PONTO DO PASTEL
Rosane atende a clientela no Ponto do Pastel: resiliência e muito amor no que faz para fazer o negócio dar certo (Foto: Franklin de Freitas)

A Estrada do Ganchinho, que serve de rota para o município de Fazenda Rio Grande e de passagem para bairros como Ganchinho, Sítio Cercado e Umbará, é uma das mais movimentadas vias de Curitiba. E é também onde está localizada uma das mais incríveis pastelarias curitibanas. Fundado pela ex-diarista e hoje empresária Rosane Schulka Meira, de 49 anos, o Ponto do Pastel se destaca não só pelo sabor e tamanho de suas iguarias, mas também por sua história de amor e resiliência.

O Ponto do Pastel foi fundado há 14 anos por Rosane e a partir da necessidade, efetivamente. Na época ela trabalhava como diarista, mas teve uma tendinite no braço e acabou impedida de voltar a realizar o serviço doméstico. Foi quando iniciou seu próprio negócio, uma pastelaria, já que precisava de alguma fonte de renda para sustentar a si e aos três filhos.

“Eu trabalhei 12 anos como diarista, criei meus filhos trabalhando de diarista. Mas tive uma tendinite no braço e não conseguia mais nem torcer um pano. Aí que surgiu a ideia de montar uma barraquinha de pastel, porque eu tinha que inventar alguma coisa pra sobreviver e alimentar os meus filhos”, conta a empresária, explicando também que começou no ramo devido, justamente, à sua paixão por pastéis.

“Eu já gostava de pastel, sou muito apaixonada por pastel. Eu tinha até os meus lugares favoritos de comer pastel na cidade, inclusive. E eu acho que foi isso que deu certo. Porque quando você faz uma coisa que você gosta, você faz bem feito”

de Rosane Meira, empresária e fundadora do Ponto do Pastel

Hoje, cerca de 600 pastéis são vendidos por dia na pastelaria, que atende gente de toda a Curitiba e região metropolitana (presencialmente e via delivery). Entretanto, quem vê a movimentada loja que fica na Estrada do Ganchinho nem imagina o quão tortuoso foi o caminho até o sucesso…

PONTO DO PASTEL
Rosane em sua loja no Umbará: mudança para a Estrada do Ganchinho foi o ‘ponto de virada’ para a pastelaria (Foto: Franklin de Freitas)

Uma barraca que virou trailer e ‘começou a viajar’

Quando inaugurado, o Ponto do Pastel era uma barraquinha que foi instalada no bairro Campo de Santana. E já de largada foi um negócio que começou a dar certo, muito certo. “O ponto em que eu coloquei era muito bom. Em oito meses consegui sair da barraquinha. Não tinha dinheiro para comprar um trailer, então comprei um baú de caminhão e pedi para um colega fazer uma carreta para adaptar o baú”, explica Rosane.

A pastelaria, no entanto, acabou não conseguindo alvará para ficar no ponto onde estava e, ao ser fiscalizada, foi obrigada a se retirar do local. Foi quando o Ponto do Pastel começou a ‘viajar’. Primeiro foi para o pátio de uma igreja. Depois passou a ficar em frente a um lavacar no Campo de Santana, onde permaneceu por três anos. Até que ocorreu uma crise e Rosane se viu sem condições de pagar as contas com o dinheiro que vinha da pastelaria.

Em vez de fechar a empresa, porém, ela foi arrumar um segundo emprego para manter o negócio em pé. “Eu não queria vender o trailer, queria continuar com a pastelaria. Aí foi que resolvi fazer um freelancer: fui recepcionista de salão um ano e meio, toda sexta, sábado e domingo. Então, o meu tempo livre era trabalhando, pra suprir as necessidades de casa”, relata.

O ponto de virada do Ponto de Pastel

Quando as coisas estavam difíceis, há cerca de cinco anos uma amiga que sempre comia no Ponto do Pastel apareceu com uma oportunidade. “Ela falou ‘Rosane, eu tenho um ponto muito bom pra você. Você leva seu trailer pra lá e coloca na frente da minha loja [de material de construção], no Umbará’. Eu me mudei numa Quarta-feira de Cinzas, após o Carnaval”, recorda a empresária.

No novo ponto, a pastelaria conquistou muitos clientes e já na primeira semana vendeu o que antes costumava vender num mês de trabalho. Em pouco tempo o espaço em frente à loja da amiga já não era suficiente, porque a demanda pelos pastéis havia crescido demais. “Aí fui pro outro lado da rua, em outra loja de material de construção, para ter mais espaço pros meus clientes. E aí foi crescendo cada vez mais”, diz Rosane.

Até que chegou uma hora em que o trailer também já não era suficiente para atender a clientela. A pastelaria precisava de mais espaço e mais gente para fazer os pastéis. Foi quando Rosane foi conversar com o dono do terreno onde hoje fica a loja. A intenção era alugar o imóvel e pedir para o proprietário construir uma cozinha, apenas.

“A ideia era continuar com meu trailer no atendimento e ter o espaço da produção atrás. Mas o Seu Vilmar [proprietário do terreno] foi uma pessoa muito bacana comigo e falou que iria construir minha pastelaria. Ele pediu para que eu planejasse do jeito que eu queria e, depois de um ano de construção, no dia 3 de dezembro de 2022 fizemos a inauguração.”

“Hoje eu posso falar que sou uma empresária”

Por mais de uma década Rosane trabalhou fechando pastel e fazendo os recheios do produto que venderia à noite. Por mais de uma década trabalhou só mais uma funcionária (uma ajudante) e o auxílio ocasional de seus filhos. Mas hoje, após anos de batalha, ela já vende 600 pastéis por dia e emprega outras sete funcionárias, que trabalham em dois períodos.

“O momento que eu vim pra cá [a Estrada do Ganchinho, no Umbará] foi o ponto de virada, um momento maravilhoso. E aqui o Ponto do Pastel é meu, a marca é minha, eu comprei. Hoje eu posso falar que sou uma empresária, uma proprietária no ramo de pastelaria e delivery”, celebra ela.

Desde a inauguração da loja física, o Ponto do Pastel já ampliou o seu espaço, com a construção de uma segunda cozinha (onde são feitos os recheios dos pastéis) e a locação da loja vizinha (que virou uma distribuidora de bebidas, comandada pelo filho de Rosane). Agora, planeja dar novos e ambiciosos passos.

“A gente tá tendo muitas propostas boas, até mesmo de franquia. Por enquanto só temos a loja aqui, mas a gente pretende crescer ainda mais, expandir. Já estão pedindo loja em Fazenda Rio Grande, no Xaxim… Estamos pensando na possibilidade de abrir pelo menos mais uma pastelaria”, antecipa a empresária.

PONTO DO PASTEL
Por mais de uma década, Rosane trabalhou com só uma ajudante. Hoje, já emprega outras sete pessoas e planeja abrir pelo menos mais uma loja (Foto: Franklin de Freitas)

Que tal conhecer o Ponto do Pastel?

O Ponto do Pastel fica na Estrada do Ganchinho, nº 407, no Umbará. Mas também atende toda a Curitiba e alguns municípios da região metropolitana via delivery.

“A gente trabalha aqui de segunda a sábado, das 8h às 20h. Temos delivery das 11 às 20 horas”, afirma Rosane. “Todos que passam por aqui e comem uma vez pastel, na próxima vez que passar aqui eles vão parar novamente”, emenda ainda ela.

O cardápio da pastelaria é variado. E os pastéis, bastante generosos em recheio e tamanho (e não só os pastéis especiais, que pesam quase meio quilo).

O carro-chefe, entre os pastéis salgados, é o sabor de carne com ovo. Os pastéis doces da casa, no entanto, são imperdíveis, com sabores como ninho com morango, banoffee, prestígio, charge e dois amores.

PONTO DO PASTEL
Cardápio do Ponto do Pastel: opções variadas e pastéis generosos, em tamanho e recheio (Foto: Franklin de Freitas)