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Debate entre candidatos a prefeito de Curitiba na RPC: foi o último encontro antes da eleição do próximo domingo, 6 de outubro (Foto: Franklin de Freitas)

O último debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba, realizado na noite desta quinta-feira (3 de outubro) pela RPC, foi movimentado. Com as pesquisas mais recentes tendo mostrado um cenário aberto pela segunda posição do pleito, os postulantes à Prefeitura partiram para o tudo ou nada. E o que se viu no encontro, então, foi um verdadeiro ‘bang-bang’, com diversos embates mais frontais (mas sempre verbais) entre os candidatos e um atacando o outro sem muita ordenação.

Durante os enfrentamentos, Cristina Graeml (PMB) e Roberto Requião (Mobiliza) se uniram em diversas ocasiões para criticar os adversários de partidos maiores, especialmente Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB) e Ney Leprevost. Já Andrea Caldas (PSOL), Luizão Goulart (SD) e Maria Victoria (PP) acabaram ficando um pouco mais escondidos em meio a esse cenário mais “áspero”.

O debate, mediado pelo jornalista Wilson Soler, âncora do Boa Noite Paraná, ocorreu em quatro blocos. No primeiro e no terceiro, o tema da pergunta foi livre. Já no segundo e no quarto, abordaram-se temas elaborados pelo núcleo de eleição da emissora.

Dupla Graeml/Requião rouba a cena no primeiro bloco do debate

O primeiro bloco teve os dois candidatos de partidos menores, Cristina Graeml (PMB) e Roberto Requião (Mobiliza), aumentando o tom contra Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB) e Ney Leprevost. A denúncia de assédio eleitoral no âmbito da Prefeitura de Curitiba, que envolve servidores do município que teriam sido coagidos a fazer doações para a campanha de Pimentel, foi assunto recorrente.

A noite já começou com Pimentel questionando Ducci sobre transporte coletivo. A tentativa do primeiro era de dizer que as propostas do segundo seriam inviáveis. Mas Ducci tentou contornar a situação afirmando que os ônibus elétricos que Rafael Greca (do PSD e atual prefeito) e Pimentel pretendem comprar seriam mais caros do que suas propostas, citando ainda a possibilidade de parcerias com o governo federal para implementar o metrô e/ou o VLT na cidade.

O clima voltou a dar uma esquentada na terceira pergunta, de Graeml para Leprevost. A candidata, inicialmente, parecia fazer uma “dobradinha” com o outro candidato, perguntando sobre as denúncias de assédio eleitoral na Prefeitura. Mas Leprevost preferiu dizer que queria tratar disso diretamente com Pimentel e começou a tergiversar. Graeml não perdoou e criticou duramente, duma vez só, o deputado estadual e também o atual vice-prefeito da cidade.

Mais tarde, Roberto Requião apareceu para chamar Pimentel e Ducci de “meninos de luxo”, devido às suas campanhas milionárias. Além disso, também chamou de “extorsão” a denúncia de assédio eleitoral e, junto com Graeml, ainda criticou as filas em creches e na Saúde. “Se olha na televisão, parece que a Disney produz a propaganda dos rapazes. Meninos de luxo”, disse Requião sobre Ducci e Pimentel.

Pimentel responde críticas: “Tem mania de perseguição, mas o mundo não gira ao seu redor”

No começo do segundo bloco, Andrea Caldas (PSOL) começou questionando Pimentel sobre a população em situação de rua. Foi quando o candidato do PSD aproveitou para dizer que repudia todo tipo de assédio. Além disso, também defendeu que o caso noticiado nesta semana foi uma situação “isolada”. E mais: o atual vice-prefeito também comentou sobre Graeml. “Não esperava nada diferente da senhora Cristina Graeml. Tem feito isso [ataques contra Pimentel] nos últimos 15 dias com fake news e desinformação. E tem mania de perseguição, mas o mundo não gira ao seu redor”, disse ele.

Leprevost, na segunda pergunta, chamou Ducci. E convocou o adversário já o chamando de “candidato do PT, apoiado pelo PT, pela Gleisi”. O tema em foco era pavimentação de ruas, mas Ducci teve de dedicar um tempo para defender sua aliança com Goura Nataraj, do PDT e seu candidato a vice, e outras siglas (como PCdoB e PV, além do já citado PT).

Na sequência, Requião questionou Leprevost sobre fila de especialidades na Saúde. Um momento para os dois criticarem, juntos, Ducci e Pimentel.

E ainda antes do fim do bloco, outro momento curioso foi aquele em que Caldas analisou o debate até ali. “Está muito engraçado aqui, porque parece que tem uma disputa pra saber quem é o mais bolsonarista, aquele presidente felizmente inelegível, negacionista da ciência, negacionista da vacina, negacionista da questão climática. Mas tem outra competição que estou achando mais interessante: candidatos de direita, que sempre atacaram o serviço público, viraram os maiores defensores dos funcionários públicos. Então está tudo muito estranho nesse debate”, criticou.

Leprevost parte para cima de Ducci, que revida

No terceiro e penúltimo bloco, a improvável dobradinha entre Cristina Graeml e Roberto Requião se consolidou. Requião começou criticando a falta de espaço em debates até então na campanha e, se dirigindo à candidata do PMB, disse que o processo eleitoral de Curitiba se tornou uma farsa. Graeml, então, respondeu dizendo que também estava revoltada contra o “candidato do sistema”.

Depois, veio um embate entre Graeml e Ducci, com a candidata de direita se referindo ao adversário como o “candidato do presidente Lula”. O político do PSB, por sua vez, disse que o vice da candidata, Jairo Ferreira Filho, seria acusado de estelionato contra idosos. “Isso não é admissível, como também não é admissível um candidato buscar induzir funcionários a fazer doação para sua campanha com um jantar de R$ 3 mil para ir no Madalosso”.

Aproveitando o embalo, Leprevost tratou de subir o tom contra Ducci e suas alianças. Primeiro, perguntou como o rival administraria a Prefeitura com PT, PCdoB e o Partido Socialista (PSB). Depois, disse que Ducci e Goura até seriam boas figuras, mas que na eleição representariam uma espécie de “cavalo de troia do PT”. Ao que Ducci rebateu lembrando que o partido de Leprevost, o União, tem três ministérios no governo Lula.

Direito de resposta, retratação com provocação e Bolsonaro na pauta no último bloco do debate

O último bloco começou com Graeml ganhando o direito de resposta pela fala de Ducci sobre seu vice. Ela, então, defendeu Jairo Ferreira Filho, dizendo que ele não responde a nenhum processo por estelionato ou golpe financeiro e acusando Ducci de calúnia. O candidato do PSB se retratou na sequência, usando o fato de ser médico para justificar uma suposta confusão entre os termos “acusado” e “denunciado”. Mas insistiu, também, para os eleitores “darem um Google” no nome do candidato a vice da adversária para saber seu “histórico”, as acusações que pesariam contra ele.

Depois, Requião teve a oportunidade de se dirigir a Pimentel. E falou sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Bolsonaro, líder da sua candidatura, declarou que quer diminuir o estado e aumentar as privatizações”, disse Requião e perguntou se o candidato faria o mesmo em Curitiba. “Claro que vou continuar investindo na saúde de Curitiba”, garantiu Pimentel. E Requião usou a resposta do candidato do PSD para dizer que ele não tem funcionários públicos, pois contrata na área de saúde através da Feas, uma fundação. Pimentel disse que Requião estava enganado. “Admiro muito sua história e trajetória, mas agora é hora de seguir em frente”, completou Pimentel.

Já no fim do debate, antes das considerações finais, o derradeiro momento mais marcante foi de Luizão com Requião. Segundo o político do Solidariedade, Pimentel já teria escolhido um adversário para o segundo turno. “Ele quer o Ducci. Mas como o Ducci, que não conseguiu a reeleição [em 2012], atualmente vai ter mais condições de derrotar o Eduardo Pimentel?”, questionou Luizão, ao que Requião respondeu com a seguinte fala. “Só vamos conseguir transparência se nenhum dos dois que estão vinculados com negociatas partidárias ou esquemas empresariais locais chegar a ser prefeito de Curitiba.”