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Câmara: desigualdade entre candidatos (Rodrigo Fonseca / CMC)

Os eleitores de Curitiba irão às urnas no dia 6 de outubro para definir quem serão os vereadores da cidade a partir de 2025. Ao todo, são 38 cadeiras a serem ocupadas na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) e um total de 740 candidatos se apresentaram à Justiça Eleitoral. Com isso, tiveram também que apresentar a relação de bens que possuem. E a desigualdade que se vê na sociedade como um todo também se reflete na política. Isso porque 228 dos que tentam chegar ao Poder Legislativo (o equivalente a 30,8% do total) não possuem qualquer patrimônio declarado. Por outro lado, 56 dos postulantes à vereança (ou 7,6% dos candidatos) são milionários.

Os dados apresentados fazem parte de um levantamento exclusivo do Bem Paraná. Para sua realização, a reportagem analisou, candidato a candidato, a relação de bens apresentada à Justiça Eleitoral. Essas informações estão disponíveis publicamente através do site Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitoral (DivulgaCand), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Considerando-se apenas os que concorrem a vereador, temos que os 740 candidatos em Curitiba reúnem um patrimônio de R$ 228,63 milhões. Isso significa que cada concorrente possui, em média, R$ 308,96 mil em bens — que podem ser imóveis, carros, empresas (ou cotas de participação), dinheiro no banco, na poupança ou investimentos, entre outros. A desigualdade entre uns e outros, no entanto, é grande.

Prova disso é que quase um terço dos postulantes à vereança declarou não ter qualquer bem. São 228 pessoas nessa condição, o equivalente a 30,8% de todas as candidaturas na Capital.

Por outro lado, há 56 milionários concorrendo na eleição – ou seja, candidatos cujo patrimônio declarado supera R$ 1 milhão. Juntos, esses milionários somam R$ 113,6 milhões em bens, o que significa que 7,6% dos candidatos concentram quase metade (49,7%) do patrimônio total declarado pelos candidatos a vereador na Capital.

Curiosamente, inclusive, os candidatos a vereador mais ricos possuem patrimônio consideravelmente superior ao declarado pelos candidatos a prefeito com mais bens. Na primeira posição está Itamar de Souza (Novo), com R$ 6,25 milhões. Na sequência aparecem Avari da Frei (PMB), com R$ 4,44 milhões; Sargento Abednego (AGIR), com R$ 4,21 milhões; Carlos da Farmácia (PMB), com R$ 4,1 milhões; e Thadeu Vermelho (PP), com R$ 3,87 milhões. Entre os candidatos a prefeito, por sua vez, o mais rico é Ney Leprevost (UNIÃO), com R$ 2,59 milhões em bens declarados.

Entre os concorrentes a prefeito, o mais rico possui patrimônio 24 superior ao do mais pobre

Entre aqueles que disputam a chefia do Poder Executivo, novamente verifica-se discrepâncias. Como já citado, Ney Leprevost é o prefeiturável com maior patrimônio (R$ 2,59 milhões). Já Felipe Bombardelli (PCO) é o candidato a prefeito com menos bens: R$ 106 mil.

Ou seja, o candidato a prefeito ‘mais pobre’ possui um patrimônio 24 vezes inferior que o do candidato mais rico.

Depois de Leprevost, Eduardo Pimentel (PSD) é o segundo prefeiturável mais rico, com R$ 2,26 milhões em bens declarados. Luizão Goulart (do Solidariedade, com 1,97 milhão), Maria Victoria (do PP, com R$ 1,76 milhão), Professora Andrea Caldas (do PSOL, com R$ 1,04 milhão), Luciano Ducci (do PSB, com R$ 932,5 mil), Cristina Graeml (do PMB, com R$ 673,6 mil), Roberto Requião (do Mobiliza, com R$ 621,6 mil) e Samuel de Mattos (do PSTU, com R$ 164,7 mil) aparecem na sequência.