Saúde tem vacina contra a dengue para pouco mais de 1,5% da população

Apesar da aprovação do uso do imunizante, fabricante explica falta de capacidade para entregar grandes lotes em um curto prazo de tempo

Redação Bem Paraná
COMBATE A  DENGUE

Combate à dengue é uma das prioridades da Saúde do Paraná: clima quente e chuvoso preocupa (Franklin de Freitas)

No final de 2023 o Brasil se tornou o primeiro país a incorporar o imunizante contra a dengue no sistema público de saude. Contudo, a vacina, conhecida como Qdenga, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses.

Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5,2 milhões de doses entre fevereiro e novembro de 2024. Outras 1,2 milhão doadas pela empresa estão em processo de tratativas para viabilizar o processo de doação. O esquema vacinal é composto por duas doses e a expectativa é que cerca de 3,2 milhões de pessoas sejam vacinadas, cerca de 1,5% da população.

O número não cobre nem todas as pessoas na faixa etária priorizada, de 6 a 16 anos, que somam 30,5 milhões de pessoas no país, segundo o IBGE. Para a expansão de faixas etárias que receberão o imunizante, então, será necessário aumentar a produção da vacina, cuja campanha de vacinação anteriormente prevista para começar no mês que vem vai ser repactuada.

A estratégia deve ser pactuada na próxima Comissão Intergestores Tripartite (CIT), foro permanente de negociação, articulação e decisão entre gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS).

A distribuição das doses deverá ser escalonada ao longo do ano, conforme o cronograma de entregas da empresa. Após a definição em conjunto com estados e municípios, o Ministério da Saúde irá divulgar a estratégia de vacinação e o público prioritário. A previsão é que a reunião aconteça ainda em janeiro.

Paraná aparece entre os estados com mais casos
O Paraná foi um dos estados brasileiros que mais registrou casos e mortes por dengue em 2023. É o que revelam dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, os quais apontam que no ano que passou houve alta de diagnósticos no estado, com média de 582 casos prováveis da doença por dia, e aumento superior a 13% nos óbitos confirmados por dengue.
Ao todo, 212.588 casos prováveis da doença e 128 óbitos por dengue foram registrados em 2023 no Paraná, que registrou o segundo ano com mais diagnósticos e mortes causadas pela doença desde o início da série histórica (em 2000). O recorde ainda pertence ao ano de 2020, quando 263.366 casos e 194 mortes por dengue foram registradas.

Hospital infantil de Curitiba alerta sobre dengue em crianças
O Hospital Pequeno Príncipe (HPP) alerta sobre a atenção especial da dengue em crianças, principalmente abaixo dos 2 anos, pois pode haver um agravamento súbito de sintomas se a doença não for identificada precocemente, devido à baixa imunidade.

“Em pacientes de pouca idade, a febre alta gerada pela dengue pode ocasionar aumento da frequência respiratória e cardíaca, sudorese mais intensa, além de acarretar quadros de desidratação”, explica o infectologista Victor Horácio, vice-diretor de Assistência e Ensino da instituição

Alguns dos principais sinais da doença em crianças, destaca ainda o HPP, são: febre alta (39 a 40ºC); dores musculares e nas articulações; lesões de pele; fraqueza em geral; e sonolência, choro e irritação excessivos.

Como os sinais podem confundir-se com as viroses, que são muito comuns na infância, o diagnóstico médico por meio de análise clínica, epidemiológica e de exames laboratoriais é essencial.

Tratamento, prevenção e vacinação
O acompanhamento com um pediatra durante e após a detecção da doença é fundamental para evitar manifestações mais graves e até atípicas que cada criança pode apresentar. Nos casos mais leves, o tratamento é feito com repouso, hidratação e controle dos sinais clínicos. Já em situações mais graves, pode ser necessário o internamento para hidratação intravenosa e até mesmo suporte intensivo.

Já com relação à vacinação, a Qdenga, vacina aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é aplicada em duas doses, com intervalo de três meses, e destinado a indivíduos de 4 a 60 anos de idade. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) priorizará a faixa etária de 6 a 16 anos na aplicação, seguindo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização.

A crise climática, inclusive, é apontada como uma das causas do aumento da dengue. Isso porque o mosquito transmissor (Aedes aegypti) se reproduz em regiões quentes e com água parada. Por isso, a principal forma de prevenção é a higienização dos ambientes, evitando-se deixar água parada e acumulada e cobrindo os reservatórios de água; mantendo lixeiras fechadas e protegidas da chuva; mantendo vasos de plantas limpos e utilizando areia até a borda, guardando baldes, garrafas e outros recipientes com a boca para baixo; e retirando-se água de pneus e reservando-os em ambientes protegidos.

OS NÚMEROS
Casos prováveis de dengue no Paraná

2023: 212.588
2022: 161.482
2021: 34.722
2020: 263.366
2019: 44.784
Óbitos confirmados por dengue no Paraná
2023: 128
2022: 11
2021: 28
2020: 194
2019: 33
Casos prováveis de dengue no Brasil e estados com mais registros em 2023
Brasil: 1.658.816
Minas Gerais: 408.395
São Paulo: 339.602
Paraná: 212.588
Santa Catarina: 144.369
Espírito Santo: 138.41
Óbitos confirmados por dengue no Brasil e estados com mais registros em 2023
Brasil: 1.094
São Paulo: 286
Minas Gerais: 197
Paraná: 128
Santa Catarina: 98
Espírito Santo: 9
Fonte: Ministério da Saúde

Sesa
Boletim

O novo informe semanal da dengue divulgado na terça-feira pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR) registra 3.593 novos casos no Paraná, sem novos óbitos pela doença. O período sazonal 2023/2024, que teve início em 30 de julho, soma 12.782 casos confirmados e 58.566 notificações em todo Estado.
“Este é o momento de unir forças. Estamos presenciando uma curva ascendente de casos no Paraná e por isso tomamos a iniciativa de reunir estes gestores para discutir e orientar na ação dos municípios. O Estado vem realizando inúmeros esforços, que vão desde a utilização do fumacê até capacitações sobre o manejo clínico de pacientes com dengue, além de repasse de recursos. Porém, é preciso chegar até o quintal da casa da população e a ação da esfera municipal é imprescindível para o êxito”, alertou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
A dengue é transmitida durante a picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado pelo vírus. Após a picada, os sintomas podem se manifestar na maioria das vezes em até 15 dias. Geralmente, o primeiro sintoma é febre elevada (39°C a 40°C), que persiste de dois a sete dias, acompanhada por dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo, nas articulações e nos olhos. Manchas podem aparecer na face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem ser observados.
Na presença de algum dos sintomas citados, procure imediatamente o atendimento em um serviço de saúde. Evite a automedicação.