Mesmo com nova agressão, candidatos preveem Ida a debates

Estadão Conteúdo

O registro de novo episódio de violência na campanha para a Prefeitura de São Paulo durante um debate eleitoral não deve afetar a programação de encontros previstos até a votação em primeiro turno, no dia 6 de outubro. As campanhas dos principais candidatos confirmaram nesta terça, 24, presença nos próximos debates mesmo após um último evento ter sido marcado pela expulsão de Pablo Marçal (PRTB) e a agressão de um assessor seu a Duda Lima, marqueteiro do prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).

Marçal foi expulso na parte final do debate desta segunda-feira, 23, organizado pelo Flow Podcast, depois de atacar Nunes durante seus últimos segundos de fala. Em seguida, Nahuel Gomez Medina, assessor do candidato do PRTB, agrediu Lima com um soco no rosto. O marqueteiro foi levado ao hospital Albert Einstein, onde realizou exames e levou seis pontos em razão do corte no supercílio. Depois, ele se dirigiu à 16.ª Delegacia de Polícia para prestar depoimento (mais informações nesta página).

A agressão a Lima foi repudiada pelas campanhas adversárias, que, embora não cogitem solicitar a expulsão de Marçal do próximo debate – que será promovido no sábado pela TV Record -, têm instigado as emissoras a refletirem sobre a participação do influenciador. Além do evento programado pela Record no dia 28, a Folha de S.Paulo/UOL e a TV Globo promoverão debates na próxima semana.

A candidata do PSB, Tabata Amaral, disse, por meio de nota, que irá a todos os encontros e debaterá “com quem quer que seja”. Ela, porém, atribuiu às emissoras e veículos de comunicação que organizam os eventos a responsabilidade de avaliar a participação de Marçal.

“É necessário avaliar os motivos que levam a convidar um candidato que não debate propostas para a cidade, participa com a intenção de tumultuar e cujos requisitos legais não tornam a sua participação obrigatória. A confusão que ele causa é um método que só o favorece”, afirmou Tabata.

Em entrevista após sabatina na Associação Comercial de São Paulo, Nunes cobrou maior segurança nos debates e disse que as urnas darão o “troco” em Marçal. “Uma pessoa como essa não tem a menor condição de estar nesse processo e não veio para discutir proposta”, declarou o prefeito.

“Ele tem esse tipo de artifício para fazer recortes e colocar na internet. O que poderia ser feito? Sinceramente, é isso que a população está fazendo. A cada atitude dele como essa, aumenta a rejeição. Acho que o troco é na urna, para mostrar que a cidade de São Paulo é uma cidade civilizada”, disse Nunes, que publicou um vídeo no Instagram afirmando que o assessor de Marçal é “claramente uma pessoa desequilibrada e violenta”.

Nas imagens compartilhadas, Medina aparece confrontando adversários de forma agressiva nos bastidores do debate da TV Cultura, no dia 15 de setembro.

‘Me defendi’

Medina deixou a delegacia, onde também prestou depoimento, por volta das 4h50 de ontem e alegou ter agido em legítima defesa. Ele afirmou que, antes da agressão, Lima havia tentado tomar o celular de sua mão. “Foi com toda a força em mim. Enfiou a mão dentro da minha camisa. Jogou pra baixo. Dá pra ver, meu peito está todo vermelho. Jogou pra baixo o celular. E aí, naquele momento, eu só me defendi. Instintivamente, foi aquilo que aconteceu”, disse o assessor de Marçal.

Daniel Bialski, advogado que acompanhou o marqueteiro até a delegacia, afirmou que a versão de Medina não faz sentido, pois o episódio do desentendimento sobre o celular não teria sido simultâneo ao soco, mas ocorrido alguns minutos antes. Por isso, o assessor de Marçal figurou no boletim de ocorrência como autor, enquanto o de Nunes entrou como vítima. De acordo com o advogado, Lima solicitou medidas protetivas contra Medina que serão encaminhadas à Justiça.

‘Legítima defesa’

Antes do debate do Flow, o encontro organizado pela TV Cultura ficou marcado por uma cadeirada desferida pelo candidato do PSDB, José Luiz Datena, em Marçal. O candidato do PRTB havia insultado e provocado Datena com insinuações de que o tucano teria cometido abuso sexual.

O PSDB decidiu não expulsar o candidato após 41 filiados solicitarem ao partido a exclusão do jornalista. Segundo os signatários do documento, a agressão configurava uma infração às normas da sigla. “Somente com uma ação firme e clara contra esse tipo de comportamento poderemos preservar o legado de responsabilidade social, bom senso e equilíbrio que o PSDB sempre defendeu”, diz um trecho da petição.

A solicitação foi recusada pela Executiva municipal do partido na quinta-feira passada e oficializada anteontem. Segundo Guilherme Ruiz Neto, advogado do PSDB paulista, “se firmou o entendimento de que Datena agiu em legítima defesa para repelir a injusta agressão perpetrada por Pablo Marçal”. (COLABORARAM ADRIANA VICTORINO E JULIANO GALISI)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.