BALA DE BANANA MORRETES
As balas de banana Bananina: tradição de décadas que leva o nome de Antonina para todo o Brasil (Foto: Franklin de Freitas)

Você provavelmente já viu por aí e talvez até já tenha experimentado alguma das famosas balas de banana de Antonina, também conhecidas como “a bala do papel verde” e “a bala do papel laranja”, em referência às duas principais marcas do produto: Balas de Banana Antonina e as Balas Bananina. Mas sabe como surgiu essa doce tradição que fez o município no litorâneo ficar conhecido como a Capital Nacional da Bala de Banana (título que deve ser oficialmente reconhecido em breve)?

O Bem Paraná vai te contar, mas antes de adentrar na história é importante entender um pouco o contexto.

Antonina, localizada no litoral do Paraná, é uma das mais antigas povoações do estado, cuja efetiva ocupação teve início em 1648 – embora a localidade só tenha sido emancipada, efetivamente, em 1797. Possui uma paisagem privilegiada, encontrando-se no marco zero da Estrada da Graciosa e aliando mar, rios, morros, serra a um rico acervo arquitetônico e cultural (inclusive com grandes eventos de rua, como o Carnaval, o Festival de Inverno e, mais recentemente, o Antonina Blues Festival).

A gastronomia também foi sempre um destaque da região, mas por muito tempo o barreado é que foi o principal produto da culinária antoninense, seguindo uma tradição já propagandeada e vendida pelo município vizinho, Morretes.

Uma situação que começou a mudar nas últimas décadas.

Do ocaso do Complexo Matarazzo às balas de banana

Por mais de 50 anos, Antonina passou por um promissor período econômico após presenciar, na década de 1910, a instalação do primeiro porto particular do Brasil (que chegou a ser o quarto em exportações de todo o país). O Complexo Matarazzo, como eram conhecidas as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, mantinha em funcionamento ainda moinhos de trigo, sal, açúcar e erva-mate, tornando-se a principal empregadora do município.

Entre as décadas de 1930 e 1940, no entanto, a queda da produção e erva-mate e a Segunda Guerra Mundial acabaram fazendo o porto (que chegou a ser o maior exportador de erva-mate do Brasil) começar a perder força. O Complexo Matarazzo, por sua vez, entra em crise definitivamente nos anos 1970, fechando as portas em 1972 – suas fábricas hoje são ruínas na cidade, todas desativadas.

A partir dessa crise econômica, no entanto, aos poucos Antonina foi fortalecendo outra vocação sua, o turismo. E foi justamente percebendo o crescente fluxo de turistas na cidade e o grande cultivo de banana na região que uma família de Santa Catarina que havia se mudado para Antonina teve a ideia de começar a produzir comercialmente as balas de banana.

O produto anteriormente já era vendido sem qualquer identificação própria em bancas instaladas na descida da Serra do Mar, tanto na BR-277 como na Estrada da Graciosa. Mas foi a bala de Banana Antonina, fundada em 1979, a precursora em transformar o produto num negócio de verdade, tornando-se conhecida pela sua embalagem predominantemente verde.

Alguns anos depois, em 1986, um outro empreendedor gaúcho criou na cidade a marca Pilar (numa referência à capela da Virgem do Pilar, erguida no século XVIII). Tempos mais tarde, a bala foi rebatizada de Bananina, uma junção entre produto e cidade de origem, nome ao qual ficou mais associada, assim como a sua embalagem laranja.

“Concorrentes e amigas”: bala conquista selo IG

Hoje, a bala de banana é provavelmente o produto mais conhecido de Antonina, até pelo fato das duas marcas que comercializam as balas levarem, de alguma forma, o nome da cidade. E no final de 2020 as balas de banana com embalagens verde e laranja ainda receberam o selo de Indicação Geográfica (IG). Uma conquista que alçou o produto artesanal a um novo patamar ao atestar a bala como legítima do município, favorecendo a abertura de novos mercados no País.

O reconhecimento foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) à Associação dos Produtores de Bala de Banana de Antonina e Morretes (Aprobam), que contou com o auxílio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PR), prefeitura e Governo do Estado. O selo foi conferido às duas tradicionais fábricas do produto na cidade, que apesar de concorrentes atuaram juntas por sete anos para esta conquista.

“Mais do que concorrentes, somos amigas. E não é uma amizade apenas pessoal entre a Rafaela e eu, mas de família, porque nossos pais também tinham um bom relacionamento enquanto estavam à frente das fábricas. Acredito que juntos podemos ir mais longe. Cada uma tem o seu mercado, os seus clientes, mas objetivos em comum: garantir qualidade e continuar crescendo”, afirma Bárbara Krenk, empresária à frente da Bananina.

Hoje, mais de 30 pessoas são empregadas direta ou indiretamente pelas empresas, que também beneficiam mais de 50 famílias de produtores rurais que fornecem toneladas de banana-caturra ou nanica por mês. Por dia, são mais de 800 quilos de bala produzidos e vendidos, principalmente, na Grande Curitiba e no próprio litoral paranaense. Um trabalho que ainda é feito, essencialmente, de forma artesanal.

“Ela continua a ser considerada uma bala artesanal e muitas etapas do processo de fabricação nunca foram mudadas. O que nós buscamos foi automatizar alguns procedimentos, o que nos permitiu aumentar a escala de produção”, explica Rafaela Takasaki Corrêa, diretora executiva da Bala de Banana Antonina, um negócio familiar que está em sua terceira geração.

Capital Nacional da Bala de Banana

Desde 2022 tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei Nº 2263, que confere ao município de Antonina o título de Capital Nacional da Bala de Banana. A iniciativa, de autoria do Senador Flávio Arns (PSB), já foi aprovada no Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados. De acordo com o parlamentar, a oficialização de Antonina como Capital da Bala de Banana seria também uma forma de valorizar os pequenos produtores rurais e os trabalhadores das fábricas de balas de banana da região. “Dentre os produtos típicos da cidade, a bala de banana tem alcançado destaque em outros estados e até mesmo internacionalmente, sendo este produto o que mais tem impulsionado e promovido o turismo local e regional”, justifica ainda o senador paranaense.