Após derrota no primeiro turno, Ney Leprevost e Sergio Moro trocam farpas

Redação Bem Paraná
NEY X MORO

Fotos: Franklin de Freitas

Quarto colocado no primeiro turno na eleição para prefeito, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) disse nesta terça-feira (15) à Folha de S Paulo que a entrada do senador Sergio Moro (União Brasil) e da deputada federal Rosângela Moro (União Brasil) na sua chapa “não deu liga” e contribuiu para o resultado nas urnas. A candidata a vice-prefeito na chapa de Leprevost era a mulher de Moro, a deputada federal Rosângela Moro. O senador, por sua vez, rebateu as declarações do deputado, que ainda fez tréplica.

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“Moro atrapalhou bastante. Não que seja culpa dele o fato de eu não ter vencido, mas ele atrapalhou bastante. E ele é ruim de lidar, de difícil trato, vaidoso”, disse Leprevost, em entrevista. “Acho que eu comecei a perder a campanha quando cometi o erro de aceitar o pedido do União Brasil nacional de colocar a mulher do Moro de minha vice. Eu gosto da Rosângela, ela é boa gente, uma querida. Mas o Moro atrapalhou. Ele começou a achar que o candidato era ele. E ele agregou muita rejeição à campanha. Porque ele é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro”, disse Leprevost. Na entrevista, o deputado ainda afirmou que Moro não conseguiu trazer os votos do eleitor simpático ao lava-jatismo, porque ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) apoia Eduardo Pimentel (PSD), que disputa o segundo turno.

Leprevost admitiu que ele e Moro já não estavam mais se falando nos últimos dez dias da campanha. “Ele queria ficar saindo na propaganda de televisão. Mas eu só tinha 1 minuto e 12 segundos de televisão. Não podia ficar colocando ele o tempo todo. E ele ficou bravo e largou a campanha no final. A partir do momento que ela virou minha vice, o Moro passou a achar que eu era um fantoche dele, para ficar fazendo a pré-campanha dele de governador. E eu era um candidato para competir de verdade. Aí começou a ter um estresse. Ele começou a plantar por aí que ele estava sendo boicotado na campanha”, afirmou o deputado na entrevista à Folha de S Paulo.

Réplica de Moro: “O problema é que a população não aguenta mais a velha política”

Moro rebateu Leprevost nas redes sociais. “Ney Leprevost não conseguiu eleger o irmão vereador e quer, com mentiras na Folha de S Paulo, transferir a responsabilidade pelo fracassso de sua candidatura a prefeito a terceiros”, afirmou ele. O senador disse ainda que nem ele, nem a mulher e nem a direção nacional do União Brasil puderam influenciar na campanha de Ney. “O problema é que a população não aguenta mas a velha política de candidatos que se apresentam sem posições claras. Ney aventurou-se na busca de eleitores de todos os lados e junto com seu irmão recebeu nas urnas o que merecida. Repudio ataques pessoas que fez contra mim, mas o recado a ele já foi dado nas urnas pelo povo de Curitiba, povo este que agradeço pelo carinho e apoio”, disse Moro.

Tréplica de Ney Leprevost: “Este senhor é um traidor contumaz”

Leprevost ainda divulgou nota respondendo a réplica de Moro. ” Este senhor é um traidor contumaz. Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político. Traiu as Leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus e escutas telefônicas de legalidade questionável. Traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro. Traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação. Traiu o partido Podemos que o sustentou financeiramente. Traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando- se candidato de última hora contra ele. Traiu seus eleitores de direita votando no ministro Flávio Dino para o STF”, afirmou em nota. Ele ainda disse que Moro traiu o partido União Brasil, “utilizando na última semana de campanha 230 mil reais do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal da mesma sem sequer pedir votos para o 44”. “Me traiu ao plantar ao longo da campanha diversas notas na imprensa nacional com objetivo de desestabilizar minha candidatura. Traiu a pátria ao fazer um “acordão” através dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre. Senador Sérgio Moro, não me meça pela sua régua. Minha vida pública é pautada por coerência e respeito a todas as pessoas. Se o senhor fosse amado pelo povo de Curitiba como afirma, não precisaria andar rodeado de seguranças pagos pelo povo brasileiro até para ir à feira”.

Leprevost citou ainda que o senador é réu em processo criminal. “Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor que é um oportunista visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro”.

Alexandre Leprevost sai em defesa do irmão

O vereador Alexandre Leprevost (União) também divulgou nota na qual defende o irmão, Ney Leprevost: Sergio Moro não é apenas infeliz, mas revela uma postura vergonhosa e de extrema covardia. É inadmissível que um senador da República, que deveria se comportar de forma séria e respeitosa, tente me envolver em uma disputa que não me diz respeito. Moro demonstra um comportamento pequeno ao tentar me usar como escudo em suas rixas pessoais”. “Sempre fui e serei leal ao meu irmão Ney Leprevost, mas tenho minha própria carreira política. Não preciso me escorar em ninguém para crescer ou conseguir benefícios. Fiz minha campanha com muito trabalho, e o resultado foram 8.655 votos – quase o dobro da eleição de 2020. Isso me colocou à frente de mais da metade dos eleitos em Curitiba. Inclusive, é a primeira vez que um vereador não se elege na capital paranaense com esse número de votos. É inadmissível que alguém como o senador Moro desdenhe desse resultado. Se ele diz que ‘recebi o que merecia’, só posso concordar, porque cada voto foi fruto de esforço, dedicação e compromisso com eleitores”, afirmou.