CAMPANHA DE RUA
Wind banners no Centro de Curitiba: publicidade por materiais impressos já consumiu quase R$ 2,5 milhões das campanhas eleitorais (Foto: Franklin de Freitas)

Santinhos, wind banners e panfletos sendo distribuídos pelas ruas. Nas redes sociais, conteúdos impulsionados e disparo de mensagens no WhatsApp. É tempo de eleição em Curitiba, e quem está concorrendo utiliza as mais diversas estratégias para se promover e ‘cair na boca do povo’. Mas entre as empresas que trabalham com a produção de materiais gráficos, um lamento: a eleição deste ano não estaria sendo tão lucrativa quanto outros pleitos. Possivelmente, um sinal dos tempos, com aqueles que concorrem a prefeito, vice-prefeito e vereador investindo mais no digital e deixando de lado a publicidade por materiais impressos.

Entre ontem (1º de outubro) e hoje (2) o Bem Paraná esteve em contato com seis diferentes gráficas de Curitiba, questionando sobre a movimentação referente à eleição e o impacto da corrida eleitoral para o faturamento das empresas. Em todas, o relato foi parecido: ou já não faziam muitos trabalhos para as campanhas políticas, ou constaram uma queda expressiva na demanda de candidatos.

Esse é o caso, por exemplo, da Gráfica Rápida Curitiba. Segundo Ana Paula Silveira, a demanda de materiais de campanha que chegou até a empresa neste ano foi bem baixa, tanto em relação ao pleito de 2020 como ao de 2022. “A eleição passada [de 2022] foi mais polarizada, aí o pessoal investiu mais na campanha, em material para divulgar na rua. Nesta agora já está sendo bem fraca a demanda, caiu muito”, lamenta a empresária, apontando ainda outro motivo que pode explicar o cenário. “Acho que os candidatos estão investindo mais em campanha no digital e gastando menos com banners, panfletos e outros materiais gráficos.”

A opinião é parecida com a de Vanderleia da Rocha, da Gulitich Comunicação Visual. “Nesta eleição os candidatos fizeram muito pouco material gráfico. Aliás, eu acho que na próxima eles voltam a investir mais na propaganda física. Estão achando que só o online dá conta, mas não dá, não”, comenta ela.

Por fim, houve ainda aqueles que reclamam dos preços pagos pelos candidatos para a produção de seus materiais de campanha. Foram os casos da Casa dos Banners e da Color Print, por exemplo. “Este ano não fizemos nenhum trabalho para política. Nada, nada mesmo. Mas nosso forte não são campanhas, tanto que não fazemos nenhuma propaganda para esse tipo de negócio. O foco deles é preço baixo, e pra gente não faz sentido”, comentou Kiko, que trabalha na primeira empresa. “Nós atendemos bem pouca demanda da parte eleitoral. O foco dos candidatos são nos baixo valores”, emendou ainda Ana Paula, da ColorPrint.

Gastos com materiais impressos e adesivos recuam

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), extraídos da seção de prestação de contas na página de Estatísticas Eleitorais, corroboram ainda com as falas dos empresários. Em 2024, os gastos com publicidade em materiais impressos (como wind banners, panfletos, adesivos e outros) teve um recuo em Curitiba. Ao mesmo tempo, o valor despendido com o impulsionamento de conteúdos e a criação e inclusão de páginas na internet teve um ligeiro aumento.

Conforme os dados oficiais, em 2020 (na última eleição municipal) as campanhas eleitorais movimentaram um total de R$ 40,6 milhões em Curitiba. Desse montante, R$ 6,73 milhões foram gastos com publicidades por adesivos ou por materiais impressos. Já outros R$ 2,54 milhões haviam sido investidos com a criação e inclusão de páginas na internet e o impulsionamento de conteúdos online.

Já em 2024, conforme prestações de contas feitas até o começo de ontem (2 de outubro), a eleição municipal movimentou R$ 24,85 milhões. Desse valor, R$ 3,3 milhões foram gastos com publicidade impressa (inclusive adesivos). Outros R$ 1,64 milhão haviam sido destinados para o impulsionamento de conteúdos ou a criação/inclusão de páginas na internet.

Isso significa que, em 2020, R$ 16,59 de cada R$ 100 investidos em campanhas foram destinados para a confecção de materiais impressos, ao passo que R$ 6,27 acabaram direcionados para campanhas digitais.

Já em 2024, o valor despendido com publicidade por adesivos ou materiais impressos recuou para R$ 13,27 de cada R$ 100 investidos (uma redução de 20%), enquanto os gastos com campanha virtual subiram para R$ 6,61 de cada R$ 100 gastos (alta de 5,4%).