Paraná é um dos campeões em acidentes com animais peçonhentos

Apesar disso, ocorrências com aranha-marrom, escorpiões e cobras apresentam redução neste ano no Estado e na Grande Curitiba

Rodolfo Kowalski Especial para o Bem Paraná

Um dos campeões de ataques de animais peçonhentos em 2013, o Paraná comemora em 2014 uma queda significativa nos acidentes envolvendo esse tipo de animal. No ano passado, foram 10.953 ocorrências envolvendo aranhas, escorpiões e serpentes em todo o estado — os casos mais comuns. Neste ano, até o dia 13 de outubro, foram 7.416 casos. Em Curitiba e Região Metropolitana, a tendência de queda se repete. Em 2013 foram 2.988 ocorrências, sendo 1.150 na Capital. Em 2014, até o dia 10 de novembro, 1.959 casos (686 em Curitiba).

Ano a ano o número de acidentes envolvendo animais peçonhentos vem caindo em Curitiba. Em 2012, por exemplo, foram registrados 950 casos envolvendo aranha-marrom. Em 2013, 900. Agora está em 500. Então vem caindo gradativamente, e a grande ferramenta para isso é a informação. As pessoas estão conhecendo, estão tomando medidas preventivas, afirma Alcides Oliveira, médico do centro de epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde.

Para Tânia Portella Costa, chefe da divisão de zoonoses e intoxicação da Secretaria Estadual de Saúde, além da informação, outro ponto importante é o programa bem estruturado e organizado que o Paraná possui voltado aos animais peçonhentos. Isso, inclusive, explicaria o grande número de notificações no Estado, que em 2013 ficou atrás apenas de Bahia, São Paulo e Minas Gerais no número de acidentes registrados.

Temos no Paraná um programa com animais peçonhentos muito forte, o que faz com que ocorra um maior número de notificações. Até a população, por estar mais informada sobre o assunto, registra esses casos mais do que acontece em outros estados, afirma. Além disso, temos um trabalho efetivo de treinamento nas regionais, onde temos um biólogo que treina os profissionais de saúde para que façam a sensibilização da população, a coleta dos animais. É todo um trabalho de campo efetivo, pontua.

Contudo, apesar dos bons resultados, é sempre importante ficar atento. É que o período entre outubro e abril (primavera e verão), quando a temperatura esquenta, esses animais se proliferam e partem em busca de novos lugares. A tendência, o que não quer dizer que vai acontecer todos os anos, é que o número de ocorrências com animais peçonhentos cresça nesse período. É que a interação com os animais acaba aumentando porque a variação climática favorece a proliferação desses animais, que no inverno ficam mais recolhidos, explica a bióloga Claudia Staudacher, do Centro de Zoonoses.

Como os acidentes que envolvem seres humanos geralmente acontecem por descuido ou por não notarmos a presença desses animais, é importante que o cidadão tome algumas medidas simples para se prevenir, como: verificar calçados, roupas, toalhas de banho e lençóis antes de usá-los, limpar periodicamente ralos de banheiro, cozinha e caixas de gordura, além de não deixar acumular lixo, entulhos nos quintais e jardins.

De uma forma geral, quem fornece as condições para a permanência desses bichos são as próprias pessoas, diz a bióloga Claudia Staudacher, do Centro de Zoonoses. Nossa recomendação é para que as pessoas deixem os armários bem arejados. Na hora de colocar as vestimentas, principalmente calças compridas, sapatos, sempre verificar se não há inseto. Além disso, é importante vedar frestas e burados e manter o quintal sempre limpo, complementa médico do centro de epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Alcides Oliveira.

 

Ocorrências em 2013 e 2014
Paraná       2013       2014

Aranha      8.913     6.013

Escorpião  1.256        821

Serpente       582        784

Total         10.953    7.416*

Curitiba e RMC  2013     2014

Aranha              2.815    1.856

Escorpião               57          25

Serpente              116         78

Total                  2.988     1.959**

*Dados até o dia 13/10/2014
** Dados até o dia 10/11/2014

 

Como evitar acidentes

ARANHAS
As aranhas-marrom, as loxosceles, saem em busca de alimento à noite, e é neste momento que podem se esconder em roupas, toalhas, roupas de cama e calçados. Por isso, a recomendação é sempre bater as roupas antes de vestí-las

Os acidentes acontecem quando a pessoa, ao se vestir, ou mesmo durante o sono, comprime a aranha contra a pele

A picada nem sempre é percebida pela pessoa, por ser pouco dolorosa. A dor pode iniciar várias horas após

Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques

Afastar camas e berços da parede, evitar que roupas de cama e mosquiteiros toquem o chão, não pendurar roupas na parede

ESCORPIÕES
Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas, evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada

Limpar periodicamente terrenos baldios vizinhos ajuda a que os animais não invadam o seu quintal

Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea

Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los. Usar calçados e luvas de raspa de couro ao trabalhar com lenha ou em locais de risco

SERPENTES
O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos evita cerca de 80% dos acidentes com serpentes (cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços)

Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos. Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos

Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Onde há rato há cobra

Limpar paióis e terreiros, não deixar amontoar lixo. Fechar buracos de muros e frestas de portas, evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas, madeiras, bem como mato alto ao redor das casas