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Setembro Amarelo: mês é de campanha contra o suicídio (Foto: Divulgação / Pequeno Príncipe)

O Paraná é o quarto estado brasileiro que mais registrou mortes por suicídio nos últimos 10 anos. É o que revelam dados do Ministério da Saúde, os quais apontam que entre 2014 e 2023 pelo menos 134.033 mortes por lesões autoprovocadas intencionalmente foram registradas em todo o Brasil. O Paraná, por sua vez, foi responsável por 8.923 ocorrências, o equivalente a 6,7% de todos os registros no país. Entre todas as unidades da federação, apenas São Paulo (com 24.314 suicídios), Bahia (com 16.187) e Rio Grande do Sul (13.491) registraram mais ocorrências.

O nono mês de cada ano, inclusive, é marcado pela campanha do Setembro Amarelo, considerada a maior campanha antiestigma do mundo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Em 2024, o lema é “Se precisar, peça ajuda!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas. Falar sobre o assunto, por sua vez, é importante para que aqueles que passam por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha.

“Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade”, destaca o site do Setembro Amarelo. “Quando uma pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito restritivos, ela pensa constantemente sobre o suicídio e é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou sair do problema. Se informar para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave.”

Por isso, é fundamental que as pessoas próximas saibam identificar quando alguém está pensando em se matar e a ajude, tendo uma escuta ativa e sem julgamentos, mostrando que está disponível para ajudar e demonstrando empatia, mas principalmente levando-a ao médico psiquiatra, que vai saber como manejar a situação e salvar esse paciente.

Em menos de 30 anos, mais de 20 mil suicídios no Paraná

Os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, apontam que desde 1996 um total de 20.106 mortes por suicídio foram registradas no Paraná. A marca das 20 mil mortes, inclusive, foi superada no ano passado, quando pelo menos 965 óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente foram registradas, revela o Painel de monitoramento da mortalidade.

Fala-se em “pelo menos 965 óbitos” porque os dados de 2023 ainda são preliminares e, portanto, sujeitos a revisões. Por isso, ainda não é possível assegurar que as ocorrências tenham caído em relação a anos anteriores – em 2021 e 2022, 1.106 e 1.188 mortes por suicídio foram registradas no estado, uma marca inédita. Até 2015, o Paraná nunca havia registrado mais de 700 mortes por lesões autoprovocadas intencionalmente num ano.

Os sinais de risco e a rede de apoio em Curitiba

Um primeiro fator de risco ao suicídio são os transtornos mentais. Isso porque praticamente todas as pessoas que cometem suicídio apresentam pelo menos um transtorno psiquiátrico, como depressão, transtorno bipolar, problemas com drogas lícitas ou ilícitas, etc.

Outra questão importante é o histórico pessoal. Isso porque a tentativa prévia é o principal fator de risco para o suicídio e indivíduos que já tentaram dar cabo à própria vida têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente.

Um dos centros de apoio emocional mais atuantes no Brasil é o Centro de Valorização da Vida (CVV). Nele existe o serviço de escuta 24 horas por dia. Basta ligar para 188 e solicitar o atendimento. O serviço também está disponível via internet pelo www.cvv.org.br.

Além disso, em Curitiba há diversas opções gratuitas ou a preços módicos para aqueles que precisam de acompanhamento psicológico e não possuem condições financeiras.

O SUS, por exemplo, oferece atendimento e tratamento em todos os serviços da Rede de Atenção Psicossocial na cidade. Além disso, seis instituições de ensino (PUCPR, UFPR, Uniandrade, UniBrasil, UP e UTP) oferecem atendimento psicológico gratuito ou a preços módicos ao público que comprova ter baixa renda.

Os dados oficiais sobre suicídios no Brasil

Unidade da Federação2014201520162017201820192020202120222023Total
Rondônia841091031131251401391451501571.265
Acre493956645972727081117679
Amazonas2332631942072342533132972973362.627
Roraima15525950375036695562485
Pará2082662773013503483913984995223.560
Amapá34533646626151638171558
Tocantins85991011151241341171671491611.252
Maranhão2552802943183133343413863954583.374
Piauí2442713213173313283133763643613.226
Ceará5665655906446556286068237907806.647
Rio Grande do Norte1691561811801962042352542382772.090
Paraíba1582211812502372512582803283632.527
Pernambuco3253083964384304434515464884894.314
Alagoas1181161121041371291681581931531.388
Sergipe1101201151271341161301321621531.299
Bahia4485035326035636497378378798956.646
Minas Gerais1.3571.3031.3021.5151.5301.7321.6471.8002.0481.95316.187
Espírito Santo1721891752072392482512592382552.233
Rio de Janeiro5225315736076995727899038138246.833
São Paulo2.2322.3002.1992.3062.2072.3782.3592.6452.9232.76524.314
Paraná6207167607749159449351.1061.1889658.923
Santa Catarina5876376747397357987788569389607.702
Rio Grande do Sul1.1121.1411.1681.3491.2411.4251.4191.5171.5711.54813.491
Mato Grosso do Sul2042302232592682632443053283422.666
Mato Grosso1571451781972262412612643023142.285
Goiás4544354814974995805966537127015.608
Distrito Federal1351301521681871991981902522431.854
Total10.65311.17811.43312.49512.73313.52013.83515.49916.46216.225134.033