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Abaixo-assinado pedindo a suspensão das obras na avenida Arthur Bernardes foi entregue à comissão nesta quarta-feira. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Um abaixo-assinado contendo mais de 5 mil assinaturas foi entregue, nesta quarta-feira (14), à Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação. O documento é mais uma iniciativa contra o impacto ambiental das obras realizadas para a implantação do novo projeto da linha urbana do transporte coletivo Inter 2. Na terça (13), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) promoveu uma audiência pública sobre o assunto, mas nenhum representante da Prefeitura de Curitiba compareceu.

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A reivindicação popular de cidadãos curitibanos, que será enviada para a Prefeitura pela presidência do Legislativo, pede a paralisação das obras na altura da avenida Presidente Arthur Bernardes, por conta da previsão de corte de pelo menos 300 árvores na extensão da via. A justificativa do descontentamento por parte da população é de que não houve debate suficiente com os moradores sobre o projeto de mobilidade urbana do Inter 2, especialmente pelo impacto ambiental que ele deve causar.

Responsável pela entrega do abaixo-assinado ao colegiado, a bióloga Ionete Hasse alertou que poderá haver consequências do processo de impermeabilização do solo na drenagem das águas das chuvas, já que existem córregos que cortam os bairros Santa Quitéria, Seminário e Vila Izabel. Ela também questionou a forma como a administração municipal tem realizado os chamamentos públicos para a realização de audiências, queixando-se de que muitos moradores não tomam conhecimento desses debates.

Audiência pública sobre obras do Inter 2

Nesta terça-feira (13), a Câmara Municipal de Curitiba promoveu uma audiência pública para discutir o novo projeto da linha de ônibus Inter 2 e o corte de árvores na extensão da Avenida Arthur Bernardes. A mesa foi composta por Laís Leão, arquiteta e urbanista representando o movimento S.O.S. Arthur Bernardes; Adriana Carneiro, representante da comunidade; e Verônica Rodrigues, também representante da comunidade.

Verônica Rodrigues, artista e ativista ambiental, reforçou a importância da democracia participativa. “Fico emocionada em ver tantas pessoas aqui. Mas, infelizmente, a Prefeitura não está aqui, o Ministério Público não está aqui, a Defensoria Pública não está aqui e nem o Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema). Todos foram convidados”, lamentou Verônica. Ela comentou que encaminhou um ofício ao diretor do Gaema indagando se o projeto na Arthur Bernardes para o Inter 2 estava devidamente acompanhado pelo Plano Diretor de Curitiba atualizado, pelo Plano de Arborização, pelo Plano da Mata Atlântica, pelo Estudo de Impacto Ambiental e pelo Relatório de Impacto Ambiental, assim como pelos laudos referentes a cada uma das árvores que serão cortadas.

“Nenhum desses documentos foi apresentado de forma clara e objetiva. Não fomos e não estamos sendo ouvidos, mesmo com a proposição dessa audiência pública. Isso é uma ofensa à democracia”, disse Verônica. Para ela, seria mais adequado destinar uma das vias já existentes para os ônibus, e não criar uma nova com o real intuito de garantir o fluxo de carros. “Os desafios climáticos são gigantescos e é imperativo preservar áreas permeáveis dotadas de recursos hídricos para mitigar o aumento da temperatura nas cidades”, defendeu.

“Vire o disco, a licitação já foi aprovada”

Verônica expressou perplexidade ao observar que Curitiba, uma cidade que já foi referência urbanística, não considera o custo ambiental para a realização de obras. “Abordamos respeitosamente o prefeito Rafael Greca nas redes sociais, e a resposta que ele nos deu foi: ‘vire o disco, a licitação já foi aprovada’. E eu digo: vire o disco você, prefeito, que está tentando empurrar goela abaixo da população uma obra sem apresentar os estudos referentes aos impactos ambientais”, finalizou Verônica, que entregou à vereadora Giorgia Prates um abaixo-assinado com 5 mil assinaturas solicitando a interrupção das obras.