MOTOS MOTO MOTOBOY
Paraná reúne 1,8 milhão de motocicletas, motonetas e ciclomotores, a quinta maior frota do país (Foto: Franklin de Freitas)

O Paraná é um dos estados com mais motocicletas em todo o Brasil, revela uma pesquisa da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Conforme o estudo, em todo o país há 34,2 milhões de motocicletas, motonetas e ciclomotores emplacados. Os paranaenses, por sua vez, são proprietários de 1,8 milhão dessas unidades, o equivalente a 5,3% do total. É o quinto estado com maior frota. Apenas São Paulo (7 milhões de veículos registrados), Minas Gerais (3,5 milhões), Bahia (2 milhões) e Ceará (1,9 milhão) possuem números mais expressivos.

Segundo o relatório, esses números podem ser justificados pelas grandes populações de tais estados, que contam ainda com uma distribuição mais variada no que diz respeito aos meios de transporte de preferência.

O caso paranaense, inclusive, é exemplar. Embora possua 1,8 milhão de motocicletas, motonetas e ciclomotores, a proporção desses transportes em relação ao total de veículos no estado é de apenas 19,6%. Isso indica uma distribuição mais equilibrada entre diferentes tipos de veículos, aponta a Senatran.

Por outro lado, estados do Norte e Nordeste, como Acre, Pará e Piauí, apresentam altos percentuais de motocicletas, motonetas e ciclomotores (acima de 50%). E isso mesmo com números absolutos relativamente menores, indicativo de maior preferência nesses estados – devido a fatores econômicos, geográficos e culturais. Os estados com os maiores percentuais, por sua vez, são: Maranhão (59,7%), Piauí (55,1%), Pará (54,5%), Acre (53,1%) e Rondônia (51,2%).

MOTOS
MOTO
MOTOBOY
Um em cada cinco veículos no trânsito paranaense é uma moto, mostram dados do Senatran (Foto: Franklin de Freitas)

Mais da metade dos donos de moto não tem habilitação

A pesquisa da Senatran mostra ainda que mais da metade dos donos de motocicletas não possui habilitação para a categoria. Segundo o estudo, dos 32,5 milhões de proprietários de motos, motonetas e ciclomotores registrados no Brasil, 17,5 milhões (o que equivale a 53,8% do total) não têm Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida para conduzir esses veículos.

Segundo a Senatran, os resultados podem ser explicados, entre outros fatores, pelo custo acessível do veículo, pelo crescimento de negócios com veículos compartilhados, pelo aluguel de motocicletas ou motonetas, e pela dificuldade de acesso à CNH por parte da população.

Além disso, os homens representam 77% dos proprietários de motocicletas. Possíveis razões para essa discrepância podem incluir fatores culturais e sociais que associam esses veículos a um estilo de vida mais aventureiro ou com atividades
laborais, como entregas e transporte de passageiros, áreas onde a participação masculina é tradicionalmente maior. Além disso, a maioria dos proprietários está na faixa etária de 40 a 49 anos, seguida por aqueles de 50 a 59 anos. Entre os que possuem habilitação, a maioria está na faixa etária de 30 a 39 anos.

Infrações em alta no pós-pandemia

O estudo mostra ainda que, após uma queda no número de infrações cometidas por motociclistas em razão da pandemia de Covid-19, houve um aumento na emissão de multas nos últimos tempos.

Em 2019 e 2020, por exemplo, foram registradas 601 mil e 150 mil infrações, respectivamente. Em 2021, já esse número já saltou para 750 mil, número que permaneceu em alta nos anos seguintes, 2022 (1,2 milhão) e 2023 (1,3 milhão). Já em 2024, até julho, foram emitidos mais de 638 mil autos de infração.

Mais de 80% das multas estão associadas à não utilização ou uso inadequado dos equipamentos de segurança pelos motoristas ou passageiros – como o não uso de capacete, que responde por cerca de 43% delas. Ocorre que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de capacete é fundamental para proteger os motociclistas e passageiros, podendo reduzir o risco de morte em 37% e de lesões graves na cabeça em cerca de 69%.

Outro dado do estudo está relacionado à participação de motocicletas em acidentes. Os dados revelam que esses veículos respondem a pelo menos 25% dos sinistros e a mais de 30% das fatalidades no trânsito.

“Esses dados reforçam a necessidade de criação e do cumprimento de políticas públicas e estratégias de mobilidade adaptadas para abordar a segurança viária, promovendo um trânsito mais seguro para todos os condutores, especialmente os de motocicletas, motonetas e ciclomotores”, afirma o estudo.