JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O filho de Adarico Negromonte Filho, preso na Lava Jato suspeito de integrar o esquema de lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, informou nesta sexta-feira (24) que o pai “não vai processar a União”.
“Ele confia na Justiça e não vai pedir nenhuma reparação”, disse à reportagem nesta sexta-feira (24) Adarico Negromonte Neto.
Reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta sexta informou que ele cogitava buscar uma reparação na Justiça por uma prisão que considerou injusta. A informação havia sido confirmada por outros familiares de Adarico, que não quis dar entrevista.
Irmão do ex-ministro Mário Negromonte, ele foi preso em novembro de 2014 e ficou quatro dias na cadeia. Na segunda (20), foi absolvido pelo juiz Sergio Moro por falta de prova de envolvimento nos crimes de pertinência à organização criminosa e de lavagem de dinheiro.
A ação que investigou Adarico transitará em julgado assim que for publicada a decisão.
Ele se entregou à polícia 11 dias após sua prisão ser decretada. No período, foi considerado foragido. Chegou à carceragem algemado e cercado de policiais federais.
Adarico afirmou que trabalhava como motorista de Youssef. Em depoimento antes de ser preso, disse que entregava “envelopes fechados” a mando do doleiro, mas que desconhecia o conteúdo.
Moro afirmou que, embora haja provas de que Adarico teria participação no grupo criminoso, ele tinha o papel de “subordinado, encarregando-se de transportar e distribuir dinheiro aos beneficiários dos pagamentos”.
O ex-ministro Mário Negromonte também é investigado na Lava Jato após ter sido citado nas delações de Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como uma das pessoas que recebeu recursos do esquema de corrupção na Petrobras. Ele nega as acusações.
INCONFORMADOS
A advogada, Joyce Roysen, diz que Adarico não foi orientado a tomar medidas judiciais de reparação de imediato. “Isso não é cogitado pela defesa. Mas pode ser uma visão pessoal da família que ficou muito abalada e inconformada ao ver uma pessoa querida ser presa”, afirmou.
Segundo ela, a absolvição foi justa e coerente: “Não havia provas ou evidências que levassem à conclusão de uma participação ativa dele”.
Ainda segundo familiares, apesar de “chateado” com o período de prisão, ele dizia ter certeza de que seria absolvido.”Ele sabia que estava sendo acusado injustamente”, disse um parente.
Mesmo fora da prisão, Adarico enfrenta restrições: não pode sair do país nem mudar de endereço sem autorização da Justiça. Estas normas devem ser suspensas quando a decisão for publicada e a ação transitar em julgado.
Pernambucano, Adarico mudou-se para São Paulo na juventude. Atualmente vive em Registro (SP), a 220 km da capital. Trabalhou com comércio, tinha uma casa lotérica. Hoje está aposentado.
Tem três filhos. Um deles, o advogado Adarico Negromonte Neto, ensaiou entrar para a política: lançou candidatura a vereador em Registro pelo PP em 2012, mas acabou renunciando à disputa. Neto também é comediante; ele imitava Silvio Santos no programa “Hermes e Renato”.