Clima em pré-debate na RPC esquenta, com candidatos trocando ofensas e acusações

Ney Leprevost chegou gritando e atacando verbalmente Eduardo Pimentel, que promete devolver com uma "proposta" cada ataque que receber

Franklin de Freitas e Rodolfo Luis Kowalski
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Ney Leprevost chegou gritando na redação da RPC: clima quente nos bastidores do último debate antes da eleição (Foto: Franklin de Freitas)

O clima esquentou nos bastidores do debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba, que será transmitido a partir de 22 horas de hoje (3 de outubro) pela RPC. Na chegada à redação da emissora, teve político gritando, chamando outro de “vagabundo” e prometendo “moer hoje”. Além disso, o atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), virou alvo de seus adversários por conta de uma denúncia do site Metrópoles sobre uma suposta ocorrência de assédio eleitoral no âmbito da Prefeitura de Curitiba. Mas prometeu que, no debate, vai responder cada ataque com uma proposta.

“Eu vou moer esse vagabundo hoje”

Quem mais esquentou o clima no pré-debate foi Ney Leprevost (União). Ao chegar na redação da RPC, ele gritou o seguinte: “Eu vou moer esse vagabundo hoje”, referindo-se a Eduardo Pimentel (PSD).

Questionado pelo Bem Paraná sobre o motivo de sua fúria, o candidato recordou não só os áudios divulgados pelo jornalista Guilherme Amado, do jornal Metrópoles, que mostram que servidores do município teriam sido coagidos a fazer doações para a campanha de Pimentel, como também citou uma suposta censura. É que reportagens que tratavam do assunto e que haviam sido publicadas por jornais de Curitiba e páginas em redes sociais tiveram seus conteúdos derrubados pela Justiça Eleitoral recentemente.

“Acho lamentável um candidato que faz censura, eu tenho horror de censura. Eu defendo a liberdade, defendo a democracia. Esses covardes usam a máquina pública para tirar dinheiro de um servidor que estava endividado, tiraram 3 mil reais. O homem [que teria sido coagido] está escondido, ninguém da imprensa encontra ele para ele poder dar sua versão, porque ele está com medo do que eles podem fazer”, acusou Leprevost.

“Essa gente é extremamente perigosa. As pessoas que amam Curitiba não podem votar nesse candidato da máquina pública neste domingo. Tem que escolher pessoas que defendam a família, a liberdade, os princípios cristãos. Esse Pimentel e aqueles que estão cercando ele são gente do mal, são gente extremamente nefasta. São um perigo para a cidade de Curitiba”, emendou ainda o candidato.

“Quem me bater, vai levar uma proposta”

Eduardo Pimentel, por sua vez, foi bem mais tranquilo. Garantiu que seu intuito é apresentar “ideias e propostas” e disse não se sentir atingido pelas críticas e ofensas de adversários. “Tenho sofrido uma série de ataques e agressões de outros candidatos, que não colam em mim. Eu tô animado, tenho andado a cidade toda, tenho tido boa receptividade. Estou animado. Quem me bater, vai levar uma proposta”, assegurou.

Além disso, o candidato também disse estar preparado para ser alvo prioritário dos ataques de adversários, já que aparece em primeiro lugar nas pesquisas. “Tem que manter a serenidade. Para ser prefeito de Curitiba precisa ter equilíbrio, preparo, visão de futuro, conhecimento, e eu tenho isso. Estou muito tranquilo, vou debater, respeitar as famílias que estão nos assistindo.”

Alguns candidatos falam em debate “propositivo”…

Maria Victoria (PP), Luizão Goulart (SD) e Luciano Ducci (PSB), por sua vez, trataram de tentar amenizar o clima no pré-debate. Segundo eles, a expectativa é por um debate propositivo, de alto nível.

“Da minha parte, vim para discutir e debater as propostas que temos para Curitiba, para construir uma cidade melhor para todos”, disse Maria Victoria. “Eu trouxe propostas e vou falar de experiência, minha, como prefeito de Pinhais, a experiência que adquiri para ser prefeito de Curitiba. Eu espero que o debate continue de alto nível”, reforçou ainda Luizão, numa fala bem parecida com a de Ducci. “Vou trazer a experiência que temos de já ter administrado a cidade de Curitiba, apresentar a proposta que nós temos, fazer um debate propositivo, para as pessoas em casa comparar os candidatos, ver quem tem mais conhecimento, e no domingo votar 40.”

… Mas outros voltam a “apontar o dedo”

Roberto Requião (Mobiliza), por sua vez, destacou “esperar um debate animado, que verifique a raiz verdadeira da disputa dessa campanha, que é a visão liberal de um grupo de políticos que quer destruir a Prefeitura como estrutura pública, privatizar tudo e fazer negócio”. Em seguida, recordou a acusação de assédio eleitoral no âmbito da Prefeitura de Curitiba, em situação que teria favorecido a campanha de Eduardo Pimentel. “Se aquilo for bem investigado, a campanha responsável por aquilo vai ficar interditada de fazer política por oito anos”, apontou o ex-governador.

Andrea Caldas (PSOL) seguiu por uma mesma linha. Destacou, primeiro, que quer discutir propostas e afirmou ser importante que, durante as discussões, as diferenças ideológicas acabem aparecendo. Em seguida, recordou as denúncias que surgem, “algumas inclusive censuradas”, e que segundo ela “precisam ser apuradas com rigor, porque são denúncias muito graves que comprometem todo o processo eleitoral.”

Já Cristina Graeml (PMB) agradeceu o espaço dado pela RPC e recordou que este é o primeiro debate ou sabatina para o qual ela é convidada desde o início da campanha eleitoral.

“A Cristina trouxe a Cristina para o debate. Eu não fui convidada ao longo dos sete meses de campanha e pré-campanha para sabatinas, não fui convidada para debates. O único debate para o qual fui convidada, o da Band, o primeiro da temporada de campanha, eu recebi porta na cara assim que cheguei e aí inventaram uma desculpa”, criticou ela. “Estou muito feliz de estar aqui, trazendo minhas propostas para a cidade, feliz por poder me apresentar ao curitibano como candidata”, complementou ainda, assegurando estar confiante em chegar ao segundo e, talvez, até conseguir vencer o pleito já no próximo domingo.