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Pôr do sol em Curitiba (Foto: Ana Ehlert)

O pôr do sol em Curitiba nesta quarta-feira (4) foi atípico, com tons de laranja e vermelho. Apesar de bonita, a coloração reflete os impactos das queimadas registradas de forma massiva nas últimas semanas.

A Capital registra 26˚C às 18h. O sol despede-se da cidade por pelo menos dois dias, segundo a previsão do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar). Em Curitiba as temperaturas caem um pouco nesta quinta (10ºC de mínima e 20ºC de máxima) e sexta-feira (8ºC de mínima e 17ºC de máxima), mas o calorão já volta no final de semana com domingo de sol e calor de 30ºC.

Tom alaranjado no sol é reflexo da poluição

A cor mais alaranjada do que o comum ocorre porque a frequência vermelha, emitida pelo sol, tem menor interação com as partículas de poluição, como poeira e fumaça. Devido à poluição, está sendo possível enxergar o reflexo de uma frequência que não é tão aparente em condições normais, segundo a explicação do meteorologista do Climatempo César Soares.

“Da mesma forma como a composição de oxigênio da atmosfera ressalta a coloração azul do céu, as partículas de poluição ressaltam as tonalidades vermelhas”, diz o especialista.

O meteorologista Franco Vilella explica ainda que as partículas de poluição em suspensão na atmosfera mudam o índice de refração atmosférico, o que faz com que o espalhamento da luz solar se dê na cor vermelha, o chamado “espalhamento de Rayleigh”.

“Quanto mais próximo do pôr-do-sol e do horizonte, maior é a camada de atmosfera que o raio solar tem que atravessar para chegar no nosso olho, pois o sol está mais ‘baixo’. Então mais avermelhado fica, porque o raio solar encontra mais do material particulado (poluição) antes de chegar no olho”, ele diz.

A seca é outro fator que influencia na aparição do fenômeno, já que a chuva e o vento “limpam” as partículas de poluição da atmosfera.

Além disso, as queimadas também podem afetar a tonalidade do céu, pois liberam carbono para a atmosfera, que também causam o mesmo efeito que a poluição.

Queimadas no Paraná

Em apenas três dias, o Corpo de Bombeiros registrou 385 focos de incêndio na vegetação. Destes 73 foram em Curitiba e Região Metropolitana. Os números são de 30 de agosto até as 18 horas de 1º de setembro.

Esses números preocupam, uma vez que em agosto houve um recorde no número de queimadas no Brasil e, para setembro, as previsões não são nada animadoras. O mês de setembro de 2024 traz consigo uma combinação de temperaturas elevadas e precipitação abaixo da média, acompanhadas de variações significativas entre as regiões do Brasil.

A previsão indica um cenário climático preocupante, com impactos que podem se estender para diversos setores, incluindo saúde, agricultura e energia. No Paraná, ate 22 de agosto, o número de incêndios em vegetação já estava 132% maior as números registrados em igual período de 2023. Eram 9.344 incêndios em vegetação no Estado, contra 4.011 situações semelhantes no mesmo período de 2023.