LETS ROCK
Juninho (ao centro) ao lado dos filhos, Aryane e Christopher: 30 anos da Let’s Rock, a pioneira loja de rock curitibana (Foto: Franklin de Freitas)

A Let’s Rock, pioneira no mercado de vestimentas, acessórios e discos de rock e metal em Curitiba, está completando nesta semana 30 anos de história. Inaugurada em 18 de julho de 1994, um dia depois do Brasil conquistar o tetracampeonato da Copa do Mundo contra a Itália, nos pênaltis, a loja se mantém até hoje como referência no cenário roqueiro da Capital e agora se prepara para uma nova etapa de sua trajetória. É que em breve a Let’s Rock deve se mudar para um novo e maior endereço, também no Centro da cidade, oferecendo uma gama ainda maior de produtos para os headbangers curitibanos.

Fundador e até hoje proprietário da empresa, Newton Santos Junior conta que a ideia de abrir a loja surgiu a partir de uma carência que ele notava em Curitiba. É que na época os curitibanos não contavam com nenhuma loja que fosse especializada em rock ou metal. O que haviam eram lojas de música em geral e que também ofereciam produtos de rock e metal e também uma outra loja de roupas, a Só Calças, que vendia algumas camisetas de banda, mas não raro com algum erro – e alguns grosseiros, como colocar uma foto do King Diamond (cantor de metal) na camiseta acompanhado do nome de Janis Joplin (uma das maiores cantoras de blues e soul dos anos 1960).

“Eu vi que existia uma carência e a partir disso, junto com o falecido Leandro Barata, que era um grande fã de metal, a gente começou a fabricar camisetas de bandas. A gente tinha uma pequena fabriqueta de fundo de quintal e vendia as camisetas em frente aos shows, nos clubes de rock que existiam pela cidade… E aí com o tempo veio a necessidade de ter um ponto, uma sede, um espaço pra galera ir, frequentar e escolher as camisetas. E foi aí, a partir desse sonho, que a gente abriu uma sede na João Gualberto, 81, em frente ao Passeio Público”, recorda o Juninho, como é conhecido Newton.

A origem do nome Let’s Rock

No mesmo lugar onde foi inaugurada a primeira loja da Let’s Rock em 1994, num complexo anexo ao Parque Alvorada (parque de diversões que funcionou por anos em frente ao Passeio Público), funcionou por anos um clube de rock grande, que se chamava Let’s Dance. Até por causa disso, inclusive, o nome da loja acabou virando Let’s Rock. E no começo muitas pessoas que passavam pelo local achavam que a Let’s Dance é que tinha reaberto. “Elas viam a entrada da loja, entravam e já chegavam dizendo que queriam ingresso para entrar aqui. Daí eu explicava que não era mais uma casa de shows, mas uma loja de rock”, conta Juninho.

A loja era pequena, com um piso térreo e mezanino, se dividindo em dois pisos de 20 metros quadrados cada. E foi um sucesso desde a abertura. “Quando a gente inaugurou, botei várias bandeiras do Iron Maiden, do Black Sabbath, das principais bandas de metal na frente da loja. Algumas camisetas também, moletons… Na época rolava muita fita VHS, um pouco de disco. O CD ainda era uma coisa que só tinha importado, era caro, a gente não tinha muito. E as pessoas logo se interessaram, começaram a aderir já no primeiro dia”.

A primeira e a próxima mudança de endereço da loja

Em 2005 a loja precisou mudar de endereço pela primeira vez. É que o imóvel onde ficava a Let’s Rock seria totalmente demolido para a construção de um prédio novo. A loja, então, se muda para a Galeria Pinheiro Lima, onde funciona até hoje. Mas começa com uma só loja, uma pequena sala. Depois, em menos de um ano, já passa por uma ampliação, com a locação de mais uma loja no mesmo espaço.

“E esses últimos 19 anos foram aqui. Só que agora a gente tá com o projeto de uma nova sede, um novo espaço, que deve acontecer nos próximos dias aí. Está na cara do gol pra acontecer e é bem provável que ainda neste ano a gente se mude, mas continuando no Centro de Curitiba”, antecipa Juninho. “Estamos nos últimos detalhes, vai ser bem legal. Eu acho que a gente vai ter um crescimento bem grande com essa mudança, com um espaço maior, mais amplo. E daí a gente vai ter também uma gama de produtos maiores”, explica ainda ele.

Do vinil e o VHS para o CD e o DVD até… a volta do vinil

Ao longo de sua trajetória, a Let’s Rock atravessou diferentes momentos da indústria fonográfica. Quando tudo começou, por exemplo, o que mais vendia na loja eram as fitas de vídeo VHS, principalmente, e também os LPs (discos de vinil). “Todo mundo queria VHS de show, a galera era muito sedenta por imagens”, recorda Newton, comentando que a empresa tinha um catálogo extenso de VHS originais bootlegs, que eram vídeos gravados por fãs e que traziam shows históricos de bandas diversas.

Depois, em meados dos anos 1990, o CD foi quem entrou com força no mercado e os LPs acabaram praticamente extintos. Na sequência ainda vieram os Lasers Discs (LDs), o DVD e a tentativa do Blu-Ray. Até que em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a febre dos bolachões acabou ressuscitando. “Após a pandemia teve um remember, um retorno do LP. E a loja voltou a ser uma loja de LPs depois de 30 anos. Teve lá na inauguração dela, o espaço destinado ao LP, e depois de 30 anos a gente tá aí de volta com uma quantidade bem grande no nosso acervo de títulos da LP”, afirma Juninho.

As camisetas, naturalmente, sempre foram também um carro-chefe da loja. “A Let’s Rock sempre teve as camisetas das turnês, das bandas mais underground e dos mainstream também”, diz o empresário. Nesse meio tempo, porém, também vieram outros acessórios e colecionáveis para os fãs do rock e do metal. “São coisas que vem agregando e cuja procura também tem crescido muito”.

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Newton Santos Junior, o Juninho, apresenta um dos seus discos favoritos (Foto: Franklin de Freitas)

Let’s Rock Fest e fomento ao metal curitibano

Por muitos anos, a Let’s Rock realizou também a Let’s Rock Fest, um festival de metal que trouxe grandes bandas e artistas da cena nacional e internacional para Curitiba. Cerca de 25 edições do evento foram realizadas, com a participação de nomes como Blaise Bailey, Paul Di’Anno, Picture e Primal Fear, além de bandas nacionais como Korzus, Ratos de Porão, Catalépticos e Motorocker. O festival, no entanto, já não acontece há algum tempo. Algo que deve mudar em breve.

“No primeiro ano de vida da Let’s Rock a gente fez a primeira edição do Let’s Rock Fest, um festival que fizemos 24 ou 25 edições. Agora está parado, mas trouxemos um monte de nome internacional, nome nacional… Agora estamos pensando em fazer uma edição legal para celebrar os 30 anos da loja”, conta Newton.

Além de movimentar a cena musical com festivais, porém, a Let’s Rock também o faz incentivando, abrindo espaço para artistas curitibanos se lançarem. Recentemente, por exemplo, o selo da Let’s Rock foi responsável por lançar o primeiro disco de duas bandas curitibanas: O Maldito (que faz um metal mais pesado, estilo Slayer e Black Sabbath, mas com músicas em português) e Soulwitch (metal sinfônico, com músicas em inglês).

“Esse é um lance que a gente sempre gostou de trabalhar, com bandas curitibanas que fazem o som autoral, né? Então a gente também criou um selo durante esses anos, uma gravadora. Além do Festival da loja, tem esse selo que é justamente pra poder lançar a galera da nossa música. Eu às vezes uso a palavra underground, mas já aconteceu tanta coisa nesse meio tempo que algumas até deixaram de ser tão underground, acabaram indo pra fora. Tem bandas que estão nos Estados Unidos, na Alemanha… É óbvio que todo mundo que começa de baixo, abrindo shows, em pequenos bares, pequenas casas. Mas a gente sempre torce pras bandas decolarem, irem pro mundo todo e que atinjam aí sua melhor performance.”