PMDB vive mais um dia de “guerra”

Bem Paraná

O PMDB do Paraná viveu ontem mais um dia de confronto interno aberto. Pela manhã, os dissidentes da legenda que não aceitam a candidatura do senador Roberto Requião ao governo conseguiram um mandado de reintegração de posse da sede do Diretório Estadual, em Curitiba, que havia sido ocupada no último sábado pelo grupo do ex-governador. À tarde, a assessoria de Requião divulgou documento assinado pelo presidente nacional do PMDB, Michel Temer, homologando a nova Executiva Estadual do partido, comandada pelo ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, aliado do senador.
No sábado, Requião ocupou a sede e com o apoio de 42 dos 71 integrantes do Diretório Estadual a antiga Executiva sob a acusação de infidelidade partidária por não apoiarem sua candidatura ao governo. Com isso, destituiu o presidente do PMDB do Paraná, deputado federal Osmar Serraglio e o secretário-geral do partido, o ex-governador Orlando Pessuti como secretário-geral. Os dois integram a ala que defendia o apoio do PMDB à reeleição do atual governador Beto Richa (PSDB), e foi derrotada na convenção do partido no último dia 20 de junho. A invasão da sede foi decidida pelo grupo do senador depois que Serraglio e Pessuti determinaram o fechamento do prédio, alegando luto pela morte do presidenciável Eduardo Campos (PSB).
Ontem, Serraglio e Pessuti conseguiram um mandado de reintegração de posse da sede do partido assinado pelo juiz substituto José Eduardo de Mello Leitão Salmon. Segundo o grupo dissidente, o juiz também teria concedido a anulação dos atos do Diretório que haviam dissolvido a Executiva anterior e nomeado um novo comando para a legenda no Paraná.
O assessor jurídico de Requião e ex-secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari contestou, afirmando que a reintegração de posse do imóvel não altera a mudança na Executiva do partido que foi destituída. Não tem o que se discutir, não vamos recorrer da reintegração porque é apenas uma questão a ser discutida e não altera a nova formação do partido, garantiu ele. De acordo com a ação encaminhada pelos dissidentes do PMDB, não há provas nos autos que comprovem que a Comissão Executiva do partido tenha sido dissolvida.
Já no final da tarde, a assessoria do candidato divulgou documento da Comissão Executiva Nacional do PMDB assinado por Michel Temer, homologando a dissolução do comando do partido e nomeando a nova Executiva. No texto, o dirigente afirma que em reunião extraordinária, a Comissão Executiva Nacional do PMDB ad referendum, acatou o pedido de registro na nova Executiva Estadual no Paraná, que conduzirá o partido até o término do mandato do atual Diretório Estadual.
A briga porém, não parou por aí. Serraglio reagiu alegando que o presidente nacional do partido não tinha conhecimento da decisão judicial em favor do grupo. E disse que por isso, a homologação da nova Executiva Estadual não tem validade. Conversei com o Temer e ele disse que não sabia dessa decisão judicial de hoje (ontem). Para mim, a decisão da Executiva Nacional não se sobrepõe a uma decisão da Justiça, avaliou o parlamentar.
Comando duplo — O fato é que o candidato do PMDB ao governo, senador Roberto Requião, entra no momento decisivo da campanha, quando começa a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, em guerra aberta contra o comando do próprio partido. E que pelo menos enquanto não se decida a disputa seja na Justiça, seja nas instâncias internas da legenda, o PMDB do Paraná chega na segunda metade do segundo mês da eleição com um comando duplo, dividido de um lado pelos dissidentes da legenda, e pelo grupo de Requião.
Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Nereu Moura, reclamava ontem da situação. Temos que ter maturidade para superar as divergências intrernas. Estamos jogando contra o próprio patrimônio, afirmou ele, classificando a situação como inédita e vergonhosa.