Candidatos confirmam presença em debates em SP após caso de agressão e expulsão de Marçal

Estadão Conteúdo

As campanhas dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo confirmaram presença no debate da Record no próximo sábado, 28, mesmo após um último encontro marcado pela expulsão de Pablo Marçal (PRTB) e a agressão ao marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB), Duda Lima.

Já garantiram presença no debate os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo). Procurado pelo Estadão, Marçal não havia respondido se participará da dinâmica até a publicação deste texto.

Além disso, as campanhas de Nunes e Boulos também confirmaram que pretendem comparecer a outro debate, que será realizado na segunda-feira, 30, promovido pela Folha de S.Paulo e pelo portal UOL. Neste caso, apenas os três candidatos mais bem colocados foram chamados. Como não é um debate no rádio e na televisão, não é necessário o cumprimento da regra que exige a presença de todos os candidatos cujos partidos tenham representação mínima no Congresso Nacional.

A agressão ao marqueteiro de Nunes foi amplamente repudiada pelas campanhas adversárias, que, embora não cogitem solicitar a expulsão de Marçal do próximo debate, têm instigado as emissoras a refletirem sobre a participação do ex-coach.

A deputada federal Tabata Amaral disse, por meio de nota, que irá a todos os encontros e debaterá “com quem quer que seja”. Tabata, porém, atribuiu às emissoras e veículos de comunicação que organizam os eventos a responsabilidade de avaliar a participação de Marçal para os três debates restantes. Além da Record e de Folha/UOL, também haverá um encontro na Globo, no dia 3 de outubro, a última quinta-feira antes das eleições.

“No entanto, chamo a atenção para a responsabilidade das emissoras e veículos de imprensa: é necessário avaliar os motivos que levam a convidar um candidato que não debate propostas para a cidade, participa com a intenção de tumultuar e cujos requisitos legais não tornam a sua participação obrigatória. A confusão que ele causa é um método que só o favorece e que impede a população de ver uma discussão sobre os problemas reais da cidade”, disse a candidata do PSB.

Aliados da candidata também avaliam que o episódio de ontem aumentará ainda mais a rejeição a Marçal. Diferentemente do caso de Datena, em que houve a percepção de um atenuante devido à provocação do ex-coach, a agressão de ontem foi vista como “gratuita” e “covarde”.

Em caráter reservado, aliados de Nunes dizem que a decisão de cancelar o convite a Pablo Marçal nos debates deveria partir dos órgãos de imprensa, e não das campanhas.

Nunes diz que ‘troco’ de Marçal será ‘na urna’

Nesta terça-feira, 24, em entrevista à imprensa após sabatina na Associação Comercial de São Paulo, o prefeito de São Paulo cobrou maior segurança nos debates e disse que as urnas darão o “troco” em Marçal.

Para Nunes, o soco do assessor de Marçal em Duda Lima foi “premeditado”.

“Uma pessoa como essa [Marçal] não tem a menor condição de estar nesse processo e não veio para discutir proposta”, afirmou o prefeito. “Ele tem esse tipo de artifício para fazer recortes e colocar na internet. O que poderia ser feito? Sinceramente, é isso que a população está fazendo. A cada atitude dele como essa aumenta a rejeição. Acho que o troco é na urna, para mostrar que a cidade de São Paulo é uma cidade civilizada”, afirmou o prefeito, acrescentando que “quem quer fazer um debate precisa assumir a responsabilidade de ter um ambiente com segurança”.

Nunes disse ainda que considera boa a participação de Marçal no debate porque “as pessoas estão vendo que ele não conhece a cidade, não tem proposta e só fala coisas lunáticas”.

Nahuel Medina, o agressor de Duda Lima, deixou a delegacia por volta das 4h50 desta terça-feira e, na saída, afirmou ter agido em legítima defesa. Ele cita um momento, anterior à agressão, em que Duda Lima tentou tomar o celular de sua mão. “Foi com toda a força em mim. Enfiou a mão dentro da minha camisa. Jogou pra baixo. Dá pra ver, meu peito está todo vermelho. Jogou para baixo o celular. E aí, naquele momento, eu só me defendi. Instintivamente, foi aquilo que aconteceu”, disse ele.

Já Daniel Bialski, advogado que acompanhou o marqueteiro até a delegacia, afirmou que a versão da defesa de Nahuel Medina não faz sentido, pois o episódio do desentendimento sobre o celular não teria sido simultâneo ao soco, mas ocorrido alguns minutos antes. Por isso, o assessor de Marçal figurou no boletim de ocorrência como autor, enquanto o de Nunes entrou como vítima.

“Ele (Duda Lima) acabou sofrendo um corte profundo aqui na sobrancelha, perto do olho, tomou seis pontos e vai ainda ser submetido a exames complementares, vai ter que ir no oftalmologista para ver a dimensão dessa lesão, se afetou ou não afetou de alguma forma a visão”, explicou Daniel Bialski, afirmando que Duda Lima solicitou medidas protetivas contra Nahuel Medina, que serão encaminhadas à Justiça.