disso”, explica Napoleão, que chama sua paixão pela natureza e pelo plantio de árvores de “minha loucura”. Certamente uma loucura saudável – para ele e para a gente, que acaba desfrutando, de uma ou de outra forma, de seus esforços.

“Essa é a minha loucura. Queria que mais pessoas entendessem que eu estou fazendo isso e também que pudessem me ajudar, porque isso aqui vai ficar [pras gerações futuras]. É um negócio que eu faço e me dá um prazer imenso, assim como me dá muito prazer também quando vou na ciclovia e vejo as árvores que plantei majestosas, florescendo”

Napoleão Chiamulera, o Engenheiro Verde

Após um trabalho de escoteiro, nasce o Engenheiro Verde

Tudo teve início em 2008. Naquele ano, a filha de Napoleão, que era escoteira, tinha que fazer uma última atividade pra conseguir a Lis de Ouro, distintivo de mais alto grau do escotismo para alguém de sua idade. Foi quando o pai teve a ideia que acabou virando um divisor de águas em sua própria trajetória.

“Eu falei ‘vamos plantar árvores’. Como era 2008, decidimos plantar oito araucárias próximo da Rua Camões, do lado da ciclovia. Falei para em 2009 plantar mais nove, em 2010 mais dez… Só que aí eu comecei a plantar e não parei mais. Plantei cinco quilômetros de árvore ao lado da ciclovia, lá da Rodoviária até o Boa Vista. Como já tinha muitas árvores na região, fui preenchendo os lugares onde tinha espaço. E depois fui continuando, não parei nem na pandemia”, relata ele, que cresceu numa fazenda no noroeste do Paraná e por lá aprendeu a lidar com a natureza e a plantar árvores. “Então eu tenho uma certa afinidade com essa coisa”, emenda.

Até 2020, quando fez a última contagem, Napoleão havia plantado duas mil árvores pela cidade. Desde então, intensificou ainda mais o ritmo dos trabalhos, já atuando numa nova área, e estima já ter alcançado a marca das 2,5 mil árvores plantadas desde 2008. “Eu gosto disso aqui porque é um legado. Eu estou envelhecendo e as árvores vão crescendo e vão sempre ficando mais novas do que eu.”

Recuperação da mata ciliar de um córrego no Cabral

Depois de completar a “Linha Verde” da ciclovia, entre a Rodoviária e o bairro Boa Vista, há alguns anos o Engenheiro Verde resolveu iniciar uma nova empreitada. No bairro Cabral, começou a trabalhar na plantação de árvores em três terrenos que haviam sido desapropriados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), próximo do Jardinete Felipe Nievola. A ideia é ajudar a recuperar a mata ciliar de um córrego que é tributário do Rio Juvevê. Essa mata é fundamental para proteger o rio de erosões.

“Neste terreno, especificamente, tem um rio que passa aqui. E por que eu vim aqui? Ninguém reclama que eu venho aqui, nem para bater palma e nem para me mandar embora”, comenta Napoleão, explicando ainda que já esteve com dois funcionários da Prefeitura de Curitiba no local. “Eles falaram que aqui perto, por causa do córrego, tem de preservar uma área de 30 metros, que é a área de mata ciliar. E aí eu aproveitei para fazer uma coleção de árvores nativas aqui”, cita o Engenheiro Verde.

Por semana, Napoleão trabalha no local três dias, sempre no começo da manhã (por volta de sete horas), e fica ali de duas a três horas. Para ter alguma ajuda, contrata o Seu Ivo, um morador da Vila Torres. “Ele trabalha como carrinheiro, mas nos dias que ele vem trabalhar comigo, eu ligo pra ele e pago numa diária mais do que ganharia puxando carrinho. Eu não me incomodo de gastar dinheiro com isso, sabe? Desde janeiro já gastei uns R$ 15 mil aqui, de janeiro a agosto. Gasto uns R$ 1 mi, R$ 1,5 mil por mês”, relata ainda Napoleão, convocando aqueles que puderem a ajudá-lo – seja ‘botando a mão na massa’ ou com contribuições financeiras. Para mais informações, basta contatar o Engenheiro Verde através do Instagram (@engenheiroverde).