A Polícia Federal do Brasil, em apoio ao Governo Paraguaio, destruiu, entre os dias 4 e 12 de junho, 194 hectares de maconha na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A ação, que faz parte da Operação Nova Aliança IV, extinguiu o equivalente a quase 180 campos de futebol de erva. Foram destruídas 582 toneladas da droga que estavam plantadas. Boa parte desta droga teria como destino o Brasil. A quantidade de maconha produzida no Paraguai alcança níveis astronômicos, quase impossíveis de serem mensurados. 

O Paraguai é hoje o maior produtor de maconha da América do Sul e tem mercado garantido por conta do crescente número de usuários da droga em países vizinhos. Estima-se que 80% do que é produzido no Paraguai serve para abastecer o Brasil e o restante é distribuído para o mercado interno, Chile e Argentina. Segundo estimativa da Polícia Federal de Curitiba, as plantações paraguaias rendem até quatro safras ao ano.

A maconha paraguaia, diferente da plantada no Nordeste do Brasil, tem um índice de Tetraidrocanabinol (THC) — princípio ativo da maconha — cinco vezes superior. Ou seja, a maconha paraguaia é cinco vezes melhor que a brasileira. O quilo da maconha paraguaia custa, em média, entre R$ 30 e R$ 50 no país vizinho e é vendido a R$ 500 no Brasil. A oferta é boa, o preço é bom e a droga é de qualidade. A maconha paraguaia vale uma fortuna no Brasil. O grande lucro gerado pela maconha paraguaia atraiu, por exemplo, o grande traficante Fernandinho Beira-Mar para a região.

“Um aspecto que deve ser enfrentado é que o Paraguai é um planador gigantesco de maconha. Não haveria tráfico nessa escala no Brasil, como as 12 toneladas apreendidas em Guaíra no último domingo, se o Paraguai não plantasse tanta maconha. É assustador. São ao menos quatro safras por ano. Não é possível nem estimar quantas plantações existem. É algo gigantesco. É uma maconha de qualidade e barata. Por isso o tráfico se mantém”, disse Marcos Koren, chefe de comunicação social da PF em Curitiba.

Segundo Koren, a quantidade de maconha plantada alcança níveis astronômicos, impossíveis de serem mensurados. Todas estas plantações estão localizadas em território paraguaio na proximidade da fronteira seca com o Brasil para facilitar o escoamento desta carga. A Operação Nova Aliança IV, se centrou nas montanhas limites com as localidades de Capitán Bado e Pedro Juan Caballero, esta última a 450 quilômetros de Assunção, capital do Paraguai.

Ainda de acordo com Koren, o lucro enorme, a facilidade de plantio e a fiscalização, que nem sempre foi a altura do que o caso requer, são fatores que influenciam para a produção em massa da droga. A polícia paraguaia, sozinha, não tem estrutura para combater este plantio. Por conta disso, há alguns anos o país vizinho firmou um acordo com o Brasil para atuar na base do problema. As grandes plantações.
A Operação Nova Aliança IV, que destruiu os 194 hectares de maconha, surgiu de um acordo entre os dois países. Orquestrado pela diretoria de combate ao crime organizado, o Brasil oferece dados de inteligência, localização e extensão das plantações e o Paraguai entra com a mão de obra e concede a permissão para o Brasil chegar até esses locais e erradicar grandes extensões. Em breve haverá a quinta edição da operação.

 “Sabemos que nunca vamos acabar com tudo. Mas a fiscalização tem aumentado. É um trabalho permanente. Em breve, a polícia vai realizar a quinta etapa da Operação Nova Aliança. Há outro trabalho em andamento, no Paraguai, para identificar os proprietários destas fazendas. Aqui, queremos atuar em caráter preventivo, porque quase tudo vem para o Brasil. O Paraguai tem um solo favorável ao plantio que se mostra cada vez mais produtivo”, finalizou Koren.