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Foto: Franklin de Freitas

A candidata do PMB a prefeita de Curitiba, Cristina Graeml, foi a segunda entrevistada da Sabatina do Bem Paraná. Em conversa com as jornalistas Martha Feldens, Josianne Ritz e Roberta Canetti, ela explicou porque se define como a única candidata verdadeiramente de direita participando do pleito e garantiu ser a verdadeira candidata do ex-presidente Jair Bolsonaro na cidade. Além disso, também abordou assuntos polêmicos, delicados, tais como o aborto, o que ela chama “tirania sanitária” na vacinação contra a Covid-19 e o fato de ser conhecida como “a defensora dos patriotas do 8 de janeiro”. A entrevista na íntegra está disponível no YouTube.

Sabatina Bem Paraná – Cristina Graeml (PMB)

Martha Feldens: Cristina, você tem dito que existem falsos candidatos da direita, que agora todo mundo é direita. Quem, afinal, é de direita nessa disputa aqui em Curitiba?
Cristina Graeml:
Bom, acho que a esquerda está muito clara. A gente tem dez candidatos concorrendo à prefeitura de Curitiba e tem seis de partidos de esquerda. Então, aqui não tem, acho, que dúvida nenhuma em relação aos candidatos de partidos de esquerda. Aí nós temos eu pela direita. O PMB não é um partido de direita. Ele tem um estatuto e, inclusive, quando me deram a possibilidade de legenda, foi o único partido que me deu legenda. Eu sou muito cobrada, ‘por que não foi pro PL? Por que não foi pro Novo?’ Foi quase um ano de conversas. Ninguém me deu legenda. Eu tentei Podemos, eu tentei Republicanos. Óbvio que eu fui atrás de partidos que eram ditos de centro-direita, porque não existe partido conservador no Brasil, né? Mas as conversas não avançaram. Aí eu fui atrás das pequenas legendas e o PMB é um partido que ele não gosta de definições ideológicas. Mas quando você lê o estatuto dele, por exemplo, ele é um partido que foi fundado por uma mulher, que por acaso é uma negra, nordestina, que podia ser associada às pautas de esquerda, nascida e criada num quilombo. Uma mulher com uma história muito associada até a movimentos de esquerda. Mas no estatuto do PMB ela colocou ‘anti-feminista’. E quando eu conversei com ela para entender melhor o que era o partido, as pautas eram muito alinhadas com os meus valores: defesa da vida desde a concepção, defesa da família, defesa da propriedade privada, do respeito às leis, da democracia. Então tinha muitas pautas alinhadas com o que eu penso e defendo. Eu sou uma candidata que não tem problema nenhum em me definir de direita, eu sou conservadora. Na verdade, a direita é uma definição política. Nunca me preocupei com essa caixinha ideológica, mas quando me encaixam nela não tenho problemas, porque eu não sou de esquerda, definitivamente. Então, óbvio que eu estou nesse espectro. O que eu tenho dito é que a falsa direita são esses partidos de centro, e vou citar um caso sem citar o partido ou a pessoa, mas alguém que foi ministro do presidente Lula, da presidente Dilma lá atrás, e do presidente Bolsonaro, ele obviamente não é nada. Não é nem esquerda, nem direita, nem nada. Ele é centro, o famoso centro fisiológico, que uma hora tá lá, outra hora tá cá. Então, quando vem um candidato deste partido, não posso aceitar que fale pra população que é de direita, não é? E você vai ver as pautas desse partido, por exemplo, eles defendem aborto ou deixam livres os filiados para decidir se eles são pró-vida ou pró-aborto. Para os conservadores isso é inegociável, a vida. Então nesse sentido que eu tenho dito ‘eu sou a única candidata de direita’, nesse aspecto político.

Martha: Mas aí o seu presidente, ex-presidente Jair Bolsonaro, apoia o candidato Eduardo Pimentel.
Cristina:
Não, não apoia. Ele, a figura dele, declaradamente, não. Ele me chamou a Brasília para uma reunião e declarou apoio a mim.

Josianne Ritz: Mas como, se o vice dele é do partido do presidente?
Cristina:
O PL Curitiba, que muito relutou em entrar para esse blocão, entrou na última hora, ali aos 45 do segundo tempo, relutando. Eu não sei exatamente qual foi a negociação política. A gente imagina, porque a ligação específica do vice dessa chapa é com o governador do Paraná, não com o presidente Bolsonaro. Eles estão usando… Pode ver, ele não aparece nos programas políticos do candidato. A gente estava vendo agora, os perfurades de carro não tem a foto dele. A foto é do candidato com o atual prefeito. Então ele usa os padrinhos políticos dele pra se divulgar na candidatura, e não o vice. O meu vice está me acompanhando o tempo todo. Nós estamos há duas semanas, desde que começou o horário político – nós não temos tempo de rádio e TV, porque o PMB não tem -, nós estamos fazendo lives toda noite juntos, expondo o plano de governo. Então quando você tem uma chapa coesa, uma ligação ideológica, inclusive, bem sólida, você desenha o seu plano de governo por valores, junto o vice com o candidato, enfim, a equipe que está ali junto, você não tem dúvidas do que você está defendendo. E eu não vejo esse alinhamento ali entre os partidos.

Josianne: Mas você diz que o Bolsonaro apoia você, mas ele gravou alguma imagem, vai gravar alguma coisa? Como que é esse apoio?
Cristina:
Sim, ele me chamou a Brasília em julho, estive lá, tivemos uma reunião de uma hora. Apenas eu, ele e meu coordenador de campanha. Por acaso entrou o Flávio, senador e filho dele, no meio da conversa e participou de uma parte da reunião. Tiramos foto, ele não me impediu de publicar, ainda esperei um dia para publicar, enfim. Não é um apoio declarado porque na época o PL ainda estava indeciso do que faria, e eu tinha feito convite para o presidente do PL Curitiba ser meu vice, e não houve essa negociação. Então, infelizmente, a gente não conseguiu nenhum partido que se dizia mais conservador. O PL não é conservador, a gente está vendo o que está acontecendo com o PL Brasil afora, não é nem só no Paraná. Então, o presidente Bolsonaro, se estivesse apoiando [Eduardo Pimentel], ele teria vindo aqui. Ele esteve no Paraná inteiro, fez campanha para muitos candidatos e não passou para o Curitiba. Então, acho que isso é um recado bem claro, não preciso ficar explicando detalhes.

Martha: E o União Brasil?
Cristina:
O União Brasil tem candidatura própria desde o início. O Ney já estava lançada o pré-candidato quando eu me lancei também. Então, o União Brasil foi um partido que eu não procurei. Na verdade, o meu coordenador de campanha chegou a fazer alguma cena, mas nem reunião foi marcada. Então, ele já tinha uma ideia própria de caminhar. Mas se você pega a Rosângela Moro, que é a vice do Ney agora, ela está toda ligada às pautas da esquerda, votando inclusive algumas coisas com o próprio presidente Lula, como o caso da reforma tributária, que os conservadores de fato olharam para aquilo e disseram ‘não dá para aprovar desse jeito’.

Martha: Mas ela se diz uma candidata anti-Lula, anti-PT, anti tudo.
Cristina:
Eu imagino que pelo histórico familiar ali não possa nunca se assumir lulista, não vai se assumir, não é. Não diria que ela é lulista, assim como não diria que o atual senador Sérgio Moro seja lulista, jamais. Mas quando você começa a acompanhar a carreira dela na política, que é muito recente, mas agora que a gente está conhecendo melhor, ela está mais alinhada com as pautas de esquerda. Não vejo nenhum direcionamento dela, nenhum aceno para o lado da direita, as pautas conservadoras. Então, nesse sentido que eu estou dizendo, que para o eleitor, para ele entender exatamente quem defende o que, se você é conservador, você não tem vergonha nenhuma de defender o que você defende, assim como a esquerda não tem. A esquerda tem esse lado muito positivo, porque ela é muito clara no que ela defende. A gente, gostando ou não, são pontos de vista diferentes, visões de um mundo diferente, mas quem é de esquerda não tem dúvida nenhuma do que defende. Então quem é de direita tem que ter certeza também do que defende. Agora, se você é colocado diante de um – o que tem acontecido com esses candidatos que eu estou citando -, diante de um jornalista lulista, tem que pagar pedágio para a esquerda na resposta. Aí ele não defende exatamente o que os conservadores defendem, então como é que para o eleitor ele vai dizer que ele é o representante dos conservadores de direita? Quem é de direita, de esquerda, quem tem uma definição ideológica clara, ele é convicto no que ele está dizendo. São valores que o movem pelo mundo. Então, é nesse sentido que eu tenho dito que a minha candidatura, de fato, é uma candidatura de direita, sem problemas nenhum em assumir.

Roberta Canetti: Vou passar um pouco mais para a parte de plano de governo. Partido é algo importante, o seu partido é o Partido da Mulher Brasileira. Eu tenho percebido que na campanha você tem colocado isso de forma muito incisiva, que você gostaria de ser a primeira prefeita mulher de Curitiba e tem se colocado bem como uma representante das mulheres. Mas lendo o plano de governo eu senti falta de propostas mais diretas, mais direcionadas às mulheres. Eu sei que o plano de governo é um esboço, isso tudo é desenvolvido depois. Mas eu queria saber quais são as propostas específicas para quem pretende representar as mulheres, especialmente as que vivem em condições de vulnerabilidade, que são as que mais precisam do Poder Público. Mulheres que tocam as suas famílias como cuidadoras e provedoras, muitas vezes de filhos, de netos, dos próprios pais, as que estão desempregadas, as que estão sofrendo para conseguir manter esse equilíbrio entre família e mercado de trabalho, e principalmente as vítimas de violência física, moral. Enfim, quais são as propostas específicas para as mulheres?
Cristina:
A questão específica ali que você não vê no plano de governo é porque eu não divido os seres humanos em caixinhas ideológicas. Nem mesmo por gênero, por sexo. Na questão aqui de estar me candidatando a um cargo público, eu vejo o que é preciso para cada faixa da população. A gente tem, por exemplo, na parte da Educação, um foco total nas mulheres. Por quê? As 10 ou 12 mil crianças que estão fora de creche, tem uma controvérsia aí no número, mas essas milhares de crianças que estão fora de creche, quem é que carrega? Além da própria criança, quem é que carrega o peso disso? A mulher, que não pode trabalhar fora. Com raríssimas exceções, talvez você encontre, se for ver o catálogo lá de todos os 12 mil alunos esperando vaga, talvez tenha um ou dois pais, meia dúzia de pais, que ficam em casa com a criança. A imensa maioria são as mulheres, que já normalmente são arrimo de família. Então elas não conseguem trabalhar, às vezes ficam vivendo de bico, de um pseudo empreendedorismo ali, para conseguir sustentar o filho e não tem onde deixar o filho. Nosso plano de governo tem [proposta], por exemplo, que é focado especificamente nas mulheres que vivem essa situação. Não só a garantia das vagas de creche para todas as crianças que precisam, pensando muito também na mulher – óbvio que é na criança em primeira instância -, mas pensando na mulher como expansão do horário de atendimento. Não é em todas as creches, mas creches que abram aos sábados, creches que fiquem com as crianças até às oito da noite e que, inclusive, em alguns casos abram mais cedo, porque tem mães que moram, especialmente as mais vulneráveis, moram muito longe do serviço, precisam sair mais cedo de casa, e às vezes não conseguem pegar um serviço determinado onde teria uma remuneração um pouco melhor porque não podem, no horário da creche, não podem deixar a criança. E vários dos nossos pontos de plano de governo focam nisso, sem dizer que isso aqui foi uma política pensada para mulher. Foram demandas que chegaram para nós, nós fizemos um plano de governo, um estudo grande da cidade ao longo de quatro meses, nós tivemos mais de 200 voluntários participando. E aqui estou falando de servidores públicos municipais da ativa e aposentados, pessoas que conhecem muito a fundo o município, a máquina pública, muitos especialistas das várias áreas, que já eram minhas fontes no jornalismo em si e se dispuseram a vir ajudar a pensar a cidade, e pessoas que são usuárias dos serviços da Prefeitura. Nesses quatro meses a gente desenhou um plano de governo que é bem simples, não tem nada de mirabolante ali, mas é pensado com base no que as pessoas querem para a cidade.

Roberta: Em relação às mulheres, só para complementar, é justamente essa falta de equidade e equilíbrio nas condições que faz com que exista o movimento feminista. E por muito tempo você sempre se colocou como uma pessoa que é contra ou anti esse movimento feminista. Eu queria entender o que você entende por feminismo e porque você se posiciona contra.
Cristina:
Eu sou contra esse feminismo radical, que acha que todo homem é tóxico. Vou te dar um exemplo: só tenho filhos homens, tenho dois meninos, mas eu tenho sobrinhas. Agora já passou essa fase, já estão mais na fase adulta. Mas em determinado momento da adolescência, com aquela carga ideológica de Ensino Médio na cabeça, insistentemente falando contra o patriarcado opressor e o machismo tóxico e aquele monte de literatura que lê só aqueles textos o tempo todo no Ensino Médio, uma das minhas sobrinhas chegou para a minha irmã na mesa do café da manhã e disse que não confiava nem no pai, nem no irmão. Uma família super estruturada, não estou falando… Porque tem famílias em que, de fato, as mulheres não podem confiar nos pais e nos irmãos. A gente sabe da violência doméstica, a gente sabe o que existe. Não estou alheia à realidade. Fui repórter de TV durante 26 anos. Os últimos oito é que eu estava nesse jornalismo mais digital, mais isolado do dia a dia da reportagem, mas eu cobri muitas coisas absurdas aqui, em outros lugares onde eu morei. Eu sei a realidade, mas eu não gosto desse negócio da mulher se opor ao homem o tempo todo como se o homem fosse agressor. Então a gente não tem uma sociedade de homens que podem ser companheiros, que podem ser parceiros, bons pais, bons irmãos, bons amigos? Temos. Então eu acho que esse discurso feminista muito contaminado é que estraga um pouco a discussão do que a mulher realmente precisa. É nesse sentido que eu me coloco, que eu cito lá o caso do PMB ter colocado [ser anti-feminista], e é o que a Suêd Haidar, presidente nacional, também pensa das conversas que a gente teve, é que a gente se coloca anti-feminista nesse sentido. Nós não vamos ficar nessa briga ideológica exacerbada quando a gente precisa de vaga de crédito para as crianças, para as mães trabalharem.

Martha: Você ontem à noite trouxe a novidade da escolha do seu primeiro nome de secretariado no caso de vir a ser eleita, e é uma mulher: a doutora Raíssa Soares, que seria secretária da Saúde. Isso é por necessidade? É por que Curitiba tem problemas de saúde? Por que você escolheu primeiro a secretária de Saúde?
Cristina:
Não, foi porque eu escolhi primeiro. Eu estou em contato com muitas pessoas e já tentando formar um início de uma equipe, a partir de pessoas que têm notável conhecimento da sua área. Porque a gente quer implantar em Curitiba um processo seletivo para o secretariado, para as regionais, para os cargos de coordenação, para essas fundações que estão extremamente politizadas – IPPUC, URBS, Fundação Cultural, a própria FAS, a Cohab. Eu tenho recebido denúncias horrorosas do que acontece nesses lugares, de verbas que não são usadas porque os coordenadores não se entendem, porque são pessoas que eram cabos eleitorais e estão lá por pagamento de serviços de campanha. Não sabem nem bem o que estão fazendo lá. Então a gente quer reestruturar essa gestão pública de uma forma muito mais técnica. Agora, óbvio que é interessante que a gente tenha nomes que já são de destaque em algumas áreas para atrair também mais apoio em vários sentidos. A doutora Raíssa, ela era uma fonte minha do jornalismo, entre os vários médicos com quem eu converso. Eu acompanhei ela como gestora pública, ela ficou dez meses à frente da Secretaria de Saúde de Porto Seguro, porque ela saiu para concorrer ao Senado na Bahia e teve mais de um milhão de votos. Foi um estrondo, assim, a capacidade que ela teve na primeira eleição para um cargo como o Senado, atrair tantos votos. Se ela tivesse se candidatado ao governo ela teria sido eleita. Mas naqueles 10 meses de gestão, com cerca de 40 ações que ela teve lá, ela conseguiu botar um hospital de pé, ela conseguiu reduzir a mortalidade infantil e a materna também. Ela conseguiu alguns resultados surpreendentes ali que eu comecei a acompanhar mais de perto na parte gestora. E claro que, quando eu comecei a fazer o meu trabalho de plano de governo saúde, a gente tem médicos daqui que nos ajudaram – enfermeiros, inclusive, de postos de saúde, muito problema de saúde mental com os nossos servidores públicos municipais, da Saúde, da Educação e da Guarda Municipal, especificamente. Aqui eu estou falando de depressão, burnout, estresse por conta de efetivo pequeno, excesso de trabalho, falta de reconhecimento. E aí eu fui ouvir o que estava sendo feito em alguns outros estados, em algumas outras cidades, e ela foi uma das pessoas com quem eu me conectei. A gente trocou muitas informações, ela me ajudou em algumas coisas. A equipe do plano de governo na área de Saúde aprovou esse nome, então a gente conversou muito e eu achei que nesse momento da campanha, em que eu preciso me posicionar como uma candidata de direita, porque todo mundo resolveu ser de direita, porque perceberam que o eleitor curitibana está mais à direita no espectro político e vai definir essa eleição, eu falei ‘agora eu preciso mostrar quem que vai vir comigo e mostrar que são pessoas conservadoras de direita’. Ela é uma, pró-vida, defende a vida desde a concepção, luta pelas liberdades… Ela tem uma postura muito parecida com a minha em vários aspectos, então eu achei que era um nome importante de apresentar agora.

Josianne: Já que estamos no assunto de saúde, durante a pandemia você se uniu muito ao movimento antivacina.
Cristina:
Não é antivacina.

Josianne: A “tirania da vacina”, né. Passada a pandemia, a gente viu todo esse resultado da crise sanitária e hoje a gente está com alguns problemas, por exemplo, na vacinação de coqueluche. Temos duas mortes de bebês porque as pessoas não estão vacinando. E a vacinação é muito ligada à gestão municipal, as campanhas de vacinação, os postos de saúde. Como que você continua com essa posição sobre vacina? Qual é a sua posição?
Cristina:
Eu nunca fui antivacina. Isso é uma narrativa que a esquerda joga sobre qualquer pessoa que questione a obrigatoriedade de uma vacina experimental, cujos resultados não se sabe ainda quais serão. Agora a gente sabe: a vacina é ineficaz. Pessoas que tomaram 5, 7 doses, tiveram Covid. Isso não é vacina, a definição de vacina…

Josianne: Mas a vacina, você pode ter a doença, mas ela não agrava. Ela não impede que você tenha a doença.
Cristina:
A poliomielite, você tem doença tomando vacina de polio? Não. A coqueluche, você tem a doença tomando vacina de coqueluche? Não. A tuberculose, você tem a doença tomando a vacina de tuberculose? Não. Eu sou vacinada com todas as vacinas do calendário. Os meus filhos, também.

Josianne: Mas a gripe, sim [você pode ter a doença depois de vacinado].
Cristina:
A gripe, são várias variantes de gripe. Tanto que a gente tem ali contra o H1N1, a influenza, alguns vírus que eles já conseguiram. Qual foi o problema? Eu estudei muito essa questão da vacina. E não é que eu seja antivacina. Tanto que eu tomei duas doses. Eu tomei duas doses de Pfizer. Eu parei depois, porque eu estava num processo de estudo. Bom, primeiro que eu li os contratos, não só do governo brasileiro, como de vários outros governos. Em todos eles, especialmente nos países da Europa, que foram os primeiros que começaram a vacinar, porque tinha indústria farmacêutica na Alemanha, na Inglaterra, eles tiveram acesso mais rápido, em todos os contratos ficava muito claro que as farmacêuticas não assumiriam nenhuma responsabilidade sobre eventuais efeitos adversos que viessem a ser descobertos depois do início da vacinação. Então era uma outra forma de dizer a vacina está em fase de testes. Quando a gente vai ler mais a fundo a forma como foi escrito esses contratos, a gente vê todos os períodos. A vacina infantil ainda não passou por todas as fases de testes, tem datas que vem, assim, em 2026. A gente não chegou nem em 2025 ainda. Ela já está obrigatória no Brasil. Não está obrigatória em lugar nenhum do mundo, mas o Brasil é obrigatória a vacina. Aí eu começo a receber relatos de criança de 5 anos infartando. Famílias que acreditaram na vacina, vacinaram seus filhos, alguns casos perderam seus filhos.

Josianne: Mas isso não foi comprovado.
Cristina:
Tem inúmeros casos de comprovação de morte causada por vacina. Temos em Santa Catarina, o estado de Santa Catarina reconheceu. Pelo mundo afora têm indenizações sendo pagas. O Brasil suspendeu a fabricação da AstraZeneca. Desculpe, mas isso aqui é notícia, está publicado nos jornais do mundo inteiro. Tem indenizações sendo pagas para vítimas fatais de vacina, para famílias de vítimas fatais de vacina. A gente tem o caso mais notório aqui em Santa Catarina, do Bruno Graf, da dona Alene Graf, que no hospital os próprios médicos disseram, um jovem saudável que não estava com Covid e que se vacinou contra Covid e no dia seguinte começou a ter sintomas de AVC e morreu dois, três dias depois de AVC, ‘faça o exame’. Ela mandou o exame lá para Espanha, que era o único laboratório que fazia na época. 3, 4 mil reais, pouquíssima gente faz o exame, que confirmou que foi a Spike, que é a proteína tóxica que foi retirada do vírus para fazer a vacina, que provocou o AVC no Bruno Graf. E outros casos. Em Santa Catarina teve três casos confirmados até o governo de Santa Catarina reconhecer que a vacina, sim, poderia matar. Então assim, o meu questionamento é todo esse, as informações foram chegando, eu fui tendo contato com cientistas, com pesquisadores, com médicos, e principalmente com famílias de vítimas de vacina que foram abandonadas pelo Estado. São pessoas que acreditaram na vacina, tomaram, e quando tiveram efeitos adversos foram abandonadas. Quando eu comecei a denunciar – eu lembro eu estando ao vivo na Jovem Pan, entrevistando o ministro da Saúde na época, e eu disse ‘eu estou vendo aqui na Anvisa, neste momento tem 4.800 e não sei quantos relatos de casos, de efeitos adversos graves, inclusive fatais, e o Ministério da Saúde e a Anvisa não estão dando respostas para essas famílias’.

Josianne: Mas e como vai ser? Então você vai apoiar a vacinação na gestão pública? Como que vai ser? Qual a sua ideia?
Cristina:
Sempre apoio [a vacinação]., porque eu sempre me vacinei, meus filhos são todos vacinados. A de Covid, ela ainda está em fase de teste.

Josianne: Por exemplo, se você fosse eleita agora, você suspenderia a vacinação de Covid? Ou questionaria? Como que você levaria isso?
Cristina:
Não, eu não tenho direito. Como prefeita eu não tenho autonomia. Eu faria o que eu sempre fiz como jornalista. Nunca fui antivacina. Sou a favor da liberdade das pessoas decidirem. Quem tá morrendo de medo de pegar covid e não consegue se proteger de Covid, porque naquele momento que começou a vacinação a gente já sabia quais eram as posturas…

Josianne: Mas as pessoas não são obrigadas a se vacinar.
Cristina:
Opa, opa. Teve muita gente que foi demitida, inclusive aqui na Prefeitura de Curitiba. A gente tem uma lei que proíbe no estado do Paraná o passaporte sanitário e nós temos casos de servidores públicos municipais que, aliás, correram riscos lá no início da pandemia, porque continuaram trabalhando, médicos, estou falando de médicos, enfermeiros, professoras e guardas municipais, demitidos dois anos depois do fim da pandemia porque não tinham se vacinado, tendo lei estadual que proíbe isso. Então, se isso não é tirania sanitária, eu não sei o que é. Eu defendo a liberdade da pessoa poder decidir. Aqui a gente teve caso em Curitiba, tanto que no meu plano de governo tem a reintegração ao trabalho desses servidores demitidos.

Josianne: E quais eram esses servidores que são esses casos da vacina?
Cristina:
Todos os casos chegaram para mim como jornalista. Todos eu relatei na época pela Gazeta do Povo, que é no caso [um jornal] aqui do Paraná. São casos que chegaram para mim específicos da vacina, inclusive porque o prefeito e o vice-prefeito, o grupo que está na prefeitura atualmente, não só foram ingratos com esses servidores que no auge da pandemia se arriscaram inclusive a pegar o vírus, levar para suas famílias, ninguém sabia o que poderia acontecer se estivessem contaminados, na época nem tinha vacina, né? E depois, quando veio a vacina, eles, por não terem se vacinado, foram demitidos. E já tinha acabado a emergência sanitária no Brasil fazia dois anos quando eles foram demitidos e a lei estadual, aprovada. Então, assim, foram ingratos, foram desumanos, e agiram de forma ilegal. Porque um gestor que não respeita uma lei estadual… Eu acho que ele tá sendo ilegal, né? As leis são aí pra todos, pra todo mundo respeitar.

Roberta: Só pra gente compreender: você não entende, então, a vacina como uma coisa que é feita, uma medida que é tomada em benefício de toda a população?
Cristina:
A da Covid não, porque ela não beneficiou. Ela não beneficiou, ela causou uma pandemia de mortes súbitas que ninguém investiga. ‘Ah, foi a vacina?’ Não sei, mas foi pós-vacina. Não sei se vocês lembram quando teve o surto de febre amarela ali no interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, já faz acho que uns seis ou oito anos, teve uma vacinação naquela região. Morreram duas pessoas. Eles suspenderam a vacinação porque morreram duas pessoas que tinham sido vacinadas. Detalhe, uma delas morreu atropelada. Mas eles suspenderam porque precisavam investigar se a vacina causou de alguma forma uma confusão mental que a pessoa por acaso tivesse se atirado no meio da rua sem perceber o risco. Então, não é da forma como foi feita a vacina, e a vacina não foi só no Brasil que teve esse problema, foi no mundo inteiro. Não é da forma como lidaram com a vacina que você garante a segurança da vacina. Esse era o meu questionamento. Eu sou jornalista, se eu estou recebendo milhares, milhares de denúncias… Parei de contar os adolescentes mortos depois de se vacinar, e não estou dizendo que foi vacina, tá? Eu só exigia que a Anvisa desse resposta para essas famílias. Eu parei de contar porque eu disse ‘gente, eu vou ficar louca’. Quando mais de 100 famílias já tinham denunciado para mim mortes de adolescentes, eu lembro que eu liguei para a pediatra dos meus filhos e falei ‘quando que um adolescente infarta? Em que situação? Só para eu entender’. E ela disse que só tem duas situações: ou ele é cardíaco grave, vem lidando com o problema cardíaco e pode infartar, ou é viciado em cocaína e está num processo de overdose. Cocaína apenas. E não tinha esse relato na pediatria de mortes sequenciais de adolescentes por infarto.

Roberta: Com relação ao plano de governo ainda, me chamou a atenção aqui um ponto e eu queria que você explicasse exatamente o que quer dizer. A gente sabe que aborto é matéria penal, que é algo que o município não tem competência nem de legislar, nem de decidir sobre isso. Mas a introdução do plano, ela traz uma mensagem ali de defesa ao direito à vida desde a concepção. Como você muitas vezes já fez esse posicionamento sobre o tema, inclusive defendeu o projeto de lei que equipara o aborto ao homicídio, mesmo no caso de estupro…
Cristina:
Depois da vigésima segunda semana, que fique bem claro.

Roberta: Então, esse texto dá uma margem pra gente pensar que se trata de aborto. Eu queria que você dissesse se tem a ver com isso ou não e no que exatamente vocês acreditam.
Cristina:
A defesa da vida é bem claro. Quem defende a vida, defende a vida. É simplesmente isso.

Roberta: A conexão disso com a gestão municipal.
Cristina:
A gente pretende… não está ainda nesse plano de governo aqui, foi uma sugestão que veio depois e a gente cumpriu todos os prazos da Justiça Eleitoral e subiu o plano de governo pro DivulgaCand junto com o pedido de registro da candidatura. Ali, acho que foi dia 15 de agosto, se não me engano. E essa ideia surgiu depois, mas, por exemplo, a gente vai colocar no nosso plano de governo a criação de um Instituto Municipal para a Vida, que vai caminhar em paralelo com o Mãe Curitibana, mas também muito ligado à área da saúde e da assistência social. Porque, o que acontece? E a gente não tá falando aqui de estupro, tá? Eu não estou querendo inventar a roda aqui e dizer que o que existe de tolerância legal pra interrupção da gestação seja errado. Isso a sociedade brasileira já decidiu, tá lá, é indiscutível. A discussão da mulher estuprada, não. É depois que ela já ficou 22 semanas com o bebê na barriga, ela vai ter que tirar aquela criança da barriga de qualquer forma, viva ou morta. Por que não tentar fazer esse parto, porque a criança tem chance de viver depois da 22ª semana, e colocar o bebê em doação, já que ela não quer e é um tormento lembrar daquele processo de violência que ela sofreu? A lei permite, inclusive, a gestação que não foi por estupro, se você quiser doar o seu bebê, a lei permite. Tem milhares de casais esperando por um bebê recém-nascido na fila de adoção. Mas você tem que matar o bebê, se ele já tem chance de viver fora da barriga? Vai ter que fazer o parto? É mais difícil fazer o parto de um bebê morto. E o detalhe, essa discussão quando veio, ela é extremamente cruel, tanto que o Conselho Federal de Medicina Veterinária não permite aquela morte com aquela injeção tóxica que eles autorizaram em bebês humanos e que está acontecendo no Brasil. Bebês de 7 meses, de 8 meses sendo mortos. Tem ecografias mostrando o bebê em sofrimento fetal intenso por conta dessa injeção. Então, por que não induzir o parto sem sofrimento pra mãe, com todo apoio psicológico? É isso que eu quero no Instituto Pró-Vida Municipal. Ter esse apoio. Primeiro todos os esclarecimentos, não é forçar uma mulher que foi estuprada a levar adiante uma gestação. Ela tem todo o apoio legal para interromper essa gestação sem nenhum problema, fazendo isso com segurança lá no início da gestação. Agora, você já está com a barriga grande, o bebê formado, com chance de sobreviver fora. Você vai colocar esta mulher num sofrimento, o bebê num sofrimento, fazer o parto, que é dificílimo [o parto] de um bebê morto, porque você tem que matar, porque você é pró-morte? Então eu sou pró-vida nesse sentido. Deixa a vida que tá lá dentro da barriga, já em condição de sobreviver fora da barriga da mãe, mas tem que ter o apoio pra essa mulher. A mulher não pode ser esquecida. Em nenhuma situação. Nem que tenha sido apenas uma gravidez não desejada. A gente precisa dar muito atendimento, especialmente para as mulheres mais vulneráveis, de periferia, mais jovens, enfim, e que são as que mais abortam, e de maneira perigosa. Acho que a discussão dos pró-aborto é justamente por… Inventaram essa expressão da saúde reprodutiva, não tem nada a ver com… Aborto não é método anticoncepcional, isso tem que ficar bem claro. Acho que é um absurdo confundirem com método anticoncepcional. Os postos de saúde distribuem camisinha, distribuem pílula. Falta informação, talvez, para uma parcela da população saber que é só ir lá pegar e se proteger antes da gestação acontecer.

Martha: Cristina, eu queria entrar num outro assunto também que é bastante polêmico. Você se coloca como a defensora dos patriotas do 8 de janeiro, enfim.
Cristina:
Eles me colocam, não necessariamente eu. Eu fiz muitas entrevistas com eles. Eu defendo a liberdade, o devido processo legal.

Martha: Porque, na verdade, eles estavam pleiteando uma intervenção militar, o que não é legal.
Cristina:
Você entrevistou algum dos presos políticos?

Martha: Não, eu não entrevistei um dos presos políticos. Mas eu fui às frentes dos quartéis aqui, eu passei na frente dos quartéis.
Cristina:
Você diz que 100% daquelas pessoas queriam uma intervenção militar, no sentido de golpe?

Martha: Intervenção militar, os cartazes eram muito claros.
Cristina:
Você já leu o artigo 142 da nossa Constituição? Porque existe uma previsão, na nossa Constituição, para intervenção militar. O que aquelas pessoas, a imensa maioria dos que eu entrevistei… Eu não tô dizendo que não tenha… nas passeatas do impeachment da Dilma, tinha gente pedindo intervenção militar, no sentido de golpe militar. Mas era 200 mil pessoas na boca maldita e 3 ou 4 com cartaz de intervenção militar. Não dá pra dizer que a manifestação ‘Fora Dilma’ era por pedido de intervenção militar, e essa é uma confusão que a imprensa costuma fazer. Tem um ranço do regime militar, e tudo bem, eu entendo. Mas a gente tem que dar a devida proporção. Nos quartéis e nas manifestações, do que eu acompanhei como jornalista desde o início, eu não via como a tônica daquelas manifestações é ‘intervenção militar’. As pessoas queriam o código-fonte da urna, queriam entender o que aconteceu na eleição.

Martha: Mas o que elas queriam na frente do quartel, porque era na frente do quartel?
Cristina:
Mas não sou eu que vou responder, vocês têm que perguntar pra elas.

Martha: Provavelmente elas queriam intervenção militar.
Cristina:
“Provavelmente”, você está julgando sem ter a… Tá vendo? Eu sou do devido processo legal.

Josianne: Nós entrevistamos vários e todos queriam intervenção militar.
Cristina:
Vocês concordam com o julgamento dessas pessoas no STF, por exemplo? Elas não tem foro privilegiado, por que elas foram julgadas lá? Vocês concordam que elas não tenham sido ouvidas pelo juiz? Que os advogados não tenham sido ouvidos? Que eles tenham tido apenas o direito de mandar um vídeo? E que o vídeo pudesse ter 20 minutos, eles subiam para o sistema do judiciário 3 minutos antes de vencer o horário, era meia-noite, muitos advogados fizeram isso para testar. Eles podiam subir o vídeo até meia-noite, eles subiam o vídeo de 20 minutos às 11h57 da noite. E à meia-noite e sete já tinha até sentença, sendo que não tinha dado tempo do juiz assistir?

Josianne: Então você é a defensora dos…
Cristina:
Eu sou a defensora do respeito às leis, à democracia, do respeito à nossa Constituição, ao devido processo legal, à presunção de inocência, o direito à defesa que eles não tiveram e no foro legal. A Lava Jato não começou a degringolar quando acusaram o Sérgio Moro de ser parcial e de ser um juízo incompetente, que é a palavra que eles usam? Todos esses presos do oito de janeiro foram julgados por juízo incompetente.

Roberta: Mas os atos em si, você é a favor do que foi feito lá em Brasília?
Cristina:
Eu sou absolutamente contra o vandalismo provocado por vândalos que até hoje não foram identificados. Eu mostrei nas minhas colunas da Gazeta do Povo inúmeros vídeos que o Senado liberou para as defesas, e as defesas me passaram, de vândalos mascarados com balaclava na cabeça, igual bandido mesmo, descendo de rapel por mangueiras de incêndio pelos janelões do Senado e saindo calmamente, caminhando pelos fundos, nunca foram presos. Tinham vandalizado todo o prédio público lá dentro do Senado, ao passo que as 32 pessoas presas no plenário do Senado, entre elas o Clezão, não tem uma cena de vandalismo. Tem acho que oito horas de gravações de dentro do Senado, eles estão de joelhos, eles estão rezando, eles tiram fotos com os policiais, eles sentam, conversam com os policiais. A única avaria que acharam no plenário do Senado foi a falta de um parafuso de um microfone, que não conseguiram nem atestar se foi durante a ocupação – e aí a gente tem que chamar de ocupação, e não de depredação do plenário do Senado – ou se foi no uso no dia a dia por algum senador e não tinham percebido a ausência daquele parafuso. Então como é que a gente pode dizer que condenar essas pessoas a 17 anos [de prisão] é legal e é justo? Não tem uma prova de que qualquer uma dessas 32 pessoas, especificamente as do Senado, vandalizaram nada. Mas tem gente fugindo, tem gente fugindo e que não foi localizada. Então, no mínimo houve uma parcialidade na busca pelos supostos invasores, golpistas, terroristas, o que quer que seja. A gente não pode generalizar e dizer que quem estava ali no Senado conversando e tirando foto com o policial é vândalo e golpista igual os que fugiram de balaclava e fazendo rapel pelos janelões do Senado.

Josianne: Eu queria ver a questão dos comissionados. No seu projeto de governo tem que você pretende fazer o um processo seletivo para comissionados e hoje a prefeitura boa parte é comissionada. Na nossa área de comunicação, por exemplo, praticamente todos são comissionados. Como que você pretende organizar isso, daria tempo dessa substituição? Qual que é a ideia?
Cristina:
O governo de transição existe pra isso, pra gente entender a parte financeira da Prefeitura e pra gente ir reorganizando todo o quadro de funcionários. É óbvio que não tem como um gestor novo entrar e dispensar todo o quadro de funcionários que tá ali. Tô falando dos comissionados, óbvio, os que são efetivos não tem como mexer. Mas é claro que existem pessoas que estão ali como pagamento de dívida política. Você faz uma aliança com 7, 8, 10 partidos e fica 4, 5 meses sem conseguir definir o teu vice, porque os teus partidos aliados estão brigando entre si?! Você imagine como é que vai ser aparelhada a prefeitura com cargos e pagamento de promessas.

Josianne: Mas seria um processo seletivo como um concurso?
Cristina:
Um processo seletivo. A gente vai, claro, atrair pessoas técnicas, que tenham comprovação de currículo, pelo menos o currículo, de que elas têm capacidade, porque qual é a maior dor do servidor público? Pelo menos foi o que chegou para nós e, de novo, eu insisto, nós fizemos um plano de governo ouvindo as pessoas. Não saiu da minha cabeça ‘eu quero isso para o município’. A gente teve ideias, eu tive ideias, o Jairo, que é meu vice, que foi quem coordenou todo o trabalho do plano de governo, teve ideias. A gente pegou ideias com pessoas de fora, mas foram esses 200 voluntários que trabalharam conosco exaustivamente em reuniões diárias e incessantes ao longo de quatro meses que nos ajudaram a ver o que o município precisava. Qual é a maior dor do servidor público? Nós nos dedicamos ao município, nós estamos há décadas, passamos por várias gestões, a gente faz com amor e com dedicação o que a gente faz, e a cada quatro anos entra um incompetente ali que veio para pagamento de favor que ele prestou durante a campanha e ele nem sabe o que está fazendo ali e a gente tem que receber ordens desse tipo de pessoa. Então, óbvio que isso vai achatando a motivação do servidor e a gente não quer que isso continue ocorrendo, até para os serviços serem melhor prestados. Então, nesse sentido que a gente fala no processo seletivo. É óbvio que vai ter uma leva grande de comissionados que vão continuar. Os que produzem, os que estão ali entregando resultados, vão continuar. Os demais vão ser substituídos por outros mais capazes.

Roberta: Também de plano de governo, assisti o vídeo que você colocou junto com o vice sobre uma proposta, na área de Educação, de aulas de empreendedorismo e de oratória. E aí me chamou a atenção que isso inclui ali na proposta as creches, os centros de educação infantil. E aí a faixa etária lá é de 0 a 3 anos, são muito pequenas. Eu queria entender como é que elas vão ser ensinadas sobre empreendedorismo e oratória?
Cristina:
A gente não tem ainda, obviamente, tudo formatado. Isso são ideias que surgiram, inclusive, das próprias professoras e pedagogas que estão sentindo essa necessidade. Você não brincava de lojinha quando era pequeno? Eu brincava. Banco imobiliário? Eu brincava. Claro que depende da faixa etária, mas é de alguma forma introduzindo… A creche é um atendimento muito mais lúdico do que até preparatório para alfabetização. Um pouquinho depois que vem, na faixa dos 4, 5 anos, que começam a ter contato com números, com letras, enfim, já mais conteúdo curricular. Mas nos primeiros anos é mais brincadeira. Então você pode, de alguma forma, ir brincando de lojinha, ir brincando de banco, ir ensinando e introduzindo. Tem a educação financeira junto, né? É oratória, educação financeira e introdução ao empreendedorismo. Mas você vai criando na cabeça daquele ser em formação que lá na frente, caso não tenha um emprego, mas ele precise sobreviver, ele tenha ideias criativas para montar seu próprio negócio, porque a cultura que a gente tem hoje em dia é do patrão contra o empregado. Ou você vai ser explorado ou vai ser o que cria lá, mas você nunca coloca na tua mente, enquanto você é jovem, que você pode ser o patrão. É só mais pra frente, no mercado de trabalho, que você vai ter essa ideia. Então, a gente já quer que a criança cresça com essa ideia. Por quê? Nós começamos a estudar muito a parte de tecnologia, que a gente quer entrar pesado com tecnologia aqui em Curitiba, por vários motivos, especialmente na área de segurança, com câmeras de reconhecimento facial, melhor integração entre as várias áreas e conselhos da cidade e tudo mais, e a gente viu que a inteligência artificial chegou já tão forte que muito provavelmente daqui a 10 anos já não existam mais as profissões que a gente conhece hoje. Então essas crianças que estão na creche, quando elas chegarem à idade de trabalhar, elas vão ter como alternativa principal empreender. Se a gente não preparar desde já, a gente está com mais uma geração perdida aí. Então nesse sentido que a gente atendeu essa demanda que veio dos voluntários que estavam trabalhando conosco no pensar a cidade, e colocamos isso. E ele não fere a base como um curricular, não fere nada do que já está previsto. A gente insere dentro da rotina ali da creche, mas vai entrar mais forte, claro, na parte do ensino fundamental 1.

Bate-bola com Cristina Graeml

Um lugar de Curitiba: Jardim Botânico

Uma comida de Curitiba: Rodízio de massas de Santa Felicidade

Um time de futebol de Curitiba: Coxa-branca por família, mas não acompanha futebol.

Esquerda ou Direita: Direita

Lula ou Bolsonaro: Bolsonaro

Próxima sabatina

O Bem Paraná realiza até 20 de setembro sabatinas com os dez candidatos a prefeito de Curitiba. Nesta quarta (11), a entrevista ao vivo, a partir das 15 horas, será com o candidato do União, Ney Leprevost.

Cada sabatina vai durar 40 minutos e será transmitida ao vivo pelo You Tube do Estúdio Bem Paraná, no Facebook , e Instagram do Bem Paraná.

Leia mais

Veja o calendário da Sabatina Bem Paraná

11/09 Ney Leprevost (União)

12/09 Eduardo Pimentel (PSD)

13/09 Maria Victoria (PP)

16/09 Andrea Caldas (PSOL)

17/09 Felipe Bombardelli (PCO)

18/09 Luizão (Solidariedade)

19/09 Roberto Requião (Mobiliza)

20/09 Luciano Ducci (PSB)

Sobre as entrevistadoras de Cristina Graeml

Martha Feldens

Jornalista profissional com experiência em jornalismo diário impresso e on-line, com passagens por veículos da imprensa regional e nacional, como Jornal do Brasil, Editora Abril, Gazeta Mercantil e Grupo Band. Atuou também em comunicação governamental e assessoria política. Atualmente, produz o Blog da Martha Feldens, de política, no portal Bem Paraná, e o site de viagens Nuestra América.

Roberta Canetti

Roberta Canetti é jornalista, cofundadora da Bombai Comunicação e apresentadora da Rádio T. Formada pela PUCPR e graduada também em Direito pela UFPR, trabalhou como repórter (O Globo e Gazeta do Povo), produtora, editora e âncora de rádio (CBN, BandNews e Rádio T) e televisão (Band, RIC, Record News). Coordenou o Departamento de Vídeo da Prefeitura de Curitiba.

Josianne Ritz

Chefe de Redação do Bem Paraná desde 2001, onde começou como editora de Política, cargo que também exerceu no Jornal Indústria e Comércio. Formada em jornalismo pela PUCPR, com especialização em Ciências Políticas pelo IBPEX e em Marketing pela USP. Também trabalhou na TV Lumen, além de ter atuado em assessoria de imprensa. Hoje, como chefe de redação do Bem Paraná, também coordena o departamento de audiovisual e redes sociais.

Ficha técnica

Coordenação e produção: Josianne Ritz
Produção e redes sociais: Luísa Mainardes
Operação e edição: Evandro Soares e Luísa Mainardes