guarda municipal
Guarda Municipal no Centro de Curitiba: violência é apontada como o maior problema da cidade (Foto: Pedro Ribas/SMCS)

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Agenda Pública, uma organização que atua em prol do aprimoramento dos serviços públicos no Brasil, revelou quais os maiores problemas de Curitiba e também as áreas em que o município mais se destaca em relação a outras nove capitais analisadas. Os resultados colocam a violência/segurança e o desemprego como os maiores problemas da cidade, mas também apontam que a capital paranaense se destaca em áreas como saúde, educação e mobilidade urbana, entre outros.

A Pesquisa de Qualidade dos Serviços Públicos nas Capitais foi feita a partir da combinação de dois componentes. Um deles é a avaliação de percepções e opiniões, levantada a partir de entrevistas com 3.000 pessoas nas dez maiores capitais do país. Outro é a avaliação de indicadores de desempenho, elaborada a partir de dados secundários oficiais disponíveis em bancos de dados públicos. Essas informações abrangem seis temas diferentes: educação, saúde, proteção social, desenvolvimento econômico, mobilidade e gestão da qualidade.

Conforme a Agenda Pública, as recomendações e observações obtidas a partir da pesquisa têm o objetivo de apoiar o debate eleitoral e as transições de governo nas capitais, orientando a formulação de políticas públicas mais eficazes e adaptadas às necessidades específicas de cada localidade.

Os maiores problemas de Curitiba

Cinco são os maiores problemas de Curitiba identificados pela pesquisa. Em primeiro lugar vem a violência/segurança (26,6%), seguido pelo desemprego (13,6%), a saúde (9,7%), a corrupção (9,1%) e as mudanças climáticas (8,4%).

Curiosamente, no entanto, 51,9% dos moradores da cidade declararam concordar que a prefeitura protege o meio ambiente e promove ações de combate às mudanças climáticas. É a maior taxa de aprovação sobre o tema tendo em vista que Manaus, que ocupa o segundo lugar, apresenta uma taxa de 25,5%.

As áreas em que o município mais se destaca

Na educação, aponta a pesquisa, Curitiba apresenta o maior nível de satisfação (soma das respostas ‘muito satisfeito’ e ‘satisfeito’) em relação a quantidade de creches (26,6%) e de escolas municipais (29,2%) entre as dez capitais analisadas. Isso mesmo com Florianópolis possuindo uma taxa líquida de matrículas no município superior (55% x 51,4%). Além disso, a cidade também apresenta o maior nível de satisfação no tocante à qualidade do conteúdo aplicado na rede municipal de educação e ao desempenho dos professores e demais profissionais de ensino.

O mesmo ocorre na área de saúde, onde a cidade paranaense apresenta os maiores níveis de satisfação em relação ao tempo de espera para consultas (15,6%), à realização de exames (17,5%) e à disponibilidade de médicos (15,6%) entre as dez capitais analisadas. Ainda assim, duas das principais prioridades para os curitibanos estão relacionadas à saúde: diminuir as filas nos hospitais e postos de saúde e aumentar o número de médicos e profissionais de saúde nos postos.

Referência em mobilidade, mas com passagem muito cara

No tocante à mobilidade urbana, Curitiba apresenta os maiores níveis de satisfação com relação aos seguintes tópicos: qualidade do asfalto (37%); tempo de espera para tomar um ônibus/trem/metrô (26%); trânsito (18,2%); higiene dos ônibus/metrô/trens (29,2%); sinalização de trânsito (49,4%); poluição sonora ou atmosférica geradas (17,5%); quantidade/qualidade de ciclovias (33,1%); e desempenho de condutores, motoristas e de outros profissionais da rede de transportes (33,1%).

Segundo os pesquisadores, “os resultados apontam para o reforço de Curitiba como uma referência no tema de mobilidade urbana”.

Um outro problema de Curitiba, no entanto, ainda precisa ser enfrentado. Isso porque, no estudo comparativo do impacto do gasto mensal com Transporte Público nas capitais brasileiras, Curitiba apresenta um impacto de 22,1%. Esse resultado coloca a capital paranaense empatada em último lugar na classificação com Florianópolis. “O dado corrobora o resultado da pesquisa de opinião que indica que o preço da passagem é o único aspecto de mobilidade urbana em que Curitiba não lidera, já que outras capitais apresentam maior nível de satisfação e menor impacto do gasto mensal, como Goiânia”, aponta a pesquisa.

Dados oficiais mostram o avanço da pobreza na cidade

Uma pergunta feita aos entrevistados foi a seguinte: “A prefeitura de Curitiba promove a igualdade de gênero e a inclusão social?”. Pouco mais de um terço (33,8%) dos entrevistados concordaram, enquanto 13,6% discordaram. É a maior taxa de aprovação e a menor de desaprovação entre as capitais analisadas. Além disso, 41,6% dos moradores se declararam neutros.

Por outro lado, dados do Cadastro Único mostram que entre janeiro de 2021 a janeiro de 2023) os problemas sociais se agravaram na cidade. A quantidade de famílias em situação de extrema pobreza, por exemplo, avançou 66%, passando de 33.830 para 56.050. Ao mesmo tempo, o número de famílias em situação de pobreza cresceu 49%, passando de 13.033 para 19.389.

Da mesma forma, a quantidade de famílias com renda per capita mensal até meio salário mínimo teve um incremento de aproximadamente 49%, passando de 86.333 para 128.497. Já o número de famílias com renda per capita mensal acima de meio salário-mínimo cresceu 22%, passando de 42.520 para 51.695.