Em quatro décadas de atividade, o Zoológico de Curitiba passou por diversas transformações. Hoje, a unidade de conservação que fica no Alto Boqueirão e comemora aniversário nesta segunda-feira (28/3), é reconhecida pelo trabalho de reprodução de espécies ameaçadas e pelo cuidado com o bem-estar animal.

Com uma série de casos de sucesso de nascimentos de animais em risco de extinção, o Zoo faz parte de dez dos 25 grupos do termo de cooperação do programa nacional de conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) e o Ministério do Meio Ambiente. 

São eles: muriqui-do-sul; mico-leão-da-cara-dourada; macaco-aranha-da-testa-branca; tamanduá-bandeira; onça-pintada; lobo-guará; jacutinga; ararajuba; jacucaca; e sagui-da-serra-escuro.

Além deles, lembra o diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna, Edson Evaristo, a instituição já encaminhou para a soltura na natureza em Santa Catarina papagaios-do-peito-roxo, do programa local de reprodução de psitacídeos, que também registra nascimentos de papagaios-da-cara-roxa. 

O Zoo integra, ainda, o Programa de Manejo Cooperativo de Harpias, coordenado pelo Projeto Harpia/Azab, para reprodução desta espécie de águia, e iniciou participação no trabalho nacional para a conservação da águia cinzenta, espécie da qual a chefe de fauna, Nancy Banevicius, é a keeper.

“Adotamos a conduta de estabelecer ambientes cada vez mais pensados para o bem-estar dos animais, equipe técnica buscando se manter atualizada e as trocas de experiências possibilitadas pela participação nos grupos nacionais de conservação”, explica Evaristo.  “É a nossa atribuição e contribuição como instituição de pesquisa atuar cada vez mais como centro de conservação de espécies”, completa.

Boa experiência para os animais (e visitantes)

Investir em bem-estar animal tem sido uma das prioridades dos últimos anos pela equipe do Zoo. Foram construídos novos recintos para as aves de rapina para alojar melhor animais resgatados – área que recebeu o nome de Tamandaré, em homenagem ao tratador José Francisco de Jesus, que faleceu em 2020; e iniciado o processo de melhor alojamento dos grandes felinos.

Além disso, são disponibilizadas estruturas nos ambientes como tablados, poleiros, áreas de fuga, vegetação para estimular comportamentos e situações que eles encontrariam na natureza. O resultado pode ser percebido em uma visita com um olhar mais atento, como o da bióloga, Especialista em Conservação e Manejo de Fauna, Anna Cecília Leite. 

Fundadora de uma empresa especializada em bem-estar de animais silvestres e exóticos, ela visita e documenta para as suas redes sociais instituições em todo o país e veio, em fevereiro de 2022, conhecer o Zoológico de Curitiba. 

“O Zoo de Curitiba me deixou boquiaberta em muitos momentos, com a paisagem tão bonita. A beleza cênica das árvores, das araucárias, do lago, de cada detalhe natural é realmente lindo”, observou. “E vi animais muito bem cuidados, com penas e pêlos que demonstravam uma ótima nutrição e que os animais estavam bem”, completou.

Os comportamentos naturais dos animais também chamaram a atenção da bióloga. “Isso é tudo o que uma pessoa que trabalha com bem-estar quer observar quando visita um zoológico. Acompanhei a equipe e pude perceber como gostam do que fazem e como se dedicam para que o Zoo seja bem cuidado.” 

Faz parte desse trabalho o Programa de Enriquecimento Ambiental, que busca criar desafios e distrações na rotina dos animais mantidos na instituição. O enriquecimento é feito por meio de brincadeiras, mudanças de ingredientes da dieta ou do modo de fornecimento dos alimentos. 

Para garantir esses cuidados, o quadro de colaboradores foi reforçado em 2021, com a contratação de nova bióloga por concurso público e de equipe de apoio à rotina do Zoo. As equipes passam, ainda, por constante treinamento, incluindo protocolos de emergências e contingências. 

Saúde em dia

Um termo assinado com o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR) visa garantir e ampliar os cuidados veterinários preventivos e as medidas de bem-estar animal, além de fomentar o ensino e treinamento em ciências veterinárias. Pelo Programa de Medicina Veterinária Preventiva os animais passam, periodicamente por check-ups.

O hospital oferece odontologia veterinária, patologia clínica veterinária; diagnóstico por imagem; anestesiologia veterinária; clínica e cirurgia de grandes animais, pequenos animais e animais selvagens; oncologia veterinária; oftalmologia veterinária; ornitopatologia; e medicina veterinária do coletivo.

“Temos vários animais idosos com um bom histórico de longevidade. Com essa possibilidade da parceria, temos ainda mais benefícios na manutenção da saúde deles”, lembrou a chefe do Zoo Ana Sílvia Passerino.