Imagem de arquivo da Polícia Ambiental do Paraná mostra balão apreendido na Grande Curitiba (Franklin de Freitas)

O Paraná vem registrando nos últimos tempos um aumento nas ocorrências envolvendo o crime de soltar balão. Só neste ano a Polícia Militar (PM) registrou cinco ocorrências de fabricação ou de apreensão de balões na Região Metropolitana de Curitiba, enquanto a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) abriu no ano passado quatro inquéritos para investigar a soltura de balões na Capital. Além disso, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) anota nos últimos anos um aumento nas ocorrências com balões no estado, com a Grande Curitiba concentrando a maior parte dos registros.

A situação, inclusive, levou a Polícia Civil do Paraná (PCPR) a divulgar recentemente um alerta à população sobre os perigos de soltar balão, uma vez que nos meses de junho e julho, período em que acontecem as tradicionais festas juninas e julinas, aumenta a incidência da soltura de balões. Isso se torna uma ameaça ao ambiente, podendo ainda causar incêndios, interrupção de energia elétrica e risco para a aviação.

Não à toa a conduta é ilegal, com a legislação brasileira proibindo a fabricação, venda, transporte e a soltura de balões, ato que é considerado crime ambiental punível com um a três anos de prisão ou multa (sendo possível a aplicação dos dois tipos de sanção cumulativamente).

“Na queda do balão, há o risco de incêndio de graves proporções, atingindo não só matas e florestas como também ambientes habitados, colocando em risco a vida de inúmeras de pessoas”, alerta o delegado da PCPR e titular da DPMA, Guilherme Dias, explicando ainda que o balão é produzido com material inflamável e que permite uma rápida propagação do fogo. Uma prática perigosa, portanto.

Há cerca de um mês, inclusive, um balão grande caiu na Avenida Prefeito Omar Sabbag, no Jardim Botânico. Com a queda, a rede elétrica registrou uma pequena explosão (um curto-circuito) e diversos moradores da região ficaram sem energia por mais de uma hora – sete quadras de residências teriam ficado ‘no escuro’e o trânsito na região chegou a ser fechado porque alguns fios de energia ficaram pendurados, tocando na via.

Em casos de emergências, incêndios ou incidentes envolvendo balões, os cidadãos devem entrar em contato com o Corpo de Bombeiros através do telefone 193.

Cenipa já registrou 486 ocorrências desde 2012
Apesar da aparente distância entre os ambientes de aviões e os balões de ar quente, eles podem se cruzar, representando um risco para todos os envolvidos. E no Paraná, desde 2012 o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) registrou um total de 486 ocorrências com balões.

Em 2023, por exemplo, o programa de Risco Baloeiro, criado com a finalidade de coletar informações sobre eventos relacionados a balões livres de ar quente não tripulados, registrou 36 ocorrências com balões no Paraná, 17 delas (47% do total) anotadas desde o início de maio). A situação mais recente é de 18 de junho e ocorreu no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, onde foi avistado um balão de pequeno porte e várias cores que caiu próximo a uma aeronave ad Latam, sendo recolhido logo em seguida.

Não houve, nessa situação, qualquer impacto nas operações e, efetivamente, na grande maioria dos casos as notificações dão conta de ocorrências sem maior gravidade. Em três situações (duas ocorridas em 2014 e outra em 2019), porém, houve colisão entre aeronave e balão. Além disso, os riscos de algo mais grave acontecer ficam maiores porque esse tipo de ocorrência tem se tornado mais frequente.

Em 2022, por exemplo, houve 64 notificações ao longo de todo o ano. Trata-se do segundo ano com mais registros em toda a série histórica, atrás apenas de 2018 (72). Na comparação com 2021, quando foram relatadas 41 situações envolvendo balões ao Cenipa, verifica-se uma alta de 56%. E a tendência de alta nas ocorrências permanece para 2023, uma vez que 36 casos já foram notificados em menos de seis meses.

Ocorrências com Risco Baloeiro no Paraná

2023 (até junho): 36
2022: 64
2021: 41
2020: 34
2019: 41
2018: 72
2017: 50
2016: 52
2015: 26
2014: 25
2013: 24
2012: 21
TOTAL: 486
Fonte: Cenipa