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Colégio Estadual do Paraná, o CEP (Foto: Franklin de Freitas/ Arquivo Bem Paraná)

Terá início nesta quarta-feira (29 de maio) uma greve estudantil no Colégio Estadual do Paraná (CEP), o maior e mais antigo colégio público do estado. A mobilização, que foi aprovada ontem (27) por estudantes dos três turnos, tem o intuito de se opor ao projeto de privatização de escolas públicas do Paraná – na semana passada, o governador Ratinho Júnior, anunciou ter a intenção de entregar 200 unidades de ensino ao setor privado.

Amanhã pela manhã (às 7 horas) e no começo da tarde (às 13 horas), então, estudantes do CEP irão se reunir para fazer o ato inaugural de paralisação. A tendência, inclusive, é que os alunos se dirijam até a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que na última segunda-feira iniciou, em regime de urgência, a tramitação do projeto de lei 345/2024, que institui o Programa Parceiro da Escola (o qual permite que empresas sejam responsáveis pelo gerenciamento administrativo das escolas, além de gerir terceirizados responsáveis por áreas como limpeza e segurança).

O que é o projeto e o que alega o governo

Em um primeiro momento, o governo quer implantar o modelo em 200 escolas de cerca de 110 cidades. O número corresponde a cerca de 10% da rede. Desde 2023, o projeto-piloto já é desenvolvido no Colégio Estadual Aníbal Khury, em Curitiba, e no Colégio Estadual Anita Canet, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

O Programa Parceiro da Escola, diz o governo, possibilita que diretores e gestores se dediquem ao desenvolvimento de metodologias pedagógicas, treinamento de professores e acompanhamento do progresso dos alunos, otimizando a gestão administrativa e de infraestrutura das escolas mediante parceria com empresas de gestão educacional. Recentemente, inclusive, o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD), avaliou a proposta como um avanço para o Estado.

“É uma experiência que já deu certo no Paraná. O Estado pretende submeter à apreciação de pais, mestres e professores e se refere a apenas 10% das escolas, onde o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é extremamente baixo. Não se altera nada, o professor continua sendo o mesmo e o diretor continua sendo o mesmo. O que prevê esta iniciativa é apenas a questão da gestão, tirar do diretor a preocupação em relação àquelas coisas do dia-a-dia. Os resultados das escolas que passaram por essa experiência são altamente satisfatórios. Acho que esse é o grande avanço do Estado do Paraná”, afirmou.

Greve de professores e críticas à iniciativa

A iniciativa, contudo, está longe de ser unanimidade. Tanto que no último sábado educadores(as) aprovaram, em assembleia estadual, uma greve por tempo indeterminado a partir do dia 3 de junho. Mais de 4 mil educadores(as) participaram da Assembleia e definiram pela paralisação total das atividades.

“Nós precisamos do engajamento nessa frente de luta de todos(as) os(as) professores(as) e funcionários(as), independente do contrato. Nós precisamos do engajamento, nessa luta, de pais e mães e de toda a comunidade paranaense, pois é o direito de acesso a uma escola pública de qualidade que está sendo negado”, chegou a comentar durante a Assembleia a presidenta da APP, Walkiria Olegário Mazeto.

A APP, inclusive, afirma que professores PSS da rede pública estadual chegaram a aderir ao projeto Parceiro da Escola em 2023, mas que depois se arrependeram. Segundo o sindicato, os profissionais começaram a ser demitidos após se recusarem a atender ordens para retirar faltas e melhorar as notas dos(as) alunos(as), para inflar artificialmente o desempenho da escola.