Pedágio volta a ser tema central da campanha no Paraná

Ratinho Jr defende novo modelo com ‘tarifa justa’; Requião propõe “manutenção”

Da Redação

Pedágio: TCU liberou licitação de dois lotes de rodovias do Paraná. (Franklin Freitas)

Vinte e cinco anos após ser implantado no Paraná, o pedágio voltou a ser um dos temas centrais da campanha para o governo do Estado nas eleições de 2022. Enquanto o governador e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD), defende o novo modelo proposto pelo governo federal, de concessão por menor tarifa com cobrança de um aporte financeiro para a garantia das obras, o candidato do PT, ex-governador Roberto Requião, propõe um pedágio de manutenção sem a participação de concessionárias. Já o candidato do PDT, Ricardo Gomyde, fala em um modelo próximo ao já adotado em estradas federais, com tarifa de até R$ 5.

O pedágio foi implantado no Paraná em 1997, na gestão de Jaime Lerner, e já no ano seguinte, quando o então governador foi buscar a reeleição, se tornou assunto decisivo na campanha. Pressionado por aliados que temiam a derrota, Lerner decretou um corte unilateral de 50% das tarifas durante a disputa, e acabou se reelegendo no primeiro turno por pequena diferença em relação a Requião, seu adversário. Passada a eleição, as tarifas voltaram ao valor original por força de decisão da Justiça, levando ainda ao adiamento ou cancelamento de obras previstas nos contratos originais.

Na campanha seguinte, em 2002, Requião foi eleito governador pela segunda vez governador com o discurso de “abaixa ou acaba” contra os pedágios. Eleito, Requião travou uma intensa disputa judicial com as concessionárias, mas não conseguiu abaixar e nem acabar com as concessões.

Os antigos contratos venceram em novembro do ano passado, e desde então, as cancelas estão abertas à espera da nova concessão, que ficou para 2023. Ratinho Jr, que inicialmente previa que o novo modelo resultaria em tarifas até 50% mais baratas, passou a afirmar em seu plano de governo para um novo mandato, que o foco será no “equilíbrio entre tarifas justas e obras necessárias”.

Segundo ele, a “expectativa é de diminuição dos valores em relação aos preços que eram praticados, com a garantia da realização de um grande pacote de obras”. O projeto de concessão prevê investimento de R$ 42 bilhões em 3,3 mil quilômetros de rodovias estaduais e federais. Pela nova proposta, haverá aumento de tarifa em 15 praças de pedágio.

Atraso

Os adversários do governador criticam o fato das novas concessões terem sido adiadas para 2023, após a eleição, afirmando que seria uma estratégia eleitoral para evitar o desgaste da implantação dos novos pedágios. A previsão inicial era de que o leilão das estradas ocorresse antes da saída das antigas concessionárias. Mas atrasos no cronograma da licitação postergaram a assinatura dos novos contratos, atualmente prevista apenas para o primeiro trimestre de 2023.

Requião propõe um “pedágio de manutenção” para custear serviços como ambulância, reboque e corte de mato. O ex-governador também tem apontado relatório da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar) que apontou erros no cálculo da tarifa cobrada pelas concessionárias, que teriam arrecadado indevidamente ao menos R$ 9,9 bilhões.