pimentel3
Eduardo Pimentel: “Estou bem preparado para ser prefeito de Curitiba” (Foto: Franklin de Freitas)

Candidato a prefeito de Curitiba pelo PSD, Eduardo Pimentel foi o quarto entrevistado da Sabatina Bem Paraná, nesta quinta-feira (12 de setembro). Na conversa com as jornalistas Martha Feldens, Roberta Canetti e Lenise Aubrift Klenk, o político garantiu ser o candidato do Jair Bolsonaro em Curitiba e explicou estar buscando uma declaração explícita de apoio do ex-presidente. “Estamos buscando, o presidente Bolsonaro está correndo o país e a hora que fizer [um vídeo] para Curitiba nós vamos utilizar, não há problema nenhum”, garantiu.

Sobre o transporte coletivo, garantiu que vai baixar o valor da tarifa de ônibus a partir da licitação de concessão do serviço a ser realizada no ano que vem. Por outro lado, descartou completamente a possibilidade da Capital implementar a tarifa zero. “Tarifa zero não tem como cumprir. Quem promete isso, está prometendo sem conhecimento público”, disse.

A entrevista completa pode ser conferida logo abaixo ou diretamente no You Tube do Estúdio Bem Paraná.

Leia mais

Entrevista completa

Martha Feldens: Não há ainda uma declaração concreta, clara do [Jair] Bolsonaro sobre sua candidatura. Você ainda espera isso, vai pedir isso?
Eduardo Pimentel:
Mas eu tenho o apoio dele, do PL, através do meu vice-prefeito Paulo Martins, como tenho o apoio do Deltan Dallagnol e do partido dele, que é o Novo, tenho do MDB, do Republicanos, do Avante, do PRTB, e das duas maiores lideranças do estado, que é o prefeito Rafael Greca e o prefeito Ratinho Junior. Além disso, quase 300 candidatos a vereadores da nossa chapa, que acreditaram no nosso projeto. Então o nosso projeto é unido de pessoas que tem o amor por Curitiba como principal bandeira. Então essa força, essa união de apoios, está fortalecendo a nossa candidatura.

Martha: Mas aquela declaração do Bolsonaro dizendo assim “vote no Eduardo Pimentel”, você não vai buscar?
Pimentel:
Não, nós estamos buscando. O presidente Bolsonaro está correndo o país, está fazendo vídeos aos poucos, e a hora que ele fizer para Curitiba nós vamos utilizar. Não há problema nenhum.

Roberta Canetti: Como vice-prefeito, com o apoio do Greca, você representa pros curitibanos, de certa forma, a continuidade. O que não foi feito na última gestão e que está entre as prioridades do seu plano de governo?
Pimentel:
A minha candidatura representa a garantia do avanço da cidade. Nós avançamos muito nesses oito anos da gestão Rafael Greca e Eduardo Pimentel. Quem lembra, quando nós assumimos a gestão em 2017 as obras estavam paradas, faltava medicamentos nas unidades de saúde, as contas estava endividadas – tínhamos quase R$ 2 bilhões em dívidas a curto-prazo. E com muito trabalho, eu fui ser secretário de obras, reclamamos e concluímos todas as obras que estavam paradas e demos início ao grande trabalho que foi ao longo desses oito anos. E hoje, faltando quatro meses para terminar a nossa gestão, estamos entregando a cidade muito melhor do que quando a assumimos, em 2017. E agora eu quero avançar. Eu vou melhorar o que está bom e avançar sempre no que precisa, com inovação. A cidade é um permanente preparo, ela nunca está pronta. A gente precisa aperfeiçoar sempre. Por exemplo, na Saúde fizemos muito. Quando assumimos a gestão em 2017, investimos R$ 1,9 bilhão em Saúde. Hoje, são quase R$ 3 bilhões. E na Saúde, com as contas em dia, com a casa em ordem, eu já anunciei que vou construir seis unidades de saúde, duas novas UPAs e também a reforma completa, que é a construção em cima da atual maternidade do Bairro Novo, que é o Hospital e Maternidade do Bairro Novo, com 200 leitos, mais 57 de UTI, nove salas cirúrgicas, com investimento de R$ 250 milhões e o projeto já está sendo feito. Também vou construir um centro de referência por imagem. Hoje Curitiba tem um centro de laboratório de exame de sangue que é referência. É melhor do que muito plano de saúde por aí e eu vou construir um centro de referência por imagem, com raio-x, endoscopias, videoscopias, para auxiliar nas consultas por especialidades na cidade. Então a minha candidatura representa a garantia do avanço da cidade.

Lenise Aubrift Klenk: Nas suas propostas, o senhor diz que vai criar uma Secretaria da Mulher, para ampliar a rede de proteção às mulheres. Mas essa mesma secretaria foi extinta pelo atual prefeito Rafael Greca, logo que assumiu. Naquela época o senhor não se colocou contra essa decisão para agora apresentá-la até como uma novidade para o município?
Pimentel:
A pauta nunca deixou de ser prioritária e importante. O tema continuou a ser tratado com muita responsabilidade dentro da Prefeitura, como tem que ser. Só que nós pegamos a cidade que estava com dívidas e nós tivemos que reestruturar a administração da cidade.

Lenise: A secretaria da Mulher, então, não era prioridade?
Pimentel:
Sempre foi o tema prioridade. Sempre foi e sempre será. E agora, com as contas em dia, eu vou criar. Eu já anunciei a Secretaria da Mulher e Igualdade Racial, bem como a Secretaria de Direitos Humanos. Nenhuma delas terá aumento, inchaço da máquina pública. É um reajuste administrativo para que a gente possa trabalhar. É uma pauta que eu defendo e eu vou criar.

Lenise: Desculpa, candidato. Mas no que ela se difere? Por que antes ela não era viável e hoje ela é?
Pimentel:
Ela sempre foi viável, mas eu vou criar. Estou falando do meu governo, nos próximos quatro anos.

Lenise: O senhor discorda da decisão de extinguir?
Pimentel:
A pauta… Como eu falei, a pauta sempre manteve-se com força. A Casa da Mulher Brasileira é referência nacional. Ela é administrada pela Prefeitura de Curitiba. Foi a primeira que saiu das mãos do Governo Federal e foi administrada pela Prefeitura de Curitiba. É referência no atendimento, na relação com o Governo Estadual e com o Governo Federal. Então a pauta sempre foi prioritária, será no meu governo e eu vou criar a Secretaria da Mulher.

Martha: Um dos seus adversários foi a justiça porque o senhor não estava usando o seu vice na propaganda eleitoral. Você está escondendo o vice?
Pimentel:
Claro que não. Meu companheiro, Paulo Martins, hoje de manhã estava tomando chimarrão com ele num encontro de pastores na cidade. Esteve comigo na segunda-feira à noite, esteve comigo no sábado. Meu companheiro, apareceu no meu programa eleitoral, apareceu no rádio…

Martha: Por que não estava na sua propaganda, então? Nessas mais de 400 inserções.
Pimentel:
Eu acho que foi uma falha ali na comunicação da propaganda. Não há problema nenhum, já foi ajustado, foi corrigido, ajustado. Paulo Martins é um companheiro. Se Deus quiser e a população entender, vamos ganhar as eleições juntos e vamos governar a cidade de Curitiba juntos.

Martha: Tem planos pra ele na administração? Pode adiantar pra nós?
Pimentel:
Tenho, sem dúvida. Não, ainda não [posso adiantar], porque eu quero ganhar a eleição primeiro, se Deus quiser, pra depois pensar na possível composição de governo.

Roberta: Você ocupou cargos na CEASA, secretaria de Obras, antes de ser vice-prefeito. Seu adversário mesmo tem batido bastante no fato de você não ter sido eleito para as funções que exerceu na vida pública anteriormente. É comum que um candidato ao Executivo tenha passado pelo Legislativo, embora isso obviamente não seja obrigatório. A minha pergunta é: você tem a convicção de que essa experiência não vai te faltar?
Pimentel:
Claro que tenho. Estou preparado para ser prefeito de Curitiba. Faz oito anos que eu convivo o dia a dia da cidade. Nada substitui a cancha, que é o dia a dia de trabalhar ao lado do prefeito, ao lado dos servidores da Prefeitura Municipal de Curitiba, que são os melhores do país. Fui secretário municipal de Obras, entregamos todas as obras que estavam paradas. Na pandemia não parei um dia sequer de trabalhar, para abrir leitos de UTI, salvar vidas e depois distribuir as vacinas que o Governo do Estado recebia do Governo Federal e com rapidez. Eu que fazia essa ligação com o município de Curitiba e depois fui secretário de Estado do governador Ratinho Júnior. No último ano e meio, R 4 bilhões de investimentos foram feitos através da minha secretaria nos 399 municípios do Paraná. Eu estou bem preparado para ser prefeito de Curitiba e não tenho problema nenhum de conversar com meus adversários e mostrar para a cidade de Curitiba quem está mais preparado para cuidar da nossa cidade pelos próximos quatro anos. E nós já tivemos experiências – com muito respeito a quem está no Legislativo, que tem um papel muito importante -, de legisladores que vieram para o Executivo e não se deram bem. Não é fácil você estar no Executivo, são decisões, várias decisões por dia. Tem que ter firmeza, pulso firme, preparo e responsabilidade. Isso eu tenho.

Lenise: Não faz muito tempo que o atual prefeito, Rafael Greca, declarou com palavras bastante contundentes, classificou o bolsonarismo como representante das trevas, do mal e da morte, que desvalorizavam a vida e banalizavam o momento grave que a gente vivia, qualificando a Covid de ‘gripezinha’. Isso, o senhor deve lembrar, aconteceu durante uma homenagem ao João Dória e ele claramente estava colocando ali o João Dória como um ícone desse combate ao bolsonarismo naquela época. O senhor discorda dessa afirmação?
Pimentel:
Eu valorizo a vida. Eu não parei um minuto sequer na pandemia. Eu valorizo a vacina. Eu valorizo a saúde pública. E eu construí uma grande frente ampla de apoios a favor de Curitiba, para que Curitiba continue avançando no trabalho social, na educação com escola integral, que todas as nossas 187 escolas públicas municipais oferecem. A saúde, o Sistema Único de Saúde, que é avaliado muito bem por quem utiliza o Sistema Único de Saúde. E as opiniões pessoais de cada um, eu respeito todas.

Lenise: Não é a sua então?! O senhor não considera que o bolsonarismo é representante dessa fatia da população que desqualificou a Covid e não prestigiou a vida naquele momento?
Pimentel:
Eu respeito a vida, eu não parei um minuto sequer. Mas é uma opinião de cada um.

Lenise: Mas é a sua opinião?
Pimentel:
Eu respeito a vida, eu respeito a vacina, eu sou a favor da saúde para todos. Essa é a minha opinião.

Martha: Um dos assuntos que tem tomado corpo nessa campanha é a questão dos radares, da segurança no trânsito. E num vídeo você comenta que houve bastante redução das mortes no trânsito, mas de 2022 para 2023 houve aumento de novo. O que aconteceu?
Pimentel:
É a média, de 2017 para cá, que houve redução de mais de 40%. Eu sou a favor do radar como orientação e eu já me comprometi de que vou pintar e fazer a sinalização cada vez mais, para que ele mostre para o motorista, para o usuário do transporte individual, de que o radar está ali para diminuir acidentes e cuidar da vida. Essa é a minha responsabilidade. E há coisas que dependem do Código Brasileiro do Trânsito, que já diz, automaticamente, que a primeira multa leve ou média, dentro do período de 12 meses, automaticamente, através do sistema, ela vira advertência. Não cabe ao prefeito da cidade fazer isso. Bem como a questão da polícia municipal. Isso é uma lei que está sendo discutida no Congresso Nacional. Não é o prefeito da cidade, de qualquer cidade, que vai determinar se a Guarda Municipal terá ou não poder de polícia, se a Guarda Municipal se chamará Polícia Municipal ou não. É uma PEC que tramita no Congresso Nacional e que eu sou a favor, porque a Guarda Municipal precisa ter ação de polícia para combater o crime também e valorizar cada vez mais a sua carreira. Mas sempre com a independência que tem.

Martha: Ainda na questão dos radares, então você vai sinalizar eles, deixar eles bem sinalizados, mas eles vão seguir multando…
Pimentel:
Veja, tem que seguir multando. Mas isso é uma legislação, ninguém quer andar fora da lei. E uma informação importante: desde que os radares foram implementados, ainda no governo do Cássio [Taniguchi], se eu não me engano, nessa atual gestão nós só temos três a mais. Três a mais! O que aconteceu é que eles foram remanejados para avenidas que têm maior fluxo de carros, para que respeitem as escolas, as unidades de saúde, e eu vou buscar permanentemente morte zero no trânsito.

Roberta: Com relação à Guarda Municipal, eu vi que no seu plano de governo está previsto um programa de prevenção do suicídio na Guarda Municipal. O SIGMUC, que é o sindicato que representa a categoria, recentemente denunciou o não cumprimento da promessa de campanha anterior de fazer um concurso para aumentar o efetivo, que eles alegam que hoje é o maior gargalo, o maior problema de pressão sofrida pelos guardas. Pergunta é: o concurso vai ser feito?
Pimentel:
Será feito e vale lembrar que nós contratamos mais de 500 guardas nesses últimos oito anos. Equipamos tanto na segurança pessoal quanto em automóveis, motocicletas, e eu já anunciei também no meu plano de governo de que eu vou lançar um novo concurso da Guarda Municipal nos primeiros três meses de governo.

Roberta: E o que é esse plano, esse programa de prevenção do suicídio?
Pimentel:
O plano é um atendimento, um acompanhamento psicológico e social dos guardas e das suas famílias, para que eles tenham um acompanhamento psicológico dentro da Prefeitura, para que mantenham-se bem, com tranquilidade, para evitar qualquer efeito de suicídio, alguma coisa, já que eles vivem sob estresse. Então é mais uma forma de manter a qualidade de vida do guarda municipal da cidade.

Roberta: É algo preventivo ou você, enquanto vice-prefeito na gestão, acompanhou problemas quanto graves psicológicos?
Pimentel:
Não, preventivo. Algo preventivo. É mais uma forma de dar segurança a quem cuida da nossa segurança.

Martha: Só para complementar essa questão: na sua gestão, a Guarda ficaria com que efetivo, então? Qual o tamanho?
Pimentel:
Nós queremos contratar pelo menos mais 300 guardas, para que a gente tenha perto de 2 mil guardas municipais na cidade.

Lenise: Como que eles conviveriam e como que dividiriam as tarefas com a Polícia Militar? Não teria nenhum tipo de sobreposição? Preparação seria suficiente?
Pimentel:
Sim. Nós temos, inclusive, a Academia de Treinamento da Guarda Municipal, que foi revitalizada, reformada por nós. Ela é referência estadual, inclusive todas as guardas municipais da região metropolitana fazem treinamento conosco. Eu, inclusive, há três anos atrás, quando era presidente do Pró-Metrópole, que é uma entidade que envolve todos os prefeitos da região metropolitana, foi na minha gestão que nós constituímos o Consórcio Metropolitano das Guardas Municipais, aonde Curitiba é presidente e todo município que criar sua Guarda Municipal entrará automaticamente. Pra que isso? Pra que a gente faça o trabalho não só da inteligência integrada, mas quando vier uma emenda federal, de algum ministério do governo federal, que ela venha pra esse fundo e a gente consiga comprar equipamento pra todas as guardas, por exemplo, em conjunto.

Lenise: No seu plano de governo, a sessão que é dedicada ao meio ambiente e enfrentamento das mudanças climáticas traz algumas propostas, como a implantação de três florestas urbanas, e um projeto para a plantação de 125 mil árvores por ano em áreas, em vias públicas e adensamento florestal nas áreas de proteção e conservação ambiental. Ao mesmo tempo, o senhor não se opôs ou pareceu defender o projeto de construção daquele miniterminal de ônibus no Santa Quitéria, o que implica na derrubada de 200 árvores, o que está judicialmente suspenso depois do clamor da população. Como o senhor explica essa contradição?
Pimentel:
Com muita tranquilidade. E não há contradição. São duas coisas que eu defendo pelo seguinte, vamos lá. Primeiro, nos últimos cinco anos nós plantamos 500 mil árvores na cidade. Vocês sabiam que Curitiba foi a primeira capital do país a criar um Fundo de Catástrofe, que hoje tem mais de R$ 150 milhões disponíveis para serem gastos somente se eu tiver alguma catástrofe na cidade? E eu estou propondo no meu plano de governo: mais 500 mil árvores para os próximos quatro anos de plantio, 125 mil árvores por ano; a criação de seis parques, principalmente ao lado do Parque Costa, que é o início da Reserva Hídrica do Futuro, lá no sul da cidade, onde nós temos as cavas do Umbará, que nós estamos criando para preservação do meio ambiente e o cuidado da água, que pode ser inclusive o abastecimento de Curitiba e região metropolitana nos próximos anos; e a obra da Arthur Bernardes, eu acho que está tendo muito ruído de informação. Há movimentação da população na região, é perfeitamente justo, entendível, e nós estamos procurando mostrar o que está sendo feito. Todo aquele parque linear, ele permanecerá como está e será reforçado. Nós vamos reformar as quadras de futebol, as quadras de tênis, a pista de caminhada, para deixar de uma maneira com sombra, com o cuidado que o meio ambiente precisa. O que vai acontecer lá é fruto de uma obra grande na cidade toda, que é o Inter 2. O Inter 2 é a linha do transporte coletivo que percorre 28 bairros da cidade em círculo. E é um recurso internacional que está sendo pego para essa obra, então o recurso internacional, ele só libera quando tem comprometimento com a sustentabilidade e nós já transplantamos o que podia de árvores e vai ter que tirar 200 árvores; Em contrapartida dessas 200, serão plantadas 8 mil árvores.

Lenise: Mas são 200 árvores adultas.
Pimentel:
Sim, e serão 8 mil árvores para a construção de um miniterminal do transporte coletivo do Santa Quitéria, que é para quê? Para fortalecer o transporte coletivo, para que a gente coloque uma linha exclusiva para o ônibus naquela região, para que o trabalhador e a trabalhadora que utiliza do transporte coletivo todos os dias possa sair um pouquinho mais tarde de casa e chegar um pouquinho mais cedo. Então, ninguém quer retirar árvores. Essas 200 que serão retiradas têm licença ambiental e, em contrapartida, serão plantadas 8 mil. E é importante, para concluir, todo aquele parque linear da Arthur Bernardes permanecerá lá e será totalmente revitalizado para a população que lá vive.

Lenise: Mas é um deslocamento, né, candidato? Essas pessoas não vão ocupar esse mesmo espaço ou não é o mesmo espaço que vai oferecer conforto térmico numa condição da qual hoje elas já usufruem. As árvores que já são árvores adultas, para que sejam compensadas por árvores novas, vai levar muito tempo para que essas árvores novas possam desenvolver esse conforto térmico. Fazendo essa pontuação que parece óbvia, o senhor, superada a disputa judicial, vai manter o corte dessas árvores na sua gestão?
Pimentel:
Veja só, nós vamos avaliar. Agora temos uma decisão judicial em trâmite, então nós precisamos esperar que a decisão da Justiça aconteça para reavaliar o que vai acontecer. O importante é dizer que o parque permanecerá como está. É uma linha, um parque linear bonito que será revitalizado e que as pessoas terão muita sombra, muito esporte para poder utilizar. É uma área importante da região que continuará com muita área verde.

Martha: Ainda seguindo na questão ambiental, eu gostaria de saber o que tem de previsto para a questão da permeabilidade do solo e o escoamento desses rios que passam por baixo de Curitiba, para que não aconteça com a gente o que aconteceu, por exemplo, com Porto Alegre neste ano.
Pimentel:
Esse é um permanente trabalho. Nós temos feito um grande investimento em macro e micro drenagem nos últimos oito anos, limpeza dos rios, reperfilamento dos rios onde for necessário, o cuidado com as árvores… Nós aumentamos de 62 para quase 68 metros quadrados de área verde por habitante e nós vamos passar na minha administração, caso seja eleito, de 70 metros quadrados de área verde por habitante. Então esse cuidado foi prioritário para o prefeito Rafael Greca e será prioritário para mim. Então, o cuidado com os rios vai permanecer, a limpeza e o desassoreamento dos rios irá permanecer. Nós estamos investindo R$ 50 milhões no programa Caminhar Melhor e eu vou colocar mais R$ 100 milhões com calçadas sendo feitas pela prefeitura, com áreas de impermeabilidade, com grama junto. Isso é importante.

Martha: Vai haver essa substituição ou isso é em áreas calçadas novas?
Pimentel:
Calçada, pela lei, é responsabilidade do morador. Vamos buscar legislar sobre isso e não é à toa que nós vamos trazer mais 100 milhões para trazer acessibilidade, inclusão e pensar na permeabilidade do solo. Isso é importante, nós temos que estar atentos. As mudanças climáticas estão aí, vejam o dia de hoje, quinta-feira: 32 graus em 12 de setembro. Se nós estamos sofrendo, as crianças estão sofrendo. Então nós estamos pensando nisso e vou continuar investindo nessa pauta.

Roberta: Candidato, a gestão atual não apoiou o Festival de Curitiba, que é um dos principais festivais de teatro do país. E a organização protestou bastante pelo que chamou de indiferença, a indiferença da Prefeitura com relação ao evento, que é um evento cultural de bastante importância para a capital. Se eleito, você vai voltar a apoiar o Festival de Curitiba?
Pimentel:
Vou apoiar. Apoio todas as ações culturais da cidade. Vale dizer que nós fizemos investimentos muito grandes na cultura da cidade. A Oficina de Música, que era só no verão, agora é no verão e no inverno. O Natal, que é o maior gratuito do país, voltou a ser referência nacional, trazendo turistas, muitos turistas para Curitiba, deixando dinheiro aqui nos nossos hotéis, restaurantes, no nosso transporte. E eu já estou fazendo, já estou propondo o Festival da Primavera também para que a gente possa, cada vez mais, descentralizar a cultura. E teve outra coisa importante: nós aprovamos na Câmara Municipal que o orçamento da cultura possa sair de 1% para até 3% [do orçamento da cidade]. E eu já me comprometi que em quatro anos eu quero chegar até próximo dos 3%. Um investimento em cultura na cidade toda,descentralizando a cultura.

Roberta: Mas dá para, então, firmar o compromisso: se eleito, vai voltar a apoiar o Festival? O Festival vai ter o apoio da Prefeitura?
Pimentel:
Está firmado. Vai ter o apoio.

Lenise: Curitiba é a sexta capital com maior proporção de população em situação de rua e a gente tem visto essa população aumentar a olhos vistos. Como a Curitiba chegou a essa situação? O que o senhor pretende fazer para acolher essa população?
Pimentel:
Sim, é um desafio mundial e nós estamos enfrentando de frente, como tem que ser. Tóquio tem [esse problema], Nova York tem, Londres tem, Los Angeles tem, São Paulo tem e em Curitiba nós estamos enfrentando esse desafio. São algumas coisas que nós já temos feito, avançado bastante, com acolhimento, com cuidado, e eu me comprometi já com a contratação de assistentes sociais, a contratação de educadores sociais e mais duas unidades do FAS SOS, que eu vou explicar um pouquinho como é, e é referência nacional. Primeiro nós temos que saber que a pessoa que está nessa situação ela tem um histórico, ou é de violência, ou ela tem algum problema de saúde mental, ou ela tem alguma dependência química, abandono, e nós temos que pensar com ela no dia seguinte, como é que nós vamos cuidar dela. E tá aí o grande desafio: é segurá-la no processo de recuperação da sua independência. E o FAS SOS faz exatamente isso. É o acolhimento, é o banho, é a alimentação. Após isso, é o tratamento de saúde. Qual for ele? Qual seja ele? Se for o tratamento de saúde mental, fortalecer para ir nos nossos 10 CAPs, que vou revitalizar os 10 e construir mais 2. Ou se for a dependência química, ir até as comunidades terapêuticas para o tratamento, que já falei que vou aumentar a compra de vagas nas comunidades terapêuticas. E após isso, que eu acho que é muito importante, é a profissionalização através do Liceu de Ofício, que nós chegamos a marca de um milhão nesse ano, aonde as pessoas se profissionalizam, ou na primeira profissão, ou buscando uma nova profissão, e após isso, o emprego. Inclusive, já anunciei que vou colocar nos contratos da prefeitura, das empresas que têm contrato com a prefeitura, uma porcentagem para que contrate pessoas que estão vindo dessa recuperação social. Então o grande desafio que eu vou me dedicar muito como prefeito da cidade é manter essas pessoas em todo o processo de ressocialização. E por último ainda, e tão importante quanto, é a habitação popular. Coloquei no meu plano de governo a geração de 20 mil unidades habitacionais, através da construção, através da parceria com construtoras, mas principalmente através do aluguel social permanente, que é uma inovação, que tem acontecido muito no mundo, que é o aluguel para as pessoas que estão na fila da Cohab, principalmente faixa 1 e 2, e também para o morador em situação de rua, até que ele tenha condições de ter a sua independência financeira. Enquanto isso, será acompanhado pela ação social da cidade. Mas tem um dado importante que eu gosto de falar: nós fomos eleitos, nos últimos anos, a cidade de Curitiba, com vários títulos importantes que nos alegram. Nos alegram, mas o mais importante, o que mais me deixa orgulhoso, ao prefeito e a mim, nós fomos em março eleitos pelo Instituto Cidades Sustentáveis a cidade menos desigual do país. Ou seja, a cidade mais igualitária do país. Em vários aspectos que foram avaliados: a saúde, a educação integral, a pessoa em vulnerabilidade, o cuidado com os idosos, com a criança, a alimentação saudável. Então isso é um título que eu gosto de falar, porque aconteceu há quatro meses atrás e reproduz bem o dia-a-dia da nossa cidade, como nós estamos trabalhando. Os desafios têm? Claro que têm. Nós estamos vendo, nós estamos andando no Centro, a gente sabe disso. É a forma como nós vamos enfrentá-lo.

Lenise: E por que Curitiba chegou a esse sexto lugar, que é o pior índice da região sul em termos de população e situação de rua?
Pimentel:
São vários cenários. Ainda é um reflexo da pandemia, situação econômica nacional. Tem acontecido isso, infelizmente, e nós estamos tratando. O nosso time está todos os dias fazendo acolhimento na rua. Quem quer ser acolhido tem seu espaço para acolhimento e todo o tratamento. E eu vou fortalecer. Esse é um dos compromissos principais da minha campanha e, se eleito prefeito, vou colocar em prática. É o cuidado com a pessoa em situação de rua.

Martha: E tem no seu projeto, que eu já vi, o auxílio financeiro para essa população. Como é que vai funcionar isso?
Pimentel:
Cada pessoa que precisar o atendimento, o auxílio para que ele seja reinserido e tenha sua independência, nós queremos auxiliá-lo por um período limitado, para que ele possa… Nós vamos avaliar ainda o prazo e o valor, mas a ideia é que a gente possa dar a porta de entrada, mas também a porta de saída da atenção social que essa pessoa precisa.

Martha: Isso é uma coisa para ser realizada logo no início da gestão?
Pimentel:
Já no começo da gestão, já no começo da gestão.

Roberta: Candidato, você é neto de empresário na área de comunicação e filho de jornalista, sua mãe é jornalista.
Pimentel:
E a irmã também.

Roberta: E a pergunta foge até um pouco da questão da gestão municipal, mas tem a ver porque tem um relacionamento importante entre a Prefeitura e a imprensa. A pergunta é: como é que você vê essa crise que a gente está passando no jornalismo, uma crise de desinformação em que as pessoas estão recebendo uma carga muito grande de fake news, de informações distorcidas, e a gente vai vendo o jornalismo cada vez mais espremido, né? Menos veículos, menos pessoas trabalhando com a informação de verdade. Se eleito, que importância que você vai dar pra relação com a imprensa local como um espaço de prestação de contas do trabalho da Prefeitura e também voz da sociedade?
Pimentel:
Total importância. Quem me conhece sabe que eu trago o bom jornalismo, a livre expressão dentro do meu sangue. Eu cresci dentro de veículos de comunicação. Dez anos da minha vida eu trabalhei dentro de veículos de comunicação. E tive o Paulo Pimentel, meu avô, como uma grande referência política e de veículos de comunicação. Você falou, a minha irmã é jornalista, a minha mãe, de saudosa memória, era jornalista. Então, com muito respeito, eu acredito na notícia que eu leio nos principais veículos de comunicação, no impresso, na rádio, na televisão, e me preocupo, nas redes sociais também, e me preocupo muito com as fake news. Sou totalmente contra fake news, não espalho fake news, sou a favor da notícia com credibilidade. Se eleito prefeito, tratarei com todo respeito e acesso total com entrevistas periódicas, porque é isso que eu acredito.

Lenise: Falando um pouquinho de transporte público, esse ano a tarifa do transporte público ficou congelada. Dá para esperar, caso o senhor seja eleito, um aumento da tarifa em 2025 ou dá para pensar em tarifa zero?
Pimentel:
Nenhum dos dois. Não vou aumentar e também não vou deixar a tarifa zero, pelo menos por enquanto. Mas não terá [aumento na tarifa em 2025] e com responsabilidade e credibilidade eu vou procurar diminuir [a tarifa]. Não há nenhum estudo ainda que mostre que a tarifa zero pare de pé em qualquer grande cidade do país. Não é à toa que nenhuma grande cidade ainda tomou essa atitude. Se tiver um estudo que mostre que para de pé financeiramente, saudavelmente para o município, eu serei o primeiro a implementá-lo. O que eu quero fazer? Qual que é a minha proposta? Ano que vem, no segundo semestre, é a nova concessão do transporte coletivo. Nós assumimos a gestão com o contrato herdado e mesmo assim nós mantivemos a qualidade e trocamos 500 ônibus e agora no ano que vem… Ah, em dezembro do ano passado, a nossa gestão, o prefeito Rafael Greco e eu, contratamos o BNDES, um banco público, que está estruturando o novo edital de licitação para o segundo semestre do próximo prefeito. Então, com responsabilidade, nós fizemos isso. E eu quero, através da nova concessão, aí sim, discutir a diminuição da tarifa. Geral, justa. Mas o que eu já me comprometi no meu plano de governo? Duas coisas: com a saúde financeira da cidade em dia. A tarifa pela metade no domingo e feriado. Não zerada, pela metade, R$ 3,00. E também a tarifa a zero para a pessoa que estiver momentaneamente desempregada. Ela vai fazer um cadastro e vai receber a tarifa subsidiada para, por exemplo, se ela mora no Cajuru, pegar um ônibus e fazer uma entrevista de emprego no Boqueirão ou no Sítio Cercado, ou em Santa Felicidade, para que a gente possa incentivar a busca de emprego. Então, não aumenta e eu, com a nova concessão do Transporte Coletivo, nós vamos abaixar [o valor da tarifa.

Lenise: Quem promete tarifa zero não tem condição de bancar essa proposta?
Pimentel:
Na minha opinião, não tem. Não tem. Não consegue fechar a conta e não tem [como bancar a proposta]. Quem promete tarifa zero, na minha opinião, está prometendo sem conhecer o orçamento público.

Martha: Além da questão da tarifa, há outros gargalos no transporte. Há ônibus velhos, não são climatizados, enfim. O que mais dá pra fazer pra melhorar isso aí? Porque está ruim, né?!
Pimentel:
Está melhorando muito. A cidade é uma permanente construção. Como eu falei, nós pegamos e trocamos mais de 500 ônibus. E introduzimos, nesse ano, os primeiros sete ônibus elétricos da cidade na linha Interbairros 1, todos climatizados. É um processo de avanço da cidade e é o nosso compromisso de até 2050, um compromisso audacioso da cidade, vai passar por vários prefeitos da cidade, que é a troca de toda a matriz energética do ônibus, de todos os ônibus, do diesel para o elétrico, que, se vem climatizado, a sua durabilidade é maior e a sua manutenção é menor. Então é um processo de avanço em que nós vamos continuar.

Roberta: O drama das mães que não tem onde deixar os filhos para poder trabalhar, os filhos pequenos, é um drama que sempre é exposto a cada campanha eleitoral e há um problema crônico de falta de vagas nos centros municipais de educação infantil. Então, pergunto, tem solução? O que vai ser feito se você for eleito para tentar zerar esse problema?
Pimentel:
Eu me solidarizo com todas as mães. Vale lembrar que a nossa administração cumpre hoje 58% das vagas e o Plano Nacional da Educação exige metade. Então nós temos a mais do que o Plano Nacional da Educação exige e há uns 60 dias atrás a prefeitura abriu um credenciamento de novas 10 mil vagas. O que eu vou fazer como prefeito da cidade caso seja eleito? Já me comprometi com 30 novos CMEs e 9 mil vagas para as crianças de 0 a 3 anos em creche para que a gente possa cuidar desse trabalho de oferecer vagas e também continuar, quando necessário, na compra de vagas em creches particulares, porque também funciona, mantém a qualidade da educação da criança, e eu vou trabalhar nesse sentido.

Roberta: Isso é zerar a fila?
Pimentel:
É zerar a fila. A fila é muito dinâmica. Todo ano, o tempo todo nascem pessoas, né? Nascem crianças. Então a fila é muito dinâmica. Hoje nós já conseguimos zerar ela do começo do ano até o fim do ano. Então, é uma permanente construção. Eu falo isso porque é a pura verdade. Então assim, é ter as 10 mil vagas que estão sendo abertas agora, 9 mil nos próximos anos, e ir trabalhando com a flexibilidade do nascimento. Zerar, zerar, você nunca pode dizer, porque nascem crianças todos os dias.

Lenise: Mas dá pra trabalhar com estimativas, né, candidato? Nessa projeção do número de crianças que devem nascer e da demanda que já deve ser projetada, não há possibilidade, então, de zerar?
Pimentel:
Há possibilidade, nós vamos trabalhar com isso dentro da ação de que nasce criança todos os dias. Mas sim, diminuir a zero o número de filas para os próximos anos.

Bate-bola

Um lugar de Curitiba: Passeio Público revitalizado

Uma comida de Curitiba: Pastel de queijo acompanhado de uma gengibirra

Um clube de futebol de Curitiba: Paraná Clube

Um artista de Curitiba: Paulo Leminski

Uma personalidade pública de Curitiba: Paulo Pimentel

Curitiba no inverno ou no verão: Inverno

Esquerda ou direita: Direita, centro-direita

Lula ou Bolsonaro: Bolsonaro

Um nome para o governo do estado em 2026: Rafael Greca ou Alexandre Curi

Veja o calendário da Sabatina Bem Paraná

13/09 Maria Victoria (PP)

16/09 Andrea Caldas (PSOL)

17/09 Felipe Bombardelli (PCO)

18/09 Luizão (Solidariedade)

19/09 Roberto Requião (Mobiliza)

20/09 Luciano Ducci (PSB)