Pacientes que usam vários medicamentos têm apoio de farmacêuticos do SUS

SMCS

A aposentada Divina Santos, de 78 anos, tem diabetes e hipertensão e precisa tomar oito medicamentos por dia. Por não realizar o tratamento corretamente, acabou com a visão afetada e com isso sofre quedas frequentes. Outros 582 pacientes, com o perfil de Divina, passaram pelo projeto-piloto de assistência farmacêutica implantado pela Secretaria Municipal da Saúde.

O projeto orienta melhor os pacientes do SUS Curitiba que apresentam alguns fatores de risco, como por exemplo associação de duas ou mais patologias e precisam de mais de cinco medicamentos diários, evitando que cometam erros na ingestão de remédios. A intenção é evitar que as pessoas tomem os medicamentos sem a real necessidade ou erroneamente.

A iniciativa faz parte do Programa de Qualificação dos Serviços Farmacêuticos, do Ministério da Saúde. Nele, farmacêuticos dos Núcleos de Apoio da Saúde da Família (NASF) fazem consultas individuais com os pacientes e seus cuidadores para orientar sobre a forma correta de utilizar os medicamentos.

Não enxergo direito e por isso meu filho precisa me ajudar. Quando ele não está, acabo diferenciando o remédio pela cor, explica Divina. Ajudo como posso, mas são muitos remédios todos os dias e às vezes não sei direito como administrar, admite o filho Renê Santos.

Antigamente a preocupação com a assistência farmacêutica se concentrava no abastecimento, mas com este projeto fomos além, resgatamos o principal papel do farmacêutico que é com o cuidado. Para isso qualificamos nossos profissionais para que possam orientar seus pacientes sobre o uso racional e correto dos medicamentos, conta o secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda.

Cuidados

Nos primeiros 90 dias do projeto, os farmacêuticos atenderam 583 pacientes e todos apresentaram algum tipo de problema com a farmacoterapia, sendo que 49% deles apresentaram algum problema na administração do medicamento ou adesão ao tratamento.

Já na primeira consulta foram encontrados casos de omissão de doses, descontinuação indevida, dificuldade no acesso, frequência ou horário incorreto, adição de doses e automedicação inadequadas.

No primeiro contato fazemos uma avaliação geral da farmacoterapia. Além daqueles medicamentos de uso contínuo, muitos pacientes tomam também outros esporadicamente. Explicamos os riscos da associação de alguns medicamentos entre si, com alimentação e bebidas, além de explicar a importância de utilizá-los nos horários corretos e da forma correta, explica a coordenadora do projeto na Secretaria Municipal, Beatriz Patriota.

Após a primeira consulta, 45% dos pacientes foram encaminhados ao médico de referência, 20% ao nutricionista, 4% ao fisioterapeuta, 2% ao psicólogo e 29% orientados ao horário correto dos medicamentos e monitoramento constante da doença na unidade de saúde.

Em alguns casos, após a conversa com o médico, sugerimos a suspensão do medicamento, adequação da dose ou até inclusão de novo medicamento. Às vezes um problema é diagnosticado e tratado, mas a pessoa continua tomando o medicamento sem necessidade, ou faz uma automedicação indevida. Por tudo isso a consulta farmacêutica pode contribuir em muito para a melhoria da saúde da população, ressalta Beatriz.