Franklin de Freitas

Curitiba registrou no primeiro semestre deste ano um verdadeiro salto no número de contratos de trabalho encerrados por morte do trabalhador. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, mostram que entre janeiro e junho de 2021 ocorreram 1.307 desligamentos por morte na capital paranaense, um aumento de 219,56% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando haviam 409 registros. Os números da primeira metade deste ano, inclusive, superam até mesmo os do ano passado inteiro (1.061).

Analisando-se os dados mês a mês, é possível notar que o aumento nos registros ocorreu, principalmente, a partir de março, coincidindo com o agravamento da crise sanitária provocada pela Covid-19. Ainda assim, é importante destacar que as informações do Caged não detalham a causa do óbito, ou seja, não é possível verificar quantas dessas mortes foram, efetivamente, causadas pela doença pandêmica.

Ainda assim, o banco de dados é uma ferramenta fundamental para se analisar o aumento na ocorrência de óbitos entre trabalhadores formais durante a pandemia. Através dele, por exemplo, verifica-se que o quantitativo de óbitos cresceu, em números absolutos, principalmente entre trabalhadores como vigilantes, porteiro de edifícios, faxineiros e vendedores do comércio varejista. Proporcionalmente, outros aumentos expressivos ocorreram entre frentistas e recepcionistas, superando a marca de 1.000% de crescimento no número de mortes.

Já de partida, então, é possível notar que trabalhadores do setor de serviços, onde atuam sobretudo os mais pobres e menos escolarizados, que dependem do trabalho fora de casa para obter renda, são os que mais frequentemente estão falecendo nesta pandemia, também. Coincidência, apenas? Improvável. Altamente improvável.

As cinco profissões com mais desligamentos por morte no município entre janeiro e junho, por exemplo, foram: faxineiros (65 desligamentos por morte), porteiro de edifícios (62), vigilante (58), vendedor de comércio varejista (45), motorista de caminhão (43) e motorista de ônibus urbano (41).

Só entre essas profissões, o aumento no quantitativo de mortes, comparando-se o primeiro semestre de 2020 com os seis primeiros meses de 2021, variou entre 181 e 514%.

Por outro lado, as profissões com maior crescimento no número de desligamentos por morte ocorreu entre frentistas e recepcionistas, nos dois casos com o número de óbitos passando de um em 2020 para 12 em 2021 – um avanço de 1.100%.

Abaixo você pode conferir uma tabela com os dados detalhados sobre as profissões com mais desligamentos por morte em Curitiba.

Profissões com mais desligamentos por morte em Curitiba

Técnico de enfermagem
2021: 10
2020: 5
Variação: +100%

Controlador de entrada e saída
2021: 11
2020: 2
Variação: + 450%

Auxiliar de escritório
2021: 40
2020: 11
Variação: + 263,64%

Assistente administrativo
2021: 31
2020: 12
Variação: + 158,33%

Operador de caixa
2021: 21
2020: 4
Variação: + 425%

Recepcionista
2021: 12
2020: 1
Variação: + 1.100%

Operador de telemarketing ativo e receptivo
2021: 19
2020: 4
Variação: + 375%

Cobrador de transportes coletivos
2021: 29
2020: 7
Variação: +314,29%

Cozinheiro geral
2021: 13
2020: 8
Variação: + 62,5%

Auxiliar nos serviços de alimentação
2021: 16
2020: 4
Variação: + 300%

Zelador de edifício
2021: 17
2020: 5
Variação: +240%

Trabalhador de serviços de limpeza e conservação de áreas públicas
2021: 34
2020: 19
Variação: + 78,95%

Faxineiro
2021: 65
2020: 27
Variação: + 140,74%

Vigilante
2021: 58
2020: 13
Variação: +346,15%

Porteiro de edifícios
2021: 62
2020: 22
Variação: + 181,82%

Vigia
2021: 17
2020: 6
Variação: +183,33%

Fiscal de loja
2021: 12
2020: 0

Vendedor de comércio varejis
2021: 45
2020: 16
Variação: + 181,25%

Promotor de vendas
2021: 10
2020: 1
Variação: + 900%

Repositor de mercadorias
2021: 11
2020: 3
Variação: + 266,67%

Frentista
2021: 12
2020: 1
Variação: + 1.100%

Atendente de lojas e mercados
2021: 12
2020: 2
Variação: + 500%

Mestre (construção civil)
2021: 10
2020: 6
Variação: + 66,67%

Servente de obras
2021: 20
2020: 10
Variação: + 100%

Motorista de carro de passeio
2021: 15
2020: 5
Variação: + 200%

Motorista de furgão ou veículo similar
2021: 10
2020: 3
Variação: + 233,33%

Motorista de ônibus urbano
2021: 41
2020: 10
Variação: + 310%

Motorista de caminhão
2021: 43
2020: 7
Variação: + 514,29%

Alimentador de linha de produção
2021: 13
2020: 8
Variação: + 62,5%

Operador de estação de captação, tratamento e distribuição de água
2021: 13
2020: 9
Variação: + 44,44%

Desligamentos por morte em Curitiba, mês a mês

2020
Janeiro: 62
Fevereiro: 63
Março: 84
Abril: 72
Maio: 48
Junho: 80
Julho: 134
Agosto: 118
Setembro: 120
Outubro: 74
Novembro: 84
Dezembro: 122

2021
Janeiro: 123
Fevereiro: 110
Março: 249
Abril: 258
Maio: 251
Junho: 316

Fonte: Microdados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia

Capital tem mais 598 casos e 16 mortes pela Covid-19

A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba registrou, ontem, 598 novos casos de Covid-19 e 16 óbitos. Até o momento foram contabilizadas 6.825 mortes na cidade e 264.929 moradores de Curitiba testaram positivo para a doença.

São 6.227 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus.

Paraná — No Paraná foram mais 1.524 casos confirmados e 115 mortes. Os dados acumulados somam 1.398.587 casos confirmados e 35.844 mortos em decorrência da doença.

Brasil — O boletim do Ministério da Saúde de ontem computou mais 34.885 casos da Covid e 1.211 mortes. O total até ontem foi para 20.212.642 de casos e 564.773 óbitos. Apesar do número de mortes alto, a média móvel está abaixo de mil desde o último dia de julho.