ENEM COLEGIO ESTADUAL PEDRO MACEDO SALA DE AULA
(Franklin de Freitas)

O Brasil – e o Paraná não foge à regra – encara uma escalada de violência no ambiente escolar. Ontem, a Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo (SP), registrou um ataque a tiros que deixou três estudantes feridos e uma aluna morta. Segundo dados do Instituto Sou da Paz, foi o nono caso desse tipo de violência em escolas do Brasil neste ano, período em que nove mortes foram registradas.

Trata-se de um recorde de ocorrências desde o início da série histórica, em 2002, sendo que um desses episódios foi registrado no Paraná: em Cambé, no norte do estado, no dia 19 de junho, quando um ex-aluno entrou armado no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, alegando que solicitaria o seu histórico escolar, e matou dois alunos a tiros (e só não fez mais vítimas porque um professor conseguiu o imobilizar).

Um levantamento feito com base no Sistema de Informação de Agravos e Notificações (Sinan), contudo, demonstra que outros tipos de violência também estão em alta nas escolas brasileiras e paranaenses. Os dados, levantados mostram que em 2022, último ano com dados disponíveis, foi registrado um nível inédito de notificações de violência física, sexual e/ou outras violência que tiveram alguma escola como local específico da ocorrência.

Os registros já vinham numa escalada impressionante antes pandemia, tendo saltado de 1.276 registros no país em 2010 para 7.100 em 2019 (variação de +456%). No Paraná, o salto foi ainda mais expressivo, passando de 76 ocorrências para 1.039 no mesmo período.

Nos anos de pandemia (2020 e 2021), contudo, os registros despencaram, num possível reflexo das medidas de isolamento social e da adoção de um sistema de aulas remotas por conta da crise sanitária. Só que em 2022, primeiro ano após a “volta à normalidade”, as notificações de violência alcançaram um patamar inédito, com 9.327 registros envolvendo diferentes formas de violência em escolas brasileiras. O Paraná foi o segundo estado com mais registreos no último anos, com 1.354 ocorrências, atrás apenas de São Paulo (3.170) e logo a frente de Minas Gerais (843)

No caso paranaense, foram anotadas 3.864 notificados em cinco anos (entre 2018 e 2022), sendo os tipos de violência mais comuns os seguintes: violência física (1.697 ou 43,4% do total), lesão autoprovocada (839 ou 21,7%), negligência/abandono (804 ou 20,8%), violência sexual (703 ou 18,2%); e violência psicológica/moral (389 ou 10%). A soma dos porcentuais dá mais do que 100% porque um mesmo caso pode envolver mais de um tipo de violência.

Notificações de violência interpessoal/autoprovocada em escola

Brasil
2022: 9.327
2021: 2.46
2020: 1.710
2019: 7.100
2018: 6.242
Paraná
2022: 1.354
2021: 313
2020: 217
2019: 1.039
2018: 941

Estados com mais notificações de violência interpessoal/autoprovocada em escolas no ano de 2022
São Paulo: 3.170
Paraná: 1.354
Minas Gerais: 843
Rio de Janeiro: 798
Rio Grande do Sul: 511

Tipos de violência mais comuns nas escolas do Paraná (2018 a 2022)
Total de ocorrências: 3.864
Lesão autoprovocada: 839
Violência física: 1.697
Violência psicológica/moral: 389
Tortura: 35
Violência sexual: 703
Violência financeira/econômica: 36
Negligência/abandono: 804
Trabalho infantil: 22
Violência decorrente de intervenção legal: 9
Outra violência: 583