APedreira Paulo Leminski, em Curitiba (Foto: Franklin de Freitas)

Menos de uma década após a reabertura da Pedreira Paulo Leminski, o funcionamento do Parque das Pedreiras (complexo que inclui também a Ópera de Arame) e os transtornos causados aos moradores da região do bairro Abranches, em Curitiba, deve voltar a ser tema de um processo judicial. Na próxima quarta-feira (13 de setembro) o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Abranches promoverá um encontro para reunir cidadãos que estejam sendo prejudicados pela operação do espaço de eventos, concedido pelo município à DC Set Group. A ideia é iniciar a composição de um abaixo-assinado para judicializar a questão com o apoio do Ministério Público do Paraná (MP-PR), através da Promotoria de Justiça de Meio Ambiente.

A reunião do CONSEG Abranches acontece na próxima quarta-feira (13 de setembro), às 19h30, no Salão Paroquial da Igreja Sant’Ana de Abranches (Rua Vitório João Brunor, 688). Por orientação do Ministério Público, as assinaturas dos signatários do abaixo-assinado precisarão ir acompanhadas dos nomes completos, números de RG e CPF, endereços completos e número de um telefone para contato. Ou seja, será um documento transparente, que pode ser assinado por qualquer morador que se sinta prejudicado, pelos eventos no citado endereço.

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Como relatado pelo Bem Paraná em diversas reportagens publicadas ao longo dos últimos meses, as reclamações dos moradores do entorno do Parque das Pedreiras são diversas. Há quem reclame:

  • do trânsito na região (que fica congestionado quando há bloqueios em ruas como a João Gava), da limpeza pública (por causa do lixo gerado pelo movimento relacionado aos espetáculos, que fica acumulado em ruas no entorno do Parque das Pedreiras);
  • da perturbação do sossego (além de todo o barulho já provocado naturalmente pelos espetáculos, moradores relatam que antes e depois de shows há maquinário e pessoal trabalhando durante a madrugada com a montagem e desmontagem de estruturas e que eventos com som alto ocorrem durante a madrugada na Ópera de Arame, aos finais de semana);
  • e da atuação de “flanelinhas” na região em dias de shows.

Segundo Volnei Lopes da Silva, presidente do CONSEG do Abranches, a ideia de judicializar a questão surgiu após a montagem de um grupo de trabalho para tentar solucionar as demandas da população se mostrar infrutífera.

“O CONSEG Abranches se afastou [do grupo de trabalho]. Havíamos montado um grupo que se reunia quinzenalmente na Pedreira, mas não vimos evolução. Como a coisa não avançou, os eventos continuaram sendo feitos da mesma forma e os problemas se repetiam, nos afastamos e procuramos o Dr. Cordoni [Sergio Luiz Cordoni, do MP-PR], fizemos uma reunião com ele e ele sugeriu que fizéssemos um abaixo-assinado com a população, um documento do CONSEG, para darmos entrada e judicializar o problema”, diz Volnei.

Agenda

Até o final do ano, há pelo menos quatro eventos confirmados para acontecer na Pedreira Paulo Leminski: o “Baile da Santinha”, com Léo Santana, no dia 30 de setembro; “Cabaré”, com Leonardo e a dupla Bruno & Marrone, em 14 de outubro; um show de Jorge & Mateus, marcado para 11 de novembro; e o festival Prime Rock Brasil, que acontecerá em 9 de de dezembro.

A Ópera de Arame, por sua vez, tem eventos diversos já agendados, com apresentações do Candlelight Concert em várias datas (com tributo ao Queen, ao Coldplay, à Vivaldi e aos clássicos do rock) e apresentações de Thiago Arancam (15/9), KLB (23/9), Natiruts (22/10), Rubel (3/11) e Juliette (17/11) já confirmadas.

Não é interesse da população fechar o Parque das Pedreiras, destaca presidente do CONSEG

O presidente do CONSEG Abranches, contudo, faz questão de ressaltar que a intenção dos moradores não é que o espaço cultural seja interditado, mas sim que um novo termo de ajustamento de conduta (TAC) seja firmado entre as partes, para que os problemas apontados pela população que mora no entorno do Parque das Pedreiras sejam, finalmente, resolvidos.

“A única coisa, frisamos na conversa com o Ministério Público, é que não é interesse da população fechar [a Pedreira Paulo Leminski ou a Ópera de Arame], ninguém falou disso. Não queremos criar problema pro concessionário, para quem vai lá frequentar e se divertir. Nós queremos é resolver os problemas que já foram enumerados pelos moradores. Como não houve progresso após as reuniões que fizemos, vamos tentar judicializar através do Ministério Público, com o auxílio do promotor [Sergio Luiz] Cordoni, que deve ter seus caminhos para chamar o concessionário, a Prefeitura e quem for de direito para fazer um TAC”, explica Volnei.

Expectativa de reunião cheia e apelo à população afetada

Segundo Volnei, a reunião do CONSEG Abranches da próxima quarta-feira deve reunir dezenas de moradores, a exemplo do que já havia acontecido em junho, quando a situação do Parque das Pedreiras também foi debatida pelo órgão. Ele, inclusive, faz um apelo à população para que participe do encontro.

“Queremos que os moradores exerçam seus direitos e compareçam para a gente debater. A população terá direito ao uso da palavra, não só para reportar os problemas referentes ao Parque das Pedreiras, mas outros problemas que tenham. Nosso espectro de atendimento é bem grande”, destaca o presidente do CONSEG, explicando ainda que quem não puder participar também deve ter a oportunidade de ser signatário do abaixo-assinado – o documento deve ser finalizado e entregue ao Ministério Público até o final do mês.

“Algumas pessoas já nos passaram que tem compromisso nesse dia e horário, mas vamos procurar que em cada rua, em cada núcleo, tenha um representante que vá na reunião e fique com o abaixo-assinado para levar aos vizinhos. Queremos fechar isso até o final deste mês, para entrarmos com ação no começo do próximo mês e isso não se arrastar mais, porque quanto mais se arrasta, mais a população sofre”, destaca ele.

Concessionária destaca que segue se reunindo com outros órgãos e lamenta decisão do CONSEG Abranches

Em nota encaminhado ao Bem Paraná, a concessionária do Parque das Pedreiras, a DC Set Eventos, destacou que segue realizando reuniões quinzenais com outros CONSEGs da região e afirmou que várias medidas foram implementadas nos últimos meses de evento, lamentando ainda a decisão do CONSEG Abranches de deixar o grupo de trabalho e judicializar a questão. “Não paramos as reuniões com os demais membros dos CONSEGs, associação e com o Promotor das comunidades, tampouco as medidas que nos propusemos dentro das solicitações e outras que pensamos conjuntamente com os membros do grupo de estudo, prefeitura e equipe interna do Parque”, disse a porta-voz da concessionária, que na tarde desta terça-feira receberá a equipe do Bem Paraná para apresentar mais detalhes sobre a situação.